Nos contos de fadas,
é comum os personagens serem conhecidos pelo apelido e
não por nomes próprios.
Entre outras razões, isto ocorre porque não tendo
nomes, qualquer pessoa pode assumir o lugar e a história
deles.
A questão se dá porque não
é apenas nos contos de fadas que essa troca ocorre, sendo
que nem sempre é benévola.
Na vida real, há maior complexidade porque nem sempre a
"moral da história" é perceptível
à vida de nossas crianças e jovens.
No mundo da realidade, quando uma pessoa deixa de ter nome e passa a
ser conhecida por alguma outra citação, ela pode
estar em meio ao que chamamos de crise de identidade.
Esse transtorno é relativamente comum em jovens, pois eles
ainda estão em processo de desenvolvimento e, por isso,
ainda podem não compreender com clareza o que se passa
dentro de si.
As transformações ocorridas no período
da adolescência são, muitas vezes,
responsáveis por um verdadeiro caos na vida do jovem, bem
como na vida da família e dos envolvidos com ele.
Nós, enquanto professores, podemos traçar
metodologias para diminuir os impactos ruins sofridos pelo adolescente
(e pela sociedade em geral) durante o período dessas
transformações.
É conveniente esclarecer que o primeiro método de
combate a qualquer inadequação de comportamento
se dá, evidentemente, pela
identificação.
Esta, por sua vez, nem sempre é percebida pela
família, pois, numa atitude de autodefesa, muitos jovens
tendem a se isolar, a não tocar em assuntos
polêmicos, não se mostrando abertos a qualquer
tentativa de aproximação.
Contudo, não podemos desistir deles. Mesmo que essa fase
é tida como problemática, se não
houver intervenção madura e consciente, teremos
jovens "sem nome", sem identidade andando por aí, indo pela
cabeça de qualquer que se aproximar deles com ideias mais
"interessantes" daquelas que a sociedade costuma lhe apresentar.
Às vezes, essa fase começa bem cedo, ainda na
infância. Um exemplo bem simples disso é quando
somos "obrigados" a nos render aos impulsos de nossos filhos que
querem, a todo custo, se caracterizar completamente com algum artista
em evidência na mídia televisiva.
É como se eles deixassem de ser chamados pelos
próprios nomes e passassem a ser chamados pelo nome do
objeto idolatrado. Mas, não se engane, não
é apenas no estereótipo que eles se parecem.
É fácil perceber que o modo de se comportar
também se assemelha muito aos artistas que estão
sendo venerados por eles. Além disso, nem sempre esses
personagens artísticos são modelos adequados a
ser seguidos.
E os problemas não param por aí. Quando a
criança, adolescente ou jovem não se sente
incomodado ao ser tratado tal como se fosse o artista de quem copia seu
visual, vamos assim dizer, é indício forte de que
está havendo também perdas mais significativas.
No caso, quando nossos alunos ou filhos começam a viver num
mundo que não é deles, percebem, em algum tempo,
que as coisas não funcionam como nos contos de fadas, ou
seja, mesmo desejando uma vida muito diferente da que eles
têm e desejando experimentar a vida de uma determinada
celebridade, eles veem somadas constantes
insatisfações e frustrações
à própria história.
Neste ponto, o comportamento deles, provavelmente, já
está sendo conhecido como o “problema”.
Mas vamos enfatizar mais uma vez! Nós, professores e pais,
podemos ajudá-los a resolver boa parte desses
incômodos, os quais estão sendo causados por uma
identidade não bem-definida.
Portanto, é hora de começarmos um trabalho
baseado no diálogo e na troca de confidências,
até pelo fato de que nada é tão novo
assim para nós, uma vez que também já
vivemos fases semelhantes a essa, certamente, temos muito a contribuir
com nossos jovens alunos.
Vale dizer que nossa identidade é formada durante a vida
inteira a partir de situações que se nos
apresentam, além dos anos de vida que nos dão
experiências em diversas áreas.
Lembre-se que um diálogo é a conversa entre, pelo
menos, duas pessoas e, por isso, pense numa maneira de fazer com o
jovem, o adolescente ou até mesmo a criança fale
com você sobre as ansiedades que ele tem e,
também, quais os objetivos de vidas ele pensa e deseja
atingir.
Ao conseguirmos fazer com que eles falem conosco, diminuiremos os
riscos de aumentarmos o filtro afetivo deles.
Com o filtro mais baixo, eles não vão
interpretar nossas intervenções como
invasão de privacidade e, com isso, será muito
mais fácil os ajudarmos nesse momento tão
importante na vida deles, e (por que não?) nas nossas vidas
também.