Assaltaram a Gramática
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Perdendo o medo das nomenclaturas gramaticais - 02/04/2009
Alguns nomes complicados da gramática

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Há muitas nomenclaturas na gramática da língua portuguesa que assustam estudantes e quaisquer pessoas que desejam entender um pouco sobre a competência escrita desta língua.

Ora, não é preciso construir uma muralha de separação entre você e a gramática. Alguns a tem como desnecessária porque não entendem como transmiti-la para a oralidade, outros a tem como elitismo e assim por diante.

É intrigante perceber que em diversas situações não são transferidas à oralidade nenhuma porcentagem significativa decorrente de anos de estudos na segunda parte do ensino fundamental e da primeira do ensino médio.

Vários professores são abordados com perguntas sobre a aplicabilidade da análise sintática fora do campo da escrita, por exemplo. Aliás, o que vem a ser mesmo uma análise sintática?

Respondendo a esta indagação, analisamos sintaticamente todas as vezes que conseguimos identificar num período, ou seja, numa frase de sentido completo, os termos das orações (frases com verbo), no caso, as orações e os seus termos integram o que é chamado de período.

Como ninguém “sobrevive” no estudo da gramática sem exemplos, vamos exemplificar o que estamos dizendo:

Exemplos:

“As aulas já começaram.” – Isto é um período simples, simples porque só tem um verbo, o que o caracteriza como sendo apenas uma oração.

“As aulas já começaram, mas você ainda não sabia.” – Isto é um período composto, composto porque há dois verbos na oração, no caso, os verbos “começaram” e “sabia”.

A compreensão dos períodos simples e compostos, infelizmente não afasta um pouco da repulsa diante da seguinte nomenclatura: Oração coordenada sindética aditiva, adversativa, explicativa, alternativa e conclusiva.

Nossa! Que nomes enormes!

Calma, são apenas nomes grandes, mas não há nada de difícil no período composto por coordenação. Esse período é chamado assim simplesmente porque há composição, ou seja, este período é composto por orações independentes, e coordenação porque embora independentes, são coordenadas por algum fator, que podem ser alguns sinais de pontuação ou conjunções. Dentro do período composto por coordenação, há orações coordenadas assindéticas e sindéticas, que veremos mais abaixo.

Exemplos:

“Certamente ela desceu para este pomar, aventurou-se para junto da mata, ouviu cantar esses pássaros.” (Ruben Braga)

Percebem-se três frases com verbos, no caso, orações independentes:

1ª oração: Certamente ela desceu para este pomar.
2ª oração: Aventurou-se para junto da mata.
3ª oração: Ouviu cantar esses pássaros.

Bom, uma vez que conseguimos separar as orações que compõem um período, fica mais fácil saber o que são orações coordenadas assindéticas e sindéticas:

Assindéticas: Orações que não são separadas por conjunções, e sim, vírgulas.

Chegou, desceu do carro, entrou rapidamente na loja, saiu.

Sindéticas: São frases com verbos, ou seja, orações interligadas por conjunções, que podem ser: aditiva, adversativa, explicativa, alternativa, conclusiva.

Exemplos:

Aditiva: É só lembrar-nos da soma, uma oração somada à outra.

Estudo muito durante o dia e à noite trabalho.

No caso, a conjunção “e” somou e ligou a primeira oração (estudo muito durante o dia) com a segunda (à noite trabalho).

Adversativa: É só lembrar-nos de adversidade, uma oração sendo contrária ou oposta à outra.

Estudou muito o projeto, mas não foi aceito pelos representantes das empresas.

Explicativa: Como ocorre com as demais, o próprio nome é sugestivo, no caso, lembre-se de explicação, uma oração justificando à outra.

Não faltem à aula amanhã, pois vocês terão prova semestral.

No caso do exemplo, as orações coordenadas sindéticas explicativas (quanto nome!) também podem ser justificadas pelas conjunções: porque, que, porquanto e pois, quando antecedidas ao verbo.

Alternativa: É só lembrar-nos de alternâncias, uma oração dando ideia de escolha à outra.

Pare com esse barulho ou saia já daqui.

No caso do exemplo, as orações coordenadas sindéticas alternativas, também podem causar a ideia de escolha se separadas por: ora...ora, quer...quer, já...já.

Conclusiva: Ufa, chegamos ao final... É a mesma coisa que acontece às outras, é só associar ao significado do próprio nome, ou seja, de conclusiva só poderemos pensar em conclusão ou consequência.

Você bagunçou o semestre letivo inteiro, portanto, não tem o direito de reclamar de sua nota final.

No caso do exemplo, as orações coordenadas conclusivas, no lugar da conjunção “portanto” pode também ser usados: logo, por isso e pois, depois do verbo. Observe que nas explicativas, as conjunções vêm antes da forma verbal.

Sendo assim, os nomes podem assustar, mas a identificação de cada categoria não é difícil.

Para saber identificar orações, períodos se faz necessário conhecer algumas nomenclaturas gramaticais, e identificar componentes em orações de diversas ordens é ser competente em mais uma área da língua.

A oralidade deve ser respeitada e compreendida dentro dos mais diferenciados contextos, mas também devemos zelar pela competência escrita, uma vez que ela representa graficamente a oralidade.

Fonte: Estudos da língua portuguesa – Gramática/Douglas Tufano

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2 COMENTÁRIOS

1 Marina B.B -
ótimas as informações que podemos adquirir aqui,consegui achar tudo o que eu procurava.Esta tudo bem explicado de uma maneira bem simples que não faz nos confundirmos.Consegui aprender tudo o que vim procurar e acabei descobrindo mais coisa.Muito Obrigada.
13/05/2009 23:21:28


2 Leandro Aparecido dos Santos - Uraí PR
Caros mantenedores destes site, eu gostaria, sinceramente de saber em que planeta vocês estão para manterem uma coluna tão retrógrada quanto esta acerca de Língua Portuguesa? Como afirma o Prof. Dr. Marcos Bagno em diversas de suas obras, já faz mais de 100 anos que a Linguística surgiu, como ciência da linguagem, para superarmos o ensino da gramática tradicional, baseada em mitos e definições ultrapassadas. Gente, leia os PCN`S. Leia pelo menos umas duas ou três bibliografias sobre ensino de língua. Metalinguagem não é ensinar língua portuguesa, ou qualquer outra língua. Érika, onde você está cursando sua graduação??? Lá nunca ouviram falar de Magda Soares, Irandé Antunes, Marcos Bagno, Sírio Possenti, Rodolfo Ilari, Carlos Franchi, Celso Ferrarezi Jr, Círculo de Bakthin, Stella Maris BortoniRicardo, Maria Marta Pereira Scherre, Carlos Alberto Faraco, et cetera. Já escrevi outros emails para vocês, mas infelizmente não houve resposta ou contato, pois gostaria muito de poder discutir sobre o ensino de língua com vocês. Abraços. Leandro. Professor de Língua Portuguesa e Inglesa na Rede Pública do Estado do Paraná. P.s.: Érika, se achar interessante, deixo aqui uma sugestão, entre no site diaadia.pr.gov.br, clique na aba educadores, e vá no link diretrizes curriculares língua portuguesa.
06/04/2009 22:44:03


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