Planeta Educação

Assaltaram a Gramática

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Perdendo o medo das nomenclaturas gramaticais
Alguns nomes complicados da gramática

Há muitas nomenclaturas na gramática da língua portuguesa que assustam estudantes e quaisquer pessoas que desejam entender um pouco sobre a competência escrita desta língua.

Ora, não é preciso construir uma muralha de separação entre você e a gramática. Alguns a tem como desnecessária porque não entendem como transmiti-la para a oralidade, outros a tem como elitismo e assim por diante.

É intrigante perceber que em diversas situações não são transferidas à oralidade nenhuma porcentagem significativa decorrente de anos de estudos na segunda parte do ensino fundamental e da primeira do ensino médio.

Vários professores são abordados com perguntas sobre a aplicabilidade da análise sintática fora do campo da escrita, por exemplo. Aliás, o que vem a ser mesmo uma análise sintática?

Respondendo a esta indagação, analisamos sintaticamente todas as vezes que conseguimos identificar num período, ou seja, numa frase de sentido completo, os termos das orações (frases com verbo), no caso, as orações e os seus termos integram o que é chamado de período.

Como ninguém “sobrevive” no estudo da gramática sem exemplos, vamos exemplificar o que estamos dizendo:

Exemplos:

“As aulas já começaram.” – Isto é um período simples, simples porque só tem um verbo, o que o caracteriza como sendo apenas uma oração.

“As aulas já começaram, mas você ainda não sabia.” – Isto é um período composto, composto porque há dois verbos na oração, no caso, os verbos “começaram” e “sabia”.

A compreensão dos períodos simples e compostos, infelizmente não afasta um pouco da repulsa diante da seguinte nomenclatura: Oração coordenada sindética aditiva, adversativa, explicativa, alternativa e conclusiva.

Nossa! Que nomes enormes!

Calma, são apenas nomes grandes, mas não há nada de difícil no período composto por coordenação. Esse período é chamado assim simplesmente porque há composição, ou seja, este período é composto por orações independentes, e coordenação porque embora independentes, são coordenadas por algum fator, que podem ser alguns sinais de pontuação ou conjunções. Dentro do período composto por coordenação, há orações coordenadas assindéticas e sindéticas, que veremos mais abaixo.

Exemplos:

“Certamente ela desceu para este pomar, aventurou-se para junto da mata, ouviu cantar esses pássaros.” (Ruben Braga)

Percebem-se três frases com verbos, no caso, orações independentes:

1ª oração: Certamente ela desceu para este pomar.
2ª oração: Aventurou-se para junto da mata.
3ª oração: Ouviu cantar esses pássaros.

Bom, uma vez que conseguimos separar as orações que compõem um período, fica mais fácil saber o que são orações coordenadas assindéticas e sindéticas:

Assindéticas: Orações que não são separadas por conjunções, e sim, vírgulas.

Chegou, desceu do carro, entrou rapidamente na loja, saiu.

Sindéticas: São frases com verbos, ou seja, orações interligadas por conjunções, que podem ser: aditiva, adversativa, explicativa, alternativa, conclusiva.

Exemplos:

Aditiva: É só lembrar-nos da soma, uma oração somada à outra.

Estudo muito durante o dia e à noite trabalho.

No caso, a conjunção “e” somou e ligou a primeira oração (estudo muito durante o dia) com a segunda (à noite trabalho).

Adversativa: É só lembrar-nos de adversidade, uma oração sendo contrária ou oposta à outra.

Estudou muito o projeto, mas não foi aceito pelos representantes das empresas.

Explicativa: Como ocorre com as demais, o próprio nome é sugestivo, no caso, lembre-se de explicação, uma oração justificando à outra.

Não faltem à aula amanhã, pois vocês terão prova semestral.

No caso do exemplo, as orações coordenadas sindéticas explicativas (quanto nome!) também podem ser justificadas pelas conjunções: porque, que, porquanto e pois, quando antecedidas ao verbo.

Alternativa: É só lembrar-nos de alternâncias, uma oração dando ideia de escolha à outra.

Pare com esse barulho ou saia já daqui.

No caso do exemplo, as orações coordenadas sindéticas alternativas, também podem causar a ideia de escolha se separadas por: ora...ora, quer...quer, já...já.

Conclusiva: Ufa, chegamos ao final... É a mesma coisa que acontece às outras, é só associar ao significado do próprio nome, ou seja, de conclusiva só poderemos pensar em conclusão ou consequência.

Você bagunçou o semestre letivo inteiro, portanto, não tem o direito de reclamar de sua nota final.

No caso do exemplo, as orações coordenadas conclusivas, no lugar da conjunção “portanto” pode também ser usados: logo, por isso e pois, depois do verbo. Observe que nas explicativas, as conjunções vêm antes da forma verbal.

Sendo assim, os nomes podem assustar, mas a identificação de cada categoria não é difícil.

Para saber identificar orações, períodos se faz necessário conhecer algumas nomenclaturas gramaticais, e identificar componentes em orações de diversas ordens é ser competente em mais uma área da língua.

A oralidade deve ser respeitada e compreendida dentro dos mais diferenciados contextos, mas também devemos zelar pela competência escrita, uma vez que ela representa graficamente a oralidade.

Fonte: Estudos da língua portuguesa – Gramática/Douglas Tufano

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas