Quantos pensamentos passam pela sua cabeça por dia? - 16/08/2007
Coluna Ensino de Línguas
Antes de se falar em indisciplina em sala de aula, é importante primeiramente tentar entender quem são os alunos que temos atualmente e em que época eles vivem. Pare um pouco e reflita sobre esta afirmação: Você e seus alunos não tiveram o mesmo tipo de infância e, como conseqüência, o mesmo tipo de acesso às informações.
Um exemplo claro desta diferença é no procedimento para se obter uma foto. Há poucos anos atrás, nós tínhamos que ter a câmera, as pilhas, o filme fotográfico, levar para revelar e buscar depois de uma semana, três dias ou uma hora.
Hoje em dia, além das câmeras que são digitais, há a possibilidade de se tirar fotos com o celular... Basta o aluno ter um destes equipamentos que pronto! Lá está a foto! E se na hora ele não gostar, basta apertar um botão para apagar a imagem/ foto e tirar outra.
Você deve estar pensando o que este exemplo significa, não é mesmo? Significa que nós estamos numa nova era, a era das Tecnologias de Comunicação e Informação - TIC, e que, portanto, nossos alunos têm acesso à informação de uma maneira muito diferente da qual nós tivemos.
Nossos jovens são estimulados o tempo todo por imagens de televisão, cinema, internet, jogos eletrônicos, entre outros. Segundo Fernando Hernández (2007), uma pessoa recebe por dia tantas informações quanto um homem da Idade Média recebia em toda sua vida.
Imagine então, como pode um aluno ter paciência de ficar sentado numa cadeira, por aproximadamente 5 horas, prestando atenção no professor e fazendo exercícios em silêncio, sem conversas paralelas. Pense bem, você conseguiria?
Além da quantidade de informação que o
jovem recebe, existem as preocupações que geram
ansiedade. Augusto Cury (2003), afirma que as crianças,
adolescentes e até adultos são acometidos pela
Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), grande geradora de
ansiedade e que causa dependência constante de novos
estímulos e em maior quantidade.
Em função do excesso de estímulo recebido, principalmente da televisão, a qualidade e a velocidade do pensamento muda, causando a SPA. A cada hora, o cérebro recebe mais de sessenta personagens diferentes que, ficam registradas na memória. Como um professor pode competir com esta quantidade de informação que é processada na cabeça do aluno?
É preciso que um novo modelo de educação seja criado de modo que atinja os jovens de pensamento acelerado e ansiedade exagerada. Por isto, o antigo modelo pode não funcionar mais, visto que a velocidade de pensamento dos jovens de hoje é bem maior que dos de ontem. É preciso que pais e educadores sejam criativos e inovadores, lançando novas propostas de educação compatíveis com o novo contexto que estamos vivendo.
Então, antes de criticar a indisciplina de um aluno, procure entender um pouco sobre a realidade na qual ele vive e repense sua prática pedagógica. Se uma sala tem características diferentes de uma para outra, imagine de um aluno para outro.
É
um desafio constante para o professor conseguir fazer com que cada
aluno se interesse e aprenda seus conteúdos, mas como
fazê-lo se nem ao menos paramos para refletir quem
são nossos alunos, como eles aprendem e como são
as aulas?
Pense nisso, estude e mude! O primeiro passo quem dá é o próprio professor...
Artigo baseado na palestra: “Avaliação, um desafio permanente”, de Tânia Dias Queiroz (São José dos Campos, SP, Março de 2007) e no livro Pais brilhantes, professores fascinantes, Augusto Cury - Ed. Sextante, 2003.
1 Jose Bonezzi - Joinville
Uma escola que não revisa o material que coloca em seus sites perde credibilidade.
“Há poucos anos atrás, nós tínhamos que ter a câmera, as pilhas, o filme fotográfico, levar para revelar e...”
Se é há poucos anos, é claro que só pode ser “para trás”. Tem como ser há poucos anos adiante? Pleonasmo!
E depois esses professores fazem greve pedindo aumento de salário... eles fazem de conta que ensinam... os ‘patrões’ fazem de conta que pagam... e o povo segue analfabetizado, do jeito que grande parte dos governantes quer.
Quanto ao conteúdo do texto desprezada a observação acima, ele não é exatamente um primor, apesar de fazer referência a Augusto Cury, de quem sou leitor fiel. Ainda assim tem seus méritos. Entendo que o texto é falho porque não aborda todas as posibilidades, apontando dificuldades, criticando o sistema e ignorando alternativas para reverter a situação. Fui, em tempos idos, professor de uma turma de rebeldes irrecuporáveis. Eram tidos como o lixo do lixo, segundo conceito de alguns, visto tratarse de alunos provenientes de todas as escolas estaduais da cidade que, pelo antigo processo de promoção automática chegavam à 8ª série sem, nalguns casos, sequer saberem ler. Eram alunos que queriam nada com nada eram alunosproblema em suas respectivas escolas. Juntaram todos e colocaramnos numa única turma, numa única escola. As primeiras aulas foram horríveis e tudo o que se queria era `desitir`, mas isso era dar o braço a torcer, coisa que na cabeça de um jovem professor era inimaginável. Não demorou, conseguimos firmar acordos e, ao final do ano ninguém era capaz de dizer que aqueles adolescentes eram os mesmos que foram praticamente banidos de suas escolas de origem por não quererem estudar e ainda colocar em risco os colegas. Passados alguns anos, o aluno daquela turma mais mal colocado no mercado de trabalho ganhava, pelo relato dos prórios excolegas, o equivalente a 3 salários mínimos.
Então, ao invés de focar problemas aprendam a focar soluções e elas surgirão e os alunos deixarão de ser a `praga` que os impede de serem eficientes no que quer que se proponham fazer.
Onde está escrito que não posso inovar no meu método de repassar conhecimento?
O problema é que o que eu tento `ensinar` não pode estar em contraposição a como eu me posiciono, especialmente nos quesitos comportamento pessoal, respeito e responsabilidade.
E mais... quando no próprio site do MEC se vê: o governo cria mais 5 CAMPUS... como cobrar dos professores mais competência? Parece que esqueceram que o exemplo vem de cima! Se alguém não sabe afora, neste caso, o governo, claro, o plural de CAMPUS palavra latina é CAMPI. Pelo menos, era assim até a promulgação da `infeliz` Lei 12.605/12 assinada pela presidentA Dilma no último dia 3 de Abril, que tenta fazer que o errado passe a ser certo como forma de promover a equalização da estultice entre o povo brasileiro.... e somos nós mormente os professores que os colocamos lá!
Alguns dos comentários feitos ao texto e que figuram acima são muito interessantes e merecem leitura e reflexão.
11/07/2012 08:52:53
2 danielle - sao luis
adoreiiiiiiiiiiiiii o texto, principalmente porque teve como modelo a tese e augusto cury.
05/01/2012 10:10:05
3 Angela Vieira - Rio de Janeiro
Acabei de descobrir o Planeta Educação! E o achei mito interessante.
Vi o comentário da Lydia Veiga de Simone Lima e gostaria de entrar em contato com ela. Se Alguém aí puder me auxiliar ficarei grata. Acho que a conheci aqui no Rio, há anos atrás.
Muito obrigado.
Angela Vieira
10/05/2011 21:30:41
4 vera lucia precinotto - arapongas pr
eu gostei mto do artigo esta dentro da nossa realidade em sala.
23/08/2009 10:36:51
5 Marilene Alcantara - Rio de Janeiro
Realmente, estamos vivendo um tempo diferente,antes decifrávamos o código para ler,hoje se faz necessário que se reflita um pouco mais sobre a prática pedagógica,e sobre o que realmente interessa ao nosso aluno,´tão cheio de informações, e com tão pouco conhecimento.
Uma das maneiras,creio eu ,de conseguirmos fazer com que o nosso aluno nos dê um pouco de atenção, é tentarmos transformar em conhecimento, toda essa gama de infomação , pois creio, que se ele parou e leu, houve algum interesse sobre aquele assunto.
Outra coisa de fundamental importância,é o aluno saber que precisa ter responsabilidade, coisa que se tornou crime cobrar dos alunos, até mesmo daqueles mais velhos , já adolescentes.Hoje em dia,a escola está sendo cobrada por tudo,o professor precisa fazer o aluno aprender a todo custo,embora ele esteja em salas absurdamente cheias,onde conseguir falar está muito difícil.E. estas crianças que hoje não estão sendo cobrados, daqui a alguns anos, ou voltarão aos bancos das escolas tentando recuperar o tempo perdido,ou acharão que é muito tarde para recomeçar.Quando isso acontece, o sonho das nossas crianças se acabaram e nós sofremos as conseqüências de não termos conseguido o que sonhamos,pois estamos sozinhos .Onde está a família, que acredito, ser a viga mestra que deveria dar sustentação a uma sociedade sadia?
22/09/2007 21:50:02
6 Vera Regina Andrade Ferreira - Porto Alegre
O artigo faz uma reflexão sobre a realidade que nós conhecemos, tanto como professores, quanto como pais e usuários nós mesmos, por vezes. Mas na verdade, sou de opinião que precisamos diferenciar excesso de energia, ansiedade, como indisciplina e falta de respeito e educação. As duas primeiras, o professor tem como avaliar e adequar até mesmo um plano de aula para que as coisas se ajustem, mas os dois últimos casos, são da alçada da família, pais , tias, avós, ou quem quer que seja responsável pela educação da criança e do jovem. Lembrando, também, que se deixar para quando eles forem mais velhos, poisentão poderão "conversar" mais seriamente e cobrar do filho, será muito mais difícil. Quem cospe pela janela da escola na cabeça das pessoas que passam lá embaixo aos 10, fará o mesmo aos 15, e pior aos 25. Sejamos mais corentes como pais, eduquemos nossos filhos em casa, para que os professores possam ter a atenção e o respeito deles na escola.
12/09/2007 00:12:49
7 Maria Aparecida Soares - Japoatã-SE
o comentário é òtmo.Porém,como pode o corpo docente que se quer tem acesso a internet,passar informações que possa acompanhar a aceleração de informação aos discente.È muito fácil falar em ser CRIATIVO E INOVADOR quando na verdade é EDUCAÇÃO que nós temos hoje ñ é uma ecucação que não é CRIATIVA E NEM INOVADORA...é preciso mudar o ritmo na educação,para que possamos investimos melhor em uma verdadeira educação de QUALIDADE.
06/09/2007 12:34:05
8 Jenny Horta - Niterói
Até mesmo com as crianças em fase pré escolar já é difícil pois o professor tem que conhecer o mundo delas...são tantos super-heróis e uma infinidade de pequenos sonhos que penso que precisamos conhecer essa realidade...vejo todos os filmes e desenhos infantis possíveis para compartilhar as idéias deste imenso universo infantil! Á partir daí entro com os projetos...e eles ficam muito mais interessados quando partimos da realidade deles!
29/08/2007 01:38:57
9 lydia veiga de simone lima - Natal
é muito dificil o relacionamento professor/aluno indisciplinado, não é que o docente não tente entender a situação do aluno, mas sim por não ter tempo para aprimorar suas idéias, pois sabe-se que todo prof. tem mais do que um emprego pelos salários baixissimos que recebe e a falta de incentivo.
24/08/2007 17:54:03
10 Polyanna - taguatinga/df
Este artigo é bom mas, e necessario fazer um estudo mais aprofudado da conduta do professor....
24/08/2007 10:16:57
11 Graeme Hodgson - Brasília
As Director of English Language Programmes with the British Council in Brazil, I was very glad to see the efforts of Planeta Educação towards developing English Language Teachers in Brazil. Congrtulations to Camila too... interesting article. Very soon I hope to announce a workshop by Paul Seligson on Classroom Management, to be given at APLIESP on 29 September and also later by videoconference.
Bom trabalho a todos!
22/08/2007 12:23:31
12 rayanne - natal
concordo plenamente.
19/08/2007 23:45:38
13 Elian Maria Bantim Sousa - Coelho Neto-MA
Realmente é um artigo condizente com nossa realidade de educador. Encontramos os mais variados tipos de alunos, cada um com sua individualidade, com sua característica própria, pois cada ser humano é único e insubstituível. Confesso que passo por momentos como estes, leciono na 5ª série, turno vespertino. Nesta etapa os alunos estão numa fase de descobertas, são ativos ao extremo e como bem foi relatado, não tem como eles permanecerem todo o horário de aula como seres robotizados, sem contar que por trás de cada um deles existe uma história. Modéstia à parte, e não querendo parecer a "salvadora da pátria", mas sou convicta em dizer que tenho um relacionamento aberto com meus alunos, entendo-os na medida do possível, compartilho suas histórias de vida, partilha essa essencial para entender o que se passa em suas cabecinhas e assim conquistá-los para um novo mundo, o mundo do saber com sabores e não um saber que impõe regras punitivas e falhas. Se proceder dessa forma estarei afastando-os cada vez mais de mim e das minhas aulas, e o que desejo é a ajuda e a participação de todos, a fim tornar meu trabalho gratificante e atrativo, pois não aceito em minhas aulas espectadores passivos e sim espectadores ativos e construtores da sua própria história de vida, prontos para enfrentarem o mundo com passos bem firmes
Um abraço. Elian Maria Bantim Sousa
17/08/2007 12:00:05
Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.