Carpe Diem
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O mundo em nossas mãos - 17/05/2007
Coluna Carpe Diem

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Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer

Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

 

Música e letra de Gilberto Gil
Cantor, Compositor e Ministro da Cultura do Brasil

 

Com Toquinho viajamos numa folha de papel. Curtimos as cores do arco-iris. Pintamos e desenhamos com giz de cera ou lápis de cor. Usamos nossas mãos numa grande e deliciosa brincadeira. A “aquarela” nos permitia fazer o mundo do jeito como queríamos que ele fosse. Subvertíamos a ordem tornando as árvores vermelhas, azuis ou negras; Mudávamos o formato das casas onde vivíamos – superando os quadrados e retângulos predominantes para em seus lugares estabelecer círculos ou formas novas e desconexas; Tínhamos o universo em nossas mãos e éramos como verdadeiros imperadores regulando o seu destino em alvas folhas de papel...

Gil, por sua vez, nos colocou diante de uma outra “folha de papel”, não mais branca e nem tampouco de material palpável... O universo está diante de nós, dessa vez, através da internet e das redes que nos são disponibilizadas pela mesma.

Mas como na doce e suave letra de “Aquarela”, há muito espaço livre no mundo virtual para que possamos construir a realidade com a qual sonhamos. Pelas trilhas da rede mundial de computadores, podemos também criar um universo colorido, com os mais variados tons, amplificando nossas vozes para que possamos nos mostrar presentes e atuantes, colaborando para que o debate mundial igualmente conte com a nossa palavra.

Nos tornamos cidadãos da galáxia da internet e adentramos o espaço virtual sem que tenhamos perdido as conexões que nos ligam a terra, ao que nos é próximo e sensível. Pelo menos temos que ter essa consciência, para que não sejamos apenas “avatares”, “andróides”, “robôs” ou “replicantes” – que não conseguem viver sem os estímulos elétricos que movem as plataformas virtuais...

Podemos circular pelos quatro cantos do mundo a qualquer momento. E para onde estamos indo quando viajamos pelos confins da Web? Nova Iorque e Londres? Calcutá e Pequim? São Paulo e Buenos Aires? Ou selecionamos de uma forma ainda mais criteriosa para que possamos ir a espaços muito específicos como o Museu do Louvre, o Monte Fuji, o teatro de Sidney ou o Sítio do Pica-Pau Amarelo?

Estamos lendo Shakespeare e Machado de Assis pela rede? Apreciamos as obras de Monet e Van Gogh no mundo virtual? Escutamos as músicas de Vivaldi e Wagner? Assistimos os filmes de Kurosawa ou Glauber? Conversamos com amigos japoneses ou alemães através das ferramentas que nos foram proporcionadas pelo avanço tecnológico? Participamos de atividades pela internet que nos permitam ajudar aos mais necessitados?

O que estamos fazendo através da rede mundial de computadores para que o mundo seja mais justo, digno e ético? Se gastamos mais tempo em sites de relacionamento ou em jogos virtuais, será que colaboramos realmente para que as coisas melhorem? Se escrevemos apenas banalidades e enchemos o espaço de blogs, sites e comunicadores instantâneos com informações ou dados que nada acrescentam a ciência, as artes e a cultura em geral – será que estamos conscientes de quanto tempo estamos perdendo na luta contra mazelas como a destruição do meio-ambiente, a fome, a pobreza, o analfabetismo ou as epidemias?

Criar websites, fazer homepages e usar gygabites para fazer jangadas e barcos que velejem através da internet em busca de respostas, propostas, idéias e soluções para os problemas da humanidade ao mesmo tempo em que geram alegria e capacidade de superação de nossas angústias, medos e inseguranças deve ser o nosso foco. No espaço virtual temos o mundo no horizonte e, em nossas mãos, o seu destino...

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas
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7 COMENTÁRIOS

1 cqJpoHBxP - ZbCexbwyhjkioNN
I am always excited to visit this blog in the evenings.Please churning hold the contents. It is very entertaining.
22/09/2010 13:13:20


2 Rosa - Caçapava-SP
Faço dos comentários dos colegas as minhas palavras e agradeço Prof° João Luis pelo trabalho maravilhoso. As tecnologias estão disponiveis e elas nos proporcionam a oportunidade de navegar por mares desconhecidos, então vejo que os docentes, agora mais do que nunca devem se posicionar com firmeza ao leme e indicar as direções, o ponto de partida e de chegada neste grande "infomar".
28/08/2007 22:39:25


3 Jenny Horta - Niterói
Num momento em que a mídia em geral vem tentando deturpar os caminhos e alternativas do uso da internet com críticas e mais críticas, sua interpretação é curiosamente adequadíssima... Como acredito que nada neste mundo é por acaso...Parabéns!
14/08/2007 16:02:50


4 MARCILENE LEÃO DO AMARAL - ji-parana (RO)
Simplesmente de mais esta viagem com o Gil pela web. Não sei se ele é fera no pc, mais pela letra da pra entender que ele manja um bocado.E olha que a musica não é tão atual.
14/08/2007 15:54:21


5 Alexandre Celestino de Abreu - SJCampos - SP
Muito bom este artigo!!!
31/05/2007 15:09:32


6 Lariela - São José do Rio Preto
Cinco estrelas!!!!! É isso mesmo, a grande porta para o mundo está aberta, no entanto, em meio a tantas possibilidades de comunicação e expressão, o acesso de muitos fica resumido em alimentar o próprio ego, a própria vaidade. Numa cultura do "Panis et circenses" virtual, na qual o "pior" é "melhor". De que adianta a evolução tecnológica, sem usuários que saibam utilizá-las como instrumento de transformação humana, não é mesmo? O nosso "admirável mundo novo" não deve se resumir a uma arena de imbecis cibernéticos, de maníacos e de bandidos, mas ser instrumento de esclarecimento e de evolução humana.
30/05/2007 11:50:18


7 Elian Maria Bantim Sousa - Coelho Neto-MA
Particularmente avalio este artigo com cinco estrelas. É belíssimo e muito significativo. Infelizmente o mundo virtual está desvirtuado (quis fazer um trocadilho), pois usa-se este meio tão precioso, na maioria das vezes, para corromper. Corromper principalmente os jovens, e alguns, na sua imaturidade, entram na ciranda da pobreza mental. O mundo virtual tornou-se uma necessidade na vida do ser humano, é enriquecedor e a um click estamos conectados com o mundo inteiro. Isso nos faz perceber quão grande é capacidade e inteligência humana. Diga-se de passagem este site que acabei de descobrir. Parabéns pelo site e pelo artigo. Profa. Elian Bantim
27/05/2007 19:47:14


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