Metodologias ativas: Aprender fazendo e ensinando - 09/05/2017
João Luís de Almeida Machado
O que eu ouço, eu esqueço; O que eu ouço e vejo, eu me lembro; O que eu ouço, vejo e pergunto ou discuto, eu começo a compreender; O que eu ouço, vejo, discuto e faço, eu aprendo desenvolvendo conhecimento e habilidade; O que eu ensino para alguém, eu domino com maestria. (Mel Sielberman)
Pare e pense a respeito do que você aprendeu ao longo de toda a sua vida. Dos saberes acadêmicos a todos aqueles que são provenientes de seu cotidiano. De conceitos abstratos relacionados aos seus estudos e prática profissional a coisas simples, como fazer um bolo, trocar o pneu do carro ou escovar os dentes.
O que se consolida como aprendizado com maior facilidade é, quase sempre, aquilo que é pautado num contato mais amplo, em que mais sentidos são utilizados, no qual há algum tipo de fazer ou produzir relacionado.
Jovens que vão para universidade, por exemplo, podem não ter conhecimentos básicos relacionados a organização de sua moradia se não foram ensinados ou orientados para isso pelos próprios pais.
Pegar metrô ou ônibus numa metrópole para quem viveu sempre em cidades pequenas nas quais o deslocamento quase sempre foi feito a pé ou de bicicleta é igualmente um desafio a ser superado que necessita aprendizado e experiências para que se consolide.
Nadar, jogar vôlei, ler, utilizar planilhas no computador ou mesmo lavar as mãos antes das refeições e, com isso, evitar doenças, são também, ações simples ou elaboradas que demandam estudo, aplicação ou a prática para que sejam corporificadas pelas pessoas.
Pesquisas realizadas por Mel Sielberman, estudioso norte-americano, falecido precocemente em 2010, indicam o caminho da aprendizagem, como se pode ver nas palavras dele que abrem este texto, em metodologias ativas, ou seja, que não se restringem a ouvir passivamente, a repetir o que está sendo proferido em aulas pelos professores, a estudar em moldes tradicionais. É preciso colocar a mão na massa, aprender usando todos os meios disponíveis, em especial, construindo (de fato) o saber por meio de projetos que tenham sentido e que conectem o educando a realidade que o cerca. Trata-se, portanto, de um saber significativo, que engaja os participantes ao propor que leiam, estudem, participem de aulas e que, com tudo isso, angariem informações para compor suas ações e realizações em projetos.
Sielberman, em suas proposições, parte do princípio que o ser humano retém, do conhecimento que lhe é acessível por meio de aulas, somente 5% do que é proferido pelo professor; a leitura, por sua vez, lhe permite compor novos conhecimentos numa base equivalente a 10%; recursos audiovisuais aumentam este índice para 20%; se as demonstrações são utilizadas o aprendizado sobe para 30%; Grupos de discussão ampliam esta possibilidade para 50%; ações de caráter prático consolidam os saberes em um nível alto, na faixa dos 75%; se além disso o aprendente ainda se dispõe a ensinar outras pessoas, ele pode atingir até 80% de todo o conhecimento a que tem acesso neste processo.
É neste sentido que os estudos na área se ampliam e definem, para escolas inovadoras, caminhos a serem percorridos com base na metodologia de projetos, no uso de tecnologias educacionais a partir do ensino híbrido ou da sala de aula invertida, em ações nas quais os alunos atuem como monitores ou orientadores, no pareamento de estudantes para que possam se ajudar mutuamente e tantas outras ações.
Iniciativas como aquelas desenvolvidas por instituições de ensino como o High School High (Clique no nome da escola para assistir vídeo do Canal Futura sobre suas iniciativas), localizada na Califórnia, nos Estados Unidos, mobilizam os alunos, geram empatia, diminuem ou praticamente anulam os casos de bullying, fazem com que os alunos se engajem de fato em seu aprendizado, quebram as paredes das salas de aula e a monotonia dos currículos com ações inovadoras baseadas em metodologias ativas.
Estas práticas ainda são novas, mas já se espalham em escolas de diferentes níveis e segmentos, em países distintos, deixando de ser apenas experimentais para se tornarem a tônica, ou seja, o mantra a ser seguido por educadores, estudantes e pela comunidade atendida por estas instituições de ensino. Aprender pode e deve ser significativo, lúdico, interessante e, certamente, como já preconizava o educador americano John Dewey, muito tempo antes destas teorias surgirem, demanda que os envolvidos coloquem a mão na massa para que, de fato, aprendam.
# Home Office, AVA e EAD: o novo mundo do trabalho e estudo
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