Educação Profissional
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Semana de Planejamento: Proponha um ano de desafios para si e para seus alunos - 26/01/2016
João Luís de Almeida Machado

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mesa com óculos, agenda de planejamento e alguns objetos de escritório

Faltam alguns dias para as aulas começarem. O novo ano letivo que se inicia é momento importante para que as escolas possam rever procedimentos, recepcionar novos docentes, definir parâmetros de trabalho, consolidar seu projeto político pedagógico, pensar propostas para avaliação diferenciada, apresentar novidades relacionadas a recursos, preparar a recepção para os alunos...

É claro que tudo isso já está sendo pensado e repensado desde o ano anterior. Ações a serem implementadas no ano que começa são decorrências daquilo que ocorreu no ano anterior e que, por conta de suas repercussões, positivas ou negativas, pedem aos gestores que busquem soluções ou continuidade com melhorias.

Depois de 2 meses de atividade focada em manutenção da escola, matrículas, visitas de pais ao espaço escolar para conhecer, férias para professores e funcionários, festas de final de ano (entre as quais as formaturas) e algumas necessárias mudanças no quadro de profissionais que atuam na instituição, os mantenedores, diretores e coordenadores retornam aos planos previamente traçados e conferem seus calendários, listas de alunos, compromissos letivos, atendimentos específicos para que possam delinear os passos de todos.

O retorno dos professores, normalmente na semana que antecede o reinício das aulas, tem como foco o planejamento pedagógico.

Este momento é especialíssimo e deveras importante. Por ele se prenunciam as intenções, ou seja, é criado um documento por cada docente que deve estar, primeiramente, em sintonia com a filosofia da escola e com os parâmetros curriculares nacionais para os segmentos e anos letivos atendidos por cada professor.

Esta carta de intenções não pode, no entanto, ser apenas um documento protocolar, criado para responder a uma demanda burocrática do estado.

Não deve, também, apenas listar conteúdo, intenções de temas que serão propostos para o trabalho com os alunos no ano que se inicia.

Também não é possível que se repliquem documentos de um ano para o outro, sem a necessária reflexão sobre o que ocorreu no ano anterior ou a consideração específica dos grupos vindouros e suas especificidades.

Qualquer plano que se preze deve ser, necessariamente, adequado as novas turmas de alunos, alinhado com a linha de pensamento e ação da escola, socialmente compromissado quanto aos resultados que se propõe atingir para a formação de alunos que atuem eticamente e que assumam sua cidadania, alinhado com o contexto em que vivemos (regional, nacional e global), significativo para alunos e professores (assim como para todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, o que inclui também as famílias, os gestores e os demais funcionários das escolas) e, é claro, tendo em vista sempre o desenvolvimento cultural, social e emocional dos envolvidos, em especial os educandos, é claro.

Não é mais admissível que as escolas simplesmente recepcionem seus professores com um comitê de boas-vindas, café reforçado, requisitando deles somente que compareçam e entreguem os documentos pedidos oficialmente pelas autoridades.

Os docentes devem vivenciar de fato a semana de planejamento pois que, desta ação depende todo o ano e, em particular, a evolução de seus alunos.

Neste sentido compete a direção e coordenação desde o princípio requisitar que as reuniões de planejamento oportunizem o surgimento de documentos consistentes.

As diretrizes, nestes encontros, precisam então ser previamente trabalhadas pelos gestores, através de reuniões, oficinas e palestras nas quais pontuem os pilares e as metas da escola, a forma como o trabalho deve ser realizado, os resultados que querem que sejam atingidos para o ano letivo que se inicia.

A proposição de projetos, o debate com o grupo quanto a quais serão as prioridades, os modos específicos que serão estipulados para se atingir tais objetivos, os materiais necessários e tudo o que fizer parte deste caminho deve ser apresentado e realizado pelos gestores tendo sempre como foco a colaboração do corpo docente e dos funcionários para que o plano geral de ação da escola se consolide.

As metas, por exemplo, devem ser sempre plausíveis. Se há, no horizonte, a ideia de instalar melhorias nas áreas específicas de língua estrangeira e educação física, com a incorporação de práticas como aulas de inglês ou espanhol por nível e não por seriação ou faixa etária e se a escola pretende criar times esportivos, a partir de escolinhas de futsal, vôlei ou basquete, o engajamento não deve ser somente dos profissionais destas áreas, mas de todos e, deve haver um consenso quanto a ideia de que os resultados virão não a curto prazo, mas a médio ou longo prazos.

Confiar, compartilhar, dividir expectativas, ouvir o outro para com ele aprender e, então colocar no papel o planejamento é algo que se espera para as atividades nesta semana inicial de trabalhos nas escolas.

Dividir por áreas ou por séries os trabalhos, algo já corriqueiro nas escolas, ação que junta, por exemplo, professores do ensino fundamental 2 e os divide em grupos nos quais há os docentes de matemática ou de história a discutir ações para o ano letivo são interessantes, mas rever esta postura e tentar costurar ação mais multidisciplinar, mesclando grupos que atendem diferentes faixas etárias e que atuam em áreas do conhecimento diversas, como história e química, ou língua portuguesa e física, podem propiciar ganhos pois permitem ver e rever procedimentos a luz da ação de outros personagens e práticas.

A escola, na semana de planejamento, deve estimular o intercâmbio, a criação, o estudo dos documentos, a proposição não apenas de conteúdo – mas, também de procedimentos e de um necessário trabalho atitudinal.

Estamos ainda um pouco distantes disso tudo, mas o que se espera é que o planejamento seja tão vivo e intenso, desafiador e estimulante para os professores e gestores, quanto cada aula a ser realizada deve ser para os alunos.

O desafio do conhecimento a ser construído começa neste ponto de partida e, se ele for apenas mais do mesmo, que esperanças de fato existirão para que o ano novo a se iniciar nas escolas será mais rico, interessante, instigante e desafiador para as escolas?

Coloque-se no lugar de seus alunos ao realizar seu planejamento, ou seja, se pergunte se as aulas que você está propondo realmente irão fazer com que você se interesse, participe e, preferencialmente, que até mesmo vibre com o que terá pela frente. Este pode ser um bom questionamento para iniciar os trabalhos que terá pela frente na semana de planejamento. E um ótimo ano para todos!



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