Educação Profissional
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Mandar e Comandar: As diferenças entre líderes e chefes - 08/01/2016
João Luís de Almeida Machado

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boneco representando um líder

"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo. Ande ao meu lado para podermos caminhar juntos". (Provérbio indígena, da tribo Ute)

“Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros”. (Gandhi)

Há homens e mulheres que inspiram a ação de tantos outros e, por isso, comandam, lideram, estão a frente pela confiança e credibilidade que transmitem.

Há homens e mulheres que assumem cargos, crescem na hierarquia de empresas ou governos, mas que, apesar da teórica liderança que exercem, baseiam seu poder na rédea curta, na força bruta ou, literalmente, no grito.

As duas fórmulas se alternam com híbridos em que características de um ou de outro se mesclam a formar modelos alternativos em que um ou outro estilo de liderança são maquiados, disfarçados.

No fundo é possível perceber que a relação com o poder é delicada para a maioria dos homens. Inebriados pela ascendência que passam a ter quanto aos demais, muitos sucumbem e demonstram, de fato, quem são, como pensam e agem, deixando a mostra que somente havia antes a lhes encobrir e falsear uma pele de cordeiro, sob a qual as garras afiadas e os dentes cortantes aguardavam apenas o momento certo de atacar.

O poder corrompe, de fato, pelas benesses a ele associadas e pela forma como as pessoas se vendem para que possam ter tudo o que sempre sonharam. Os ideais que um dia os motivaram são perdidos ao longo do caminho. Não basta sobreviver, é preciso viver em alto estilo, de forma luxuosa, custe o que custar, sem se prestar a qualquer tipo de arrependimento ou escrúpulos.

Fortunas já foram feitas desta forma e isso, por si só, justifica a lei do mais forte e a tese de que é preciso “ter sangue nos olhos” e, acrescentaria, nas mãos também, para se atingir o sucesso, a realização, a riqueza, a fama, a fortuna e o poder.

Creio que todo mundo já trabalhou com algum homem ou mulher assim, que se precisar “vende a mãe”, “passa por cima”, “atropela” e “varre a sujeira para baixo do tapete” ou “manda ocultar os cadáveres”.

Ninguém, em sã consciência, sente saudades de gente assim. Eles, tampouco, se importam com isso, pois sentimentos são demasiado humanos para que eles possam desfrutar disso ou de algo semelhante. Para quem carrega no peito alguma fé, cabe apenas rezar por suas almas e pedir a Deus que lhes permita em algum momento superar seus desmandos, bravatas e tudo de mal que carregam dentro de si.

Aqueles que comandam, ou seja, que compartilham a liderança com as pessoas com as quais trabalham ou lutam por causas justas, por sua vez, não precisam dar murros na mesa, falar alto demais e humilhar as pessoas a eles subordinadas perante os demais, agir de forma truculenta e arrogante para se impor.

Não são cordeirinhos. São obstinados e sabem o que querem. Carregam em si as missões que lhes competem e lutam para executá-las até o fim. São competitivos e fazem com que seus times igualmente pensem e ajam desta forma. Estimulam o movimento de todos rumo ao crescimento sustentado, baseado em princípios sólidos, em comportamento ético, em valores morais claros e no firme propósito de sempre fazer o melhor.

São, como todos nós, fadados ao erro. Diferentemente daqueles que mandam, que atribuem as falhas a seus subordinados, isentando-se de qualquer responsabilidade, as pessoas que comandam, ainda que saibam da responsabilidade de todos ou de algumas pessoas em particular por problemas ou erros em suas ações, assumem seus atos e orientam aqueles que precisam rever, corrigir ou melhorar seu desempenho.

O diálogo é a principal ferramenta daqueles que comandam. A palavra é pensada e proposta de forma articulada com suas ações. Não basta dizer o que deve ser feito é preciso demonstrar, saber e, pelo exemplo pessoal, realizar. Enquanto os que mandam pensam que gritos e expressões de força ativam as pessoas, no que estão redondamente enganados, líderes que comandam falam de forma pausada, baseada em pensamentos consolidados e argumentos sólidos que não constituem a resposta única ou a sabedoria suprema. Partem do princípio que é preciso, igualmente, saber ouvir e que, muitas vezes as melhores soluções surgem do diálogo a

Quem manda tem medo da própria sombra. Se assusta e tende a sufocar o talento alheio. Quer controlar tudo de forma obsessiva.

Quem comanda reconhece, valoriza, estimula e fomenta o surgimento de equipes com pessoas qualificadas. Não se sente intimidado pela presença de talentos, pelo contrário, aprende e ensina neste contato tão enriquecedor.

A liderança é, certamente, a pedra de toque para que qualquer empreendimento tenha sucesso. Neste sentido é preciso identificar e estimular o surgimento de pessoas que comandem e não daquelas que querem somente mandar nos outros. Os autênticos líderes sabem que precisam constantemente aprender e, por isso, estudar e viver novas experiências é, para eles, tão essencial quanto respirar. Tal forma de pensar e agir, do ponto de vista daqueles que comandam, não deve se restringir a sua própria prática e, por isso, é passado adiante, como algo que todos em suas equipes, devam vivenciar.



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