O
cinema é arte, meio de comunicação de
massa e, sobretudo, meio de educação de massa.
O que isso significa? Significa que o cinema cumpre o papel de
não apenas materializar uma linguagem que sugira, que
movimente os elementos gramaticais do cinema para cumprir um efeito
prazeroso aos sentidos, nem que o cinema é uma tecnologia
que vise plasmar os gostos visuais.
O cinema é tudo isso, mas é pricipalmente um
discurso que textualiza valores e ideologias e, por conta disso, tem o
propósito de persuadir o espectador para que mude o seu
comportamento em atendimento a uma dinâmica dentro do tecido
social.
A palavra "educar", segundo o diconário de Houaiss (2009),
significa:
1. Dar a (alguém) todos os cuidados necessários
ao pleno desenvolvimento de sua personalidade; transmitir saber a.
2. Dar ensino a; instruir.
3. Fazer (o animal) obedecer; domesticar, domar.
4. Aclimar.
5. Procurar atingir um alto grau de desenvolvimento espiritual;
cultivar-se, aperfeiçoar-se.
Com isso, podemos dizer que o cinema educa porque possibilita o
desenvolvimento da personalidade, transmite saber, domestica e
aperfeiçoa a sensibilidade e a
cognição de mulheres e homens com um alcance
massificador.
A escolha de um filme, portanto, é extremamente importante
para a formação dos alunos, pois o seu uso,
pertinente ao grupo escolar, ajuda enormemente a potencializar as
operação mentais para a
construção do conhecimento e para uma
reflexão mais crítica da experiência
sociocultural dos sujeitos.
Se o cinema comercial atrai tantos alunos para as salas de cinema, cabe
ao professor trazer para a sala de aula esses filmes para identificar,
juntamente com os alunos, os aspectos que provocam a adesão
do público e se esses aspectos são apenas
transportadores ou se eles sedimentam visões que venham
interferir nas relações interpessoais.
Questões como: até que ponto os filmes de
ação funcionam apenas como condutor de
agressividade? Eles não cumpririam a
função de retroalimentar essa agressividade?
O cinema, portanto, pode ser arte, meio de
comunicação e educação de
massas, o que o torna valioso nas aulas de qualquer disciplina.
É importante que acompanhemos os filmes que hoje
são feitos para o público infantil e adolescente
para vermos os valores ali veiculados, mas, também, para
percebemos as contradições e ambiguidades.
Muitos desses filmes tentam manter uma estrutura falocêntrica
de poder, mas não conseguem sustentar o poder unidirecional
em toda a narrativa. Ou então, seus idealizadores podem
querer mostrar a complexidade que envolve as
relações de poder e terminam desenhando uma
narrativa unidirecional apologética à
força bruta.
Em Branca de Neve e o Caçador, por exemplo, há
uma cena muito emblemática.
No momento em que o Troll ataca Branca de Neve e o caçador,
há uma clara referência ao poder da beleza
associado à mulher que a possibilita sobreviver, pois
é por meio dela que o homem (metaforizado pelo monstro)
sucumbe e enfraquece (significa dizer também que as mulheres
feiam morreriam).
Quando o caçador, atingido anteriormente pelo monstro,
acorda, ele pega o machado (símbolo fálico) e
cambaleando tenta acertar o bicho, mas atinge o vazio.
Este momento poderia ser interpretado como um desempoderamento
masculino, já que o papel de protetor não era
mais necessário.
No entanto, esta cena foi feita para despertar o riso na plateia,
atenuando a perda do poder, ainda que momentaneamente, do homem. Este
enunciado aponta para a dificuldade de retratar o homem fora da
função hegemônica de gênero
possível apenas como uma piada e não pode ser
levada a sério.
Fonte:
Blog "Cinema e Educação" do Grupo de de Pesquisa
em Cinema, Literatura e Educação (GPCLE) da
UNEB/DEDC/Campus I e cumpre a função de postar
reflexões, informações sobre o tema e
o Grupo. (http://cinemaeeducacao-uneb.blogspot.com.br/).