A
língua é muito mais do que a expressão
do pensamento, ela está inteiramente relacionada
às ações humanas.
Considerando isso, todo o conhecimento que se pretende fazer com que os
alunos formem em si precisa passar por essa reflexão.
Assim como a língua não é isolada de
um contexto, o ensino de qualquer disciplina curricular na escola
também não conseguirá grandes sucessos
se for apenas exposto, despejado sem ponderação.
Já há muito se ouve falar que o ensino da
língua portuguesa beneficia a todas as áreas do
saber, mas não é apenas nessas aulas que a
língua precisa ser pensada.
No ensino de matemática, história, geografia,
filosofia ou qualquer outro conteúdo serão
necessárias considerações que
discorram sobre a interação do aluno com o que
está sendo exposto a ele, seja por meio do livro
didático ou da explicação expositiva
do professor.
Diante de qualquer exposição, a
compreensão do aluno somente se dará quando,
muito mais do que apenas perceber que algo existe, ele se sentir capaz
de fazer críticas, análises e
reflexões sobre o que lhe está sendo transmitido.
Intuitivamente, o aluno já faz isso em suas
relações sociais. Frente a algum fato novo, ele
já pode fazer “cara feia”, recriminar,
debochar, ridicularizar.
Nessa sua interação, ele modifica e transforma a
si e a outros, sendo que tudo ocorre pela
mediação da linguagem.
Ao ir para a escola, contudo, esse mesmo aluno pode frustrar-se e
perder o interesse diante da “passividade” de um
texto e de uma aula sem essa dinâmica.
Para aumentar a efetividade de suas aulas, um professor de
história, por exemplo, pode refletir sobre as
mudanças que foram geradas pela
interação linguística durante
séculos da história da humanidade.
Com a matemática não é diferente, pois
o pensamento lógico é facilmente comparado
à relação mensageiro-receptor, dado
que, para haver produção de significado, um e
outro precisam desvendar as respectivas intenções
comunicativas, passando pelo histórico, social e
ideológico.
Já no ensino de filosofia, o professor pode partir de uma
reflexão sobre a transformação que um
indivíduo passa durante suas relações
dentro de uma cultura.
Todos esses processos, é bom enfatizar, são
mediados pela linguagem, e considerações (mesmo
que pontuais) sobre ela precisam estar presentes nas aulas de todas as
disciplinas.
Independente da matéria que um professor leciona, o
significado só acontece pela interação
entre sujeitos, mesmo que eles sejam o aluno-leitor e o autor do livro
didático ou, ainda, o aluno e a aula expositiva de seu
professor.
A produção de conhecimento em qualquer aula
só acontece se o aluno for capaz de compreender o
porquê, o onde, o quando e o para quem algum texto ou
conteúdo foi ou está sendo destinado.
Ao entender o contexto
sócio-histórico-ideológico de algo
escrito ou falado, o aluno consegue fazer correspondência ao
que ele já sabe, ao que ele já conhece por mundo
e, assim, consegue, enfim, formar seu aprendizado.