Planeta Educação

A Semana - Opiniões

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

A Língua como Apoio a Todas as Disciplinas Curriculares
Interações que Transformam

Foto-de-Erika-de-Souza-Bueno-autora-do-artigo A língua é muito mais do que a expressão do pensamento, ela está inteiramente relacionada às ações humanas.

Considerando isso, todo o conhecimento que se pretende fazer com que os alunos formem em si precisa passar por essa reflexão.

Assim como a língua não é isolada de um contexto, o ensino de qualquer disciplina curricular na escola também não conseguirá grandes sucessos se for apenas exposto, despejado sem ponderação.

Já há muito se ouve falar que o ensino da língua portuguesa beneficia a todas as áreas do saber, mas não é apenas nessas aulas que a língua precisa ser pensada.

No ensino de matemática, história, geografia, filosofia ou qualquer outro conteúdo serão necessárias considerações que discorram sobre a interação do aluno com o que está sendo exposto a ele, seja por meio do livro didático ou da explicação expositiva do professor.

Diante de qualquer exposição, a compreensão do aluno somente se dará quando, muito mais do que apenas perceber que algo existe, ele se sentir capaz de fazer críticas, análises e reflexões sobre o que lhe está sendo transmitido.

Intuitivamente, o aluno já faz isso em suas relações sociais. Frente a algum fato novo, ele já pode fazer “cara feia”, recriminar, debochar, ridicularizar.

Nessa sua interação, ele modifica e transforma a si e a outros, sendo que tudo ocorre pela mediação da linguagem.

Ao ir para a escola, contudo, esse mesmo aluno pode frustrar-se e perder o interesse diante da “passividade” de um texto e de uma aula sem essa dinâmica.

Para aumentar a efetividade de suas aulas, um professor de história, por exemplo, pode refletir sobre as mudanças que foram geradas pela interação linguística durante séculos da história da humanidade.

Com a matemática não é diferente, pois o pensamento lógico é facilmente comparado à relação mensageiro-receptor, dado que, para haver produção de significado, um e outro precisam desvendar as respectivas intenções comunicativas, passando pelo histórico, social e ideológico.

Já no ensino de filosofia, o professor pode partir de uma reflexão sobre a transformação que um indivíduo passa durante suas relações dentro de uma cultura.

Todos esses processos, é bom enfatizar, são mediados pela linguagem, e considerações (mesmo que pontuais) sobre ela precisam estar presentes nas aulas de todas as disciplinas.

Independente da matéria que um professor leciona, o significado só acontece pela interação entre sujeitos, mesmo que eles sejam o aluno-leitor e o autor do livro didático ou, ainda, o aluno e a aula expositiva de seu professor.

A produção de conhecimento em qualquer aula só acontece se o aluno for capaz de compreender o porquê, o onde, o quando e o para quem algum texto ou conteúdo foi ou está sendo destinado.

Ao entender o contexto sócio-histórico-ideológico de algo escrito ou falado, o aluno consegue fazer correspondência ao que ele já sabe, ao que ele já conhece por mundo e, assim, consegue, enfim, formar seu aprendizado.

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