Em
recente publicação do UNICEF (Fundo das
Nações Unidas para a Infância), o
Brasil jamais terá uma participação
tão significativa de adolescentes no total da
população, pois são 21
milhões entre 12 e 18 anos, o equivalente a 11% da
população brasileira.
Esse momento singular representa uma grande oportunidade, mas
também enormes vulnerabilidades, quando se vislumbra o
futuro do país e do próprio adolescente.
Como se parte de uma base anterior bastante comprometida, há
pouco a se comemorar.
Como alento, o UNICEF demonstra otimismo na
implementação de políticas
públicas em nosso país em
relação à adolescência, pois
nos últimos vinte anos fomos capazes de benfazer
realizações para com a infância,
reduzindo a mortalidade infantil, diminuindo significativamente a
mão de obra das crianças e praticamente
universalizando o acesso ao Ensino Fundamental.
Hoje, 97,9% dos meninos e meninas de 6 a 14 anos frequentam a escola,
em contraste com os 80% dos adolescentes que recebem alguma
educação formal.
A taxa de homicídios na faixa de 15 a 19 anos (43,2 para
cada 100 mil adolescentes) é o dobro da média da
população.
Um adolescente jovem e negro tem quatro vezes mais probabilidade de ser
assassinado do que um branco da mesma idade.
Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde
aponta que 26,8% da população sexualmente ativa
teve a primeira relação antes dos 15 anos e que
menos da metade (45,7%) fez uso de preservativo.
Com fulcro em estudos da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, na última
década houve um incremento de uma taxa média
anual de 10% (perfazendo um contingente de 17.703) de adolescentes
infratores submetidos a medidas de privação e
restrição de liberdade.
O UNICEF recomenda políticas públicas
específicas e a participação
cidadã dos adultos e dos adolescentes, bem como convida a
todos para uma reflexão sobre um novo olhar para essa faixa
etária que “desloque o discurso que só
vê a adolescência como um
´problema´, para vê-la como uma
oportunidade de desenvolvimento da personalidade. Uma fase especial
até hoje não reconhecida plenamente: o direito de
ser adolescente.”
Os adolescentes são um grupo em si e devem viver essa rica
fase da vida em sua plenitude, sem que sejam tratados ora como
crianças crescidas, ora como adultos infantilizados.
As boas e más experiências em muito
determinarão a grandeza do homem ou mulher que
serão. Nosso papel é dialogar, respeitar,
orientar, incentivar, a despeito das contestações
e recusas.
Essa fase pode se tornar um laboratório para a vida adulta
do nosso jovenzinho, desde que se lhe propicie um ambiente familiar e
escolar com afeto, limites, tolerância, valores.
Um ambiente salutar e rico, como um templo da
argumentação, do embate, do convívio
com o diverso e com o adverso.
Há mitos e preconceitos que precisam ser minimizados ou
eliminados em relação aos adolescentes. Sempre
há um pouco de hilário quando os denominamos
“aborrecentes”.
Retrucam ele, que nossas atitudes, sim, são de
“velhice e pentelhice”.
Nenhuma graça, porém, quando se considera a sua
etiologia latina: adolescer, em que uma das
acepções é adoecer (em
referência à dor psíquica e emocional
oriundas das transformações físicas e
mentais dessa fase).
Como se doente fosse pelo comportamento arredio, rebelde,
monossilábico, distante da família e a quase
exclusividade à sua tribo, especialmente através
das mídias sociais.
Talvez seja a faixa etária na qual mais os pais erram, ou
por excesso ou por carência de afeto e
atenção, sendo comum uma
educação concessiva e permissiva, não
preparando para as adversidades da vida.
Um futuro os aguarda com suas fortes exigências.
Jacir
José Venturi
é Engenheiro Civil – UFPR; Licenciado em
Matemática – UFPR;
Especialização em Engenharia e
Educação; Professor adjunto da UFPR (1974 a
1998); Professor da PUC-PR (1974 a 1985); Docente do Colégio
Estadual do Paraná de (1972 a 1974);
Sócio-fundador, professor e diretor do Curso e
Colégio Decisivo (desde 1977); Sócio-fundador,
professor e diretor do Curso e Colégio Unificado (de 1974 a
2009); Diretor do Colégio Stella Maris (de 1989 a 2009);
Diretor do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do
Paraná (desde 1986); Autor do livro: Da Sabedoria
Clássica à Popular; Autor dos livros para o
ensino superior: Álgebra Vetorial e Geometria
Analítica; Cônicas e Quádricas; Autor
de inúmeros artigos para jornais e
revistas; Cidadão Honorário de Curitiba (2001);
Mentor e
colaborador do Amo Curitiba
– ações
voluntárias; Promoção do Sinepe-PR
(são 750 projetos implementados pelas escolas particulares
de Curitiba, junto a escolas públicas de periferia, creches,
asilos, hospitais e ao meio ambiente).