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Adolescente: nem criança grande, nem adulto pequeno
Jacir José Venturi

Foto de Jacir José Venturi, autor do artigo Em recente publicação do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o Brasil jamais terá uma participação tão significativa de adolescentes no total da população, pois são 21 milhões  entre 12 e 18 anos, o equivalente a 11% da população brasileira.

Esse momento singular representa uma grande oportunidade, mas também enormes vulnerabilidades, quando se vislumbra o futuro do país e do próprio adolescente.

Como se parte de uma base anterior bastante comprometida, há pouco a se comemorar.

Como alento, o UNICEF demonstra otimismo na implementação de políticas públicas em nosso país em relação à adolescência, pois nos últimos vinte anos fomos capazes de benfazer realizações para com a infância, reduzindo a mortalidade infantil, diminuindo significativamente a mão de obra das crianças e praticamente universalizando o acesso ao Ensino Fundamental.

Hoje, 97,9% dos meninos e meninas de 6 a 14 anos frequentam a escola, em contraste com os 80% dos adolescentes que recebem alguma educação formal.

A taxa de homicídios na faixa de 15 a 19 anos (43,2 para cada 100 mil adolescentes) é o dobro da média da população.

Um adolescente jovem e negro tem quatro vezes mais probabilidade de ser assassinado do que um branco da mesma idade.

Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde aponta que 26,8% da população sexualmente ativa teve a primeira relação antes dos 15 anos e que menos da metade (45,7%) fez uso de preservativo.

Com fulcro em estudos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, na última década houve um incremento de uma taxa média anual de 10% (perfazendo um contingente de 17.703) de adolescentes infratores submetidos a medidas de privação e restrição de liberdade.

O UNICEF recomenda políticas públicas específicas e a participação cidadã dos adultos e dos adolescentes, bem como convida a todos para uma reflexão sobre um novo olhar para essa faixa etária que “desloque o discurso que só vê a adolescência como um ´problema´, para vê-la como uma oportunidade de desenvolvimento da personalidade. Uma fase especial até hoje não reconhecida plenamente: o direito de ser adolescente.”

Os adolescentes são um grupo em si e devem viver essa rica fase da vida em sua plenitude, sem que sejam tratados ora como crianças crescidas, ora como adultos infantilizados.

As boas e más experiências em muito determinarão a grandeza do homem ou mulher que serão. Nosso papel é dialogar, respeitar, orientar, incentivar, a despeito das contestações e recusas.

Essa fase pode se tornar um laboratório para a vida adulta do nosso jovenzinho, desde que se lhe propicie um ambiente familiar e escolar com afeto, limites, tolerância, valores.

Um ambiente salutar e rico, como um templo da argumentação, do embate, do convívio com o diverso e com o adverso.

Há mitos e preconceitos que precisam ser minimizados ou eliminados em relação aos adolescentes. Sempre há um pouco de hilário quando os denominamos “aborrecentes”.

Retrucam ele, que nossas atitudes, sim, são de “velhice e pentelhice”.

Nenhuma graça, porém, quando se considera a sua etiologia latina: adolescer, em que uma das acepções é adoecer (em referência à dor psíquica e emocional oriundas das transformações físicas e mentais dessa fase).

Como se doente fosse pelo comportamento arredio, rebelde, monossilábico, distante da família e a quase exclusividade à sua tribo, especialmente através das mídias sociais.

Talvez seja a faixa etária na qual mais os pais erram, ou por excesso ou por carência de afeto e atenção, sendo comum uma educação concessiva e permissiva, não preparando para as adversidades da vida.

Um futuro os aguarda com suas fortes exigências.

Jacir José Venturi é Engenheiro Civil – UFPR; Licenciado em Matemática – UFPR; Especialização em Engenharia e Educação; Professor adjunto da UFPR (1974 a 1998); Professor da PUC-PR (1974 a 1985); Docente do Colégio Estadual do Paraná de (1972 a 1974); Sócio-fundador, professor e diretor do Curso e Colégio Decisivo (desde 1977); Sócio-fundador, professor e diretor do Curso e Colégio Unificado (de 1974 a 2009); Diretor do Colégio Stella Maris (de 1989 a 2009); Diretor do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (desde 1986); Autor do livro: Da Sabedoria Clássica à Popular; Autor dos livros para o ensino superior: Álgebra Vetorial e Geometria Analítica; Cônicas e Quádricas; Autor de inúmeros artigos para jornais e revistas; Cidadão Honorário de Curitiba (2001); Mentor e colaborador do Amo Curitiba – ações voluntárias; Promoção do Sinepe-PR (são 750 projetos implementados pelas escolas particulares de Curitiba, junto a escolas públicas de periferia, creches, asilos, hospitais e ao meio ambiente).

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