O
surgimento de novas tecnologias pode ser observado diariamente, mas
apesar de muitas proporcionarem menos trabalho às pessoas,
outras lhes tomam mais tempo do que sobraria, pois cada vez mais elas
se envolvem em redes sociais, jogos eletrônicos, celulares,
smartphones, tablets, net books, GPS, além de um tempo
enorme para o aprendizado e manipulação desses
produtos.
Dominados todos esses itens, já surgem outros mais modernos
e as pessoas se tornam cada vez mais dependentes de todos eles, como se
percebe na aflição daquelas que esquecem ou
perdem um celular, coisa inexistente poucos anos atrás e
que, nem por isso, elas deixavam de se comunicar.
A distância da internet ou de um celular atualmente
é impensável para milhões de pessoas
que já possuem acesso a essas tecnologias o que, penso,
precisa ser repensado, pois contas extremamente simples são
hoje impossíveis para os jovens que se utilizam de
calculadoras até para meras adições ou
subtrações em cálculos de trocos, como
nos caixas dos supermercados.
São raros os jovens que não se dirigem
às salas de aula com pelo menos um equipamento que faz por
ele o que deveria saber fazer sem nenhum tipo de ajuda, como
cálculos matemáticos e fórmulas de
química e física.
Deixando que equipamentos eletrônicos realizem essas
operações, os jovens jamais entenderão
o caminho utilizado para se chegar a um resultado, o que
poderá lhe fazer muita falta em determinadas
situações, como a de receber um troco.
Dizem alguns que isso não tem a menor importância,
pois muito em breve sequer utilizaremos cheques, papel-moeda ou mesmo
moedas como forma de se efetuar pagamentos, que somente
serão realizados por cartões de
crédito e, pouco tempo mais adiante, por chips
eletrônicos implantados no corpo de cada pessoa, os futuros
responsáveis por lançar débitos e
créditos em sua conta corrente.
Até certo ponto, essa tecnologia ajudará muito,
como na diminuição de possibilidades dos tipos de
roubos e assaltos hoje conhecidos, mas ampliará a de outros,
como as transferências eletrônicas não
autorizadas, atualmente ainda pouco realizadas, praticadas por
criminosos virtuais, os hackers.
Pior do que os problemas para os quais certamente se
encontrarão soluções, ou pelo menos
serão criadas dificuldades para sua
execução, é o progressivo
emburrecimento do ser humano, que cada vez mais estará
transferindo sua capacidade mental para as máquinas por ele
criadas, subutilizando assim a mais perfeita delas, seu
cérebro.
A realização mental de contas básicas
é um excelente exercício e o não uso
da nossa máquina natural, mesmo que em coisas simples do dia
a dia, com o tempo certamente provocará doenças
ainda desconhecidas, além de aumentar os casos de outras,
como o Alzheimer.
Outro dia uma operadora de caixa de supermercado ficou
incrédula quando eu lhe informei, de cabeça, o
troco que deveria me dar e o caixa apontou exatamente o mesmo valor,
inclusive dos centavos.
O uso de equipamentos eletrônicos pode e deve ser
até incentivado para facilitar a vida, mas nosso
cérebro deve continuar sabendo, no mínimo, os
princípios básicos das
operações realizadas por eles.
Novas tecnologias estão nos ajudando, mas ao mesmo tempo
estão diminuindo a qualidade da
educação e tornando as pessoas dependentes de
suas próprias invenções.
João Bosco Leal
é
jornalista, escritor, articulista político e produtor rural.
Site: www.joaoboscoleal.com.br