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A Dependência Humana das Novas Tecnologias
João Bosco Leal

Foto de João Bosco Leal, autor do artigo O surgimento de novas tecnologias pode ser observado diariamente, mas apesar de muitas proporcionarem menos trabalho às pessoas, outras lhes tomam mais tempo do que sobraria, pois cada vez mais elas se envolvem em redes sociais, jogos eletrônicos, celulares, smartphones, tablets, net books, GPS, além de um tempo enorme para o aprendizado e manipulação desses produtos.

Dominados todos esses itens, já surgem outros mais modernos e as pessoas se tornam cada vez mais dependentes de todos eles, como se percebe na aflição daquelas que esquecem ou perdem um celular, coisa inexistente poucos anos atrás e que, nem por isso, elas deixavam de se comunicar.

A distância da internet ou de um celular atualmente é impensável para milhões de pessoas que já possuem acesso a essas tecnologias o que, penso, precisa ser repensado, pois contas extremamente simples são hoje impossíveis para os jovens que se utilizam de calculadoras até para meras adições ou subtrações em cálculos de trocos, como nos caixas dos supermercados.

São raros os jovens que não se dirigem às salas de aula com pelo menos um equipamento que faz por ele o que deveria saber fazer sem nenhum tipo de ajuda, como cálculos matemáticos e fórmulas de química e física.

Deixando que equipamentos eletrônicos realizem essas operações, os jovens jamais entenderão o caminho utilizado para se chegar a um resultado, o que poderá lhe fazer muita falta em determinadas situações, como a de receber um troco.

Dizem alguns que isso não tem a menor importância, pois muito em breve sequer utilizaremos cheques, papel-moeda ou mesmo moedas como forma de se efetuar pagamentos, que somente serão realizados por cartões de crédito e, pouco tempo mais adiante, por chips eletrônicos implantados no corpo de cada pessoa, os futuros responsáveis por lançar débitos e créditos em sua conta corrente.

Até certo ponto, essa tecnologia ajudará muito, como na diminuição de possibilidades dos tipos de roubos e assaltos hoje conhecidos, mas ampliará a de outros, como as transferências eletrônicas não autorizadas, atualmente ainda pouco realizadas, praticadas por criminosos virtuais, os hackers.

Pior do que os problemas para os quais certamente se encontrarão soluções, ou pelo menos serão criadas dificuldades para sua execução, é o progressivo emburrecimento do ser humano, que cada vez mais estará transferindo sua capacidade mental para as máquinas por ele criadas, subutilizando assim a mais perfeita delas, seu cérebro.

A realização mental de contas básicas é um excelente exercício e o não uso da nossa máquina natural, mesmo que em coisas simples do dia a dia, com o tempo certamente provocará doenças ainda desconhecidas, além de aumentar os casos de outras, como o Alzheimer.

Outro dia uma operadora de caixa de supermercado ficou incrédula quando eu lhe informei, de cabeça, o troco que deveria me dar e o caixa apontou exatamente o mesmo valor, inclusive dos centavos.

O uso de equipamentos eletrônicos pode e deve ser até incentivado para facilitar a vida, mas nosso cérebro deve continuar sabendo, no mínimo, os princípios básicos das operações realizadas por eles.

Novas tecnologias estão nos ajudando, mas ao mesmo tempo estão diminuindo a qualidade da educação e tornando as pessoas dependentes de suas próprias invenções.

João Bosco Leal é jornalista, escritor, articulista político e produtor rural. Site:  www.joaoboscoleal.com.br

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