Filosofando
 

Correndo Contra o Tempo - 17/12/2012
Maria Regina Canhos Vicentin

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Andamos correndo tanto ultimamente.

Mal temos tempo de nos cumprimentar e desejar votos de um dia tranquilo.

Quando nos damos conta, o momento passou e a pessoa a quem deveríamos ter dado atenção já não está mais próxima de nós.

Guardamos esse instante em nossa lembrança, e só vamos refletir acerca do ocorrido horas, talvez, dias depois.

Não estamos conseguindo parar um pouco.

Corremos demais. Falta-nos tempo para as coisas mais elementares como um sorriso, um aperto de mão e um abraço.

Vivemos atrasados.

O relógio, nosso companheiro inseparável, mostra que temos pouco tempo e muitos compromissos.

Não dá pra parar. Temos que correr.

Sei que isso tem deixado um grande número de pessoas estressadas.

O cansaço surge em função do pouco lazer e do excessivo dever.

Já não se “mata” o tempo com conversas descontraídas; pelo contrário, é ele quem nos mata com o seu eterno transcorrer.

A gente vai, ele fica. Nem sei por que brigamos tanto, correndo contra o tempo; afinal, ele sempre ganha.

A gente se ilude pensando ganhar tempo, fazendo as coisas correndo e sem respirar direito.

A gente pensa que poupa tempo e, na realidade, só se gasta; se desgasta.

Quando deitamos não conseguimos dormir, pois o peito está acelerado e a mente procura lembrar o que possa ter sido esquecido no corre-corre do dia.

É lamentável que tenhamos nos deixado escravizar assim pelo relógio, perdendo de vista coisas tão importantes como a amizade, a consolação ou o incentivo, o parabenizar e o compartilhar momentos.

É... Nós nos enchemos de coisas pra fazer.

Acreditamos que seremos mais que os outros se conseguirmos fazer mais coisas.

Sem perceber, vamos incluindo nossos filhos nessa ciranda, e hoje é comum eles competirem entre si para verem quem é o melhor.

Já desde pequeninos fazem inglês, judô, natação, pintura, futebol, dança, capoeira, computação...

E ai de quem não fizer estará fadado a fracassar, ser o último da turma ou, posteriormente, não encontrar vaga no mercado de trabalho.

Isso é o que muitos pensam, mas, em parte, trata-se de uma ilusão criada pelo marketing de produtos e serviços.

Não é necessário saber falar inglês para vencer na vida.

Muitos empresários desconhecem por completo o uso do computador.

Defesa pessoal nem sempre ajuda e, muitas vezes, atrapalha.

O que faz a diferença é ser seguro e saber o que se quer.

É sentir-se amado e aceito em sua família e grupo de amigos.

É conhecer-se a si mesmo, reconhecendo suas limitações e defeitos, assim como suas qualidades e virtudes.

Isso sim faz uma grande diferença na vida profissional e pessoal.

Pare de correr tanto atrás do que não é tão importante.

Ensine seus filhos a valorizarem o que realmente faz a diferença, pois é isso que irá torná-los felizes.

Você tem duas opções: fazer de seu filho um estressado (à semelhança de muitos), ou assegurar-lhe futuras condições de escolha, investindo em seu lado moral e emocional no momento atual.

A realização e a ambição positiva acompanham todos os que possuem vontade de vencer na vida.

Não é necessário submetê-los a uma rotina incansável de tarefas a fim de fazê-los sobressaírem-se aos demais. A felicidade, ainda hoje, é encontrada nas coisas mais simples. Viva e deixe viver!

Maria Regina Canhos Vicentin é Psicóloga, bacharel em direito, pós-graduada em educação, especialista em psicologia clínica e jurídica, e escritora de livros, além de ser colaboradora de diversos jornais e revistas do país. Contatos: www.mariaregina.com.br e contato@mariaregina.com.br.

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