Andamos correndo tanto ultimamente.
Mal temos tempo de nos cumprimentar e desejar votos de um dia
tranquilo.
Quando nos damos conta, o momento passou e a pessoa a quem
deveríamos ter dado atenção
já não está mais próxima de
nós.
Guardamos esse instante em nossa lembrança, e só
vamos refletir acerca do ocorrido horas, talvez, dias depois.
Não estamos conseguindo parar um pouco.
Corremos demais. Falta-nos tempo para as coisas mais elementares como
um sorriso, um aperto de mão e um abraço.
Vivemos atrasados.
O relógio, nosso companheiro inseparável, mostra
que temos pouco tempo e muitos compromissos.
Não dá pra parar. Temos que correr.
Sei que isso tem deixado um grande número de pessoas
estressadas.
O cansaço surge em função do pouco
lazer e do excessivo dever.
Já não se “mata” o tempo com
conversas descontraídas; pelo contrário,
é ele quem nos mata com o seu eterno transcorrer.
A gente vai, ele fica. Nem sei por que brigamos tanto, correndo contra
o tempo; afinal, ele sempre ganha.
A gente se ilude pensando ganhar tempo, fazendo as coisas correndo e
sem respirar direito.
A gente pensa que poupa tempo e, na realidade, só se gasta;
se desgasta.
Quando deitamos não conseguimos dormir, pois o peito
está acelerado e a mente procura lembrar o que possa ter
sido esquecido no corre-corre do dia.
É lamentável que tenhamos nos deixado escravizar
assim pelo relógio, perdendo de vista coisas tão
importantes como a amizade, a consolação ou o
incentivo, o parabenizar e o compartilhar momentos.
É... Nós nos enchemos de coisas pra fazer.
Acreditamos que seremos mais que os outros se conseguirmos fazer mais
coisas.
Sem perceber, vamos incluindo nossos filhos nessa ciranda, e hoje
é comum eles competirem entre si para verem quem
é o melhor.
Já desde pequeninos fazem inglês, judô,
natação, pintura, futebol, dança,
capoeira, computação...
E ai de quem não fizer estará fadado a fracassar,
ser o último da turma ou, posteriormente, não
encontrar vaga no mercado de trabalho.
Isso é o que muitos pensam, mas, em parte, trata-se de uma
ilusão criada pelo marketing de produtos e
serviços.
Não é necessário saber falar
inglês para vencer na vida.
Muitos empresários desconhecem por completo o uso do
computador.
Defesa pessoal nem sempre ajuda e, muitas vezes, atrapalha.
O que faz a diferença é ser seguro e saber o que
se quer.
É sentir-se amado e aceito em sua família e grupo
de amigos.
É conhecer-se a si mesmo, reconhecendo suas
limitações e defeitos, assim como suas qualidades
e virtudes.
Isso sim faz uma grande diferença na vida profissional e
pessoal.
Pare de correr tanto atrás do que não
é tão importante.
Ensine seus filhos a valorizarem o que realmente faz a
diferença, pois é isso que irá
torná-los felizes.
Você tem duas opções: fazer de seu
filho um estressado (à semelhança de muitos), ou
assegurar-lhe futuras condições de escolha,
investindo em seu lado moral e emocional no momento atual.
A realização e a ambição
positiva acompanham todos os que possuem vontade de vencer na vida.
Não
é necessário
submetê-los a uma rotina incansável de tarefas a
fim de fazê-los sobressaírem-se aos demais. A
felicidade, ainda hoje, é encontrada nas coisas mais
simples. Viva e deixe viver!
Maria
Regina Canhos Vicentin
é Psicóloga, bacharel em direito,
pós-graduada em educação, especialista
em psicologia clínica e jurídica, e escritora de
livros, além de ser colaboradora de diversos jornais e
revistas do país. Contatos:
www.mariaregina.com.br
e
contato@mariaregina.com.br.