Com essa pergunta iniciei uma palestra para pais de adolescentes de uma
escola pública.
A resposta não poderia ser outra: a grande maioria
disse que sim.
Os pais afirmaram que os jovens são difíceis de
lidar, que são protegidos pela lei, que não
poderiam dominar a vida deles etc.
Continuando minha argumentação inicial, perguntei
aos pais presentes se no tempo deles, ou quando eram adolescentes, eles
não matavam aulas, não jogavam papel na
professora ou até discutiam com ela.
Perguntei se no tempo deles os adolescentes não aprendiam a
fumar, transar e se voltavam para o grupo.
A resposta foi unânime também, é
verdade.
Então vejamos:
Se os jovens, pela sua natureza, são rebeldes, tentam e
às vezes quebram as regras, o que então mudou?
A maioria das pessoas presentes disse que em sua época era
mais complicado, pois “Nossos pais eram duros, isso dava
problema sério”.
Começa a ficar evidente que, na verdade, o que mudou, e
mudou muito, foram os adultos.
Ou seja, os adultos de hoje são muito mais moles do que os
adultos de quando éramos adolescentes.
Conclusão, os errados somos nós novamente.
Agora, o discurso da vez, de muitos adultos, é:
“Precisamos educar as crianças, os adultos
já não têm jeito”.
Concordo em parte, mas quem vai educar as crianças?
A escola. Mas a escola é composta por quem? Adultos, certo?
Então o problema continua o mesmo.
Outra vertente de desculpas é a lei que os protege,
amarrando as mãos dos adultos, deixando as
crianças com muitos direitos, e assim, não
podendo fazer nada.
A lei sempre existiu, nunca foi permitido espancar crianças,
o que o ECA fez foi resumir ou organizar uma série de leis
já existentes para acabar com a violência, a
exploração de crianças e adolescentes.
É verdade, não acabou, e deixou a
sensação de mãos atadas para os
adultos, os quais têm a responsabilidade de preparar a
próxima geração, e precisa ser
revista, esclarecida e, principalmente, melhor entendida.
Mas a lei não tirou a responsabilidade dos pais em educar,
estabelecer limites, disciplina e organizar a vida dos filhos.
A lei também não tirou a autoridade do professor
ou do diretor.
Quem passou a não se dar o respeito foram os adultos e nos
diversos papéis que exercemos na sociedade não
percebemos que o principal é o de preparar a
próxima geração.
E, se a próxima geração for melhor ou
pior do que a nossa, a culpa será nossa, que não
demos as condições para que os jovens se
tornassem adultos saudáveis e responsáveis.
Ademar
Batista Pereira é
Presidente da Federação dos Estabelecimentos
Particulares de Ensino da Região Sul (FEPEsul) e diretor de
Planejamento do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná
(Sinepe/PR).