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Os Adolescentes de Hoje são Diferentes?
Ademar Batista Pereira

Com essa pergunta iniciei uma palestra para pais de adolescentes de uma escola pública.

A resposta não poderia ser outra: a grande maioria disse que sim.

Os pais afirmaram que os jovens são difíceis de lidar, que são protegidos pela lei, que não poderiam dominar a vida deles etc.

Continuando minha argumentação inicial, perguntei aos pais presentes se no tempo deles, ou quando eram adolescentes, eles não matavam aulas, não jogavam papel na professora ou até discutiam com ela.

Perguntei se no tempo deles os adolescentes não aprendiam a fumar, transar e se voltavam para o grupo.

A resposta foi unânime também, é verdade.

Então vejamos:

Se os jovens, pela sua natureza, são rebeldes, tentam e às vezes quebram as regras, o que então mudou?

A maioria das pessoas presentes disse que em sua época era mais complicado, pois “Nossos pais eram duros, isso dava problema sério”.

Começa a ficar evidente que, na verdade, o que mudou, e mudou muito, foram os adultos.

Ou seja, os adultos de hoje são muito mais moles do que os adultos de quando éramos adolescentes.

Conclusão, os errados somos nós novamente.

Agora, o discurso da vez, de muitos adultos, é: “Precisamos educar as crianças, os adultos já não têm jeito”.

Concordo em parte, mas quem vai educar as crianças?

A escola. Mas a escola é composta por quem? Adultos, certo? Então o problema continua o mesmo.

Outra vertente de desculpas é a lei que os protege, amarrando as mãos dos adultos, deixando as crianças com muitos direitos, e assim, não podendo fazer nada.

A lei sempre existiu, nunca foi permitido espancar crianças, o que o ECA fez foi resumir ou organizar uma série de leis já existentes para acabar com a violência, a exploração de crianças e adolescentes.

É verdade, não acabou, e deixou a sensação de mãos atadas para os adultos, os quais têm a responsabilidade de preparar a próxima geração, e precisa ser revista, esclarecida e, principalmente, melhor entendida.

Mas a lei não tirou a responsabilidade dos pais em educar, estabelecer limites, disciplina e organizar a vida dos filhos.

A lei também não tirou a autoridade do professor ou do diretor.

Quem passou a não se dar o respeito foram os adultos e nos diversos papéis que exercemos na sociedade não percebemos que o principal é o de preparar a próxima geração.

E, se a próxima geração for melhor ou pior do que a nossa, a culpa será nossa, que não demos as condições para que os jovens se tornassem adultos saudáveis e responsáveis.

Ademar Batista Pereira é Presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul (FEPEsul) e diretor de Planejamento do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR).

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