"Quando um homem está envolvido em si mesmo, ele se torna um
pacote muito pequeno." (John Ruskin)
Insta dizer que a inveja é um sentimento tão
medíocre, que se torna difícil de ser
“digerido”.
Esse sentimento, que é desencadeado pela desigualdade,
é capaz de corroer a alma do invejoso, e o pior é
que este ser humano fica tão envolvido com tal sentimento,
que se sente incapaz de perceber tamanha
destruição em sua própria vida.
Percebe-se de forma bem nítida que a inveja advém
do apego às coisas materiais, ao desejo de obter o que o
outro possui, isso tanto em se tratando de posses quanto de virtudes.
Observa-se que a inveja é um sentimento tão
perverso que é como se fosse uma sede insaciável,
o que faz obscurecer por completo a vida do invejoso, impedindo-o de se
desenvolver e/ou crescer.
E isso se deve ao fato de que simplesmente o invejoso vive em prol da
vida alheia, esquecendo-se de cuidar de sua própria vida,
vivendo em função da vida do outro.
Mas de fato, é triste perceber que há pessoas que
funcionam como verdadeiros “guardas”, de
“olho vivo” na vida alheia.
Mais triste ainda é lembrar que, enquanto este ser humano
pernicioso se preocupar com a vida do outro, sua própria
vida ficará estagnada, com tendência em um curto
prazo a ser conduzida a um verdadeiro caos.
Já é sabido por todos que o invejoso passa mal,
chegando até a adoecer quando alguém de seu
convívio começa a brilhar.
Assim, utiliza de estratégias mesquinhas,
“tecendo” fofocas, tentando minar, derrubar e
até destruir o outro, mas, o que se observa é que
quem é derrubado e destruído é o
próprio invejoso, uma vez que a inveja tem a
tendência de corroer e de autodestruir, levando o
indivíduo ao extermínio de si mesmo.
Contudo, a inveja deveria ser repugnante, pois carrega consigo a
tristeza, a melancolia, o egoísmo, a dor e o ódio.
Mesmo ciente desses fatos, é triste e lamentável
saber que convivemos com o invejoso, que ele está bem
pertinho da gente, mas nós não o percebemos.
Desconhecemos tal pessoa, talvez por não comungarmos deste
mesmo sentimento destruidor, ou por não querer acreditar que
este ou aquele ser humano seja tão pernicioso a ponto de se
tornar “jagunço” de nossas
próprias vidas.
Um dia a máscara cai nitidamente, e de forma inesperada tal
sentimento “aflora” com mais força,
deixando-se transparecer de forma clara através do
sentimento de ira, mágoa e de outros que nem precisamos
citar.
Somado a isso, interessante notar que, antes de esse fato ser
consumado, convivemos e comungamos muito de nossa vida com o invejoso,
confidenciando fatos, dialogando sobre nossa vida pessoal e
profissional, partilhando de tudo um pouco, mas eis que em um dado
momento vem a decepção, momento em que a
“máscara” cai e tudo vem à
tona.
Assim, dói mais o fato de conceber tal pessoa como invejosa
do que tal reação de inveja, uma vez que aquela
pessoa era estimada e querida.
Assim sendo, torna-se importante salientar que, ao invejoso, importa
que o outro não tenha o que ele deseja. Ridículo,
não?
Vê-se, portanto, que o invejoso não luta para
melhorar, para desenvolver e /ou crescer, pois a ele interessa ficar de
“plantão” no que o outro tem e/ou
possui, cujo objetivo é a destruição,
uma vez que ele deseja e não os tem.
A atitude do invejoso exige que ele assista a sua própria
vida de “camarote”, sendo um mero
“expectador”.
Dessa forma, não faz acontecer, não age em prol
de sua própria vida, mas em prol da vida alheia.
É de se observar que o invejoso é tão
ganancioso no que o outro tem e/ou possui que fica
“cego” diante dos valores, virtudes e
princípios que deveria ter, preocupando-se em demasia em
assumir seu papel de perversidade diante do outro, esquivando-se a todo
o custo da amizade e consideração para com a
outra pessoa.
É importante ressaltar que o invejoso aparece carregado de
desgostos, altamente descontente com a sua própria vida,
cheio de angústias e totalmente revoltado, inalando
egoísmo.
Deixa de viver, tornando-se intragável em meio ao
seu convívio, uma vez que não conspira o bem para
ninguém.
Não sabe compartilhar e nem se alegrar com os demais,
além das reações
“monstruosas”, fazendo até a mudar de
cor quando age.
Finalmente, o invejoso, essa triste figura digna até mesmo
de dó, necessita enxergar-se antes de tudo,
reconhecendo a mediocridade que é ou foi sua vida com atos e
sentimentos estéreis, como se fosse num palco onde tivesse
representado uma peça vazia de conteúdo, sem
qualquer brilho.
É imperativo tal autocrítica, pois só
a partir de então, se assim o quiser, deverá
“arregaçar as mangas” e lutar em prol de
uma vida melhor, conscientizando-se de que, se continuar tendo inveja
do outro, ficará estagnado, correndo o risco de
não se desenvolver e/ou crescer, morrendo do
próprio veneno.
Marizete
Furbino é
Administradora, Consultora de Empresa e Professora
Universitária Universitária no Vale do
Aço/MG.