Brincar é muito mais que só diversão.
É, na verdade, uma linguagem infantil que
mantém uma conexão fundamental com aquilo que
é o “não brincar”.
Vygotsky (1989) afirma “que a influência do
brinquedo para o desenvolvimento da criança é
muito grande”.
Por isso, deve-se propiciar às crianças momentos
lúdicos, os quais podem acontecer mesclados às
atividades mais intelectualizadas.
É por intermédio do brincar que a
criança relaciona-se com o mundo, com as pessoas que
estão em seu redor e com si mesma.
Por meio das brincadeiras, ela expõe o que sabe, mas
também aprende muito em relação ao
ambiente em que está inserida.
A criança sabe muito bem transformar o seu mundo numa grande
e fascinante fantasia.
Ela consegue transformar um simples cabo de vassoura num grande
cavalinho e em tantas outras inimagináveis possibilidades.
Enquanto que para um adulto isso talvez não tenha a menor
importância, a porta do mundo de sonhos e fantasias
é aberta aos olhos de uma criança.
Em seus pensamentos, tudo o que ela imaginar irá acontecer,
pois transforma em realidade tudo aquilo que julgamos irreal.
Segundo Piaget, o brincar (para a criança) é uma
forma de assimilar o real e adaptar-se ao mundo social dos adultos,
permitindo, assim, suprir suas necessidades afetivas e cognitivas.
Para ele, a criança cria símbolos
lúdicos na brincadeira “do faz de
conta”, pois desenvolve uma linguagem própria para
reviver momentos que julgam interessantes.
Por isso, precisamos ter a total consciência do quanto o
lúdico é importante no aprendizado infantil, pois
ele facilita as linguagens verbais e não verbais.
O educador que dá asas a uma criança no ato de
brincar também deve ajudá-la a colocar suas
ideias em prática.
Assim, o próprio aluno irá adaptar suas
brincadeiras de uma maneira muito mais pessoal e significativa a ele.
Quando um aluno pegar algum objeto para brincar, não
é conveniente dizermos a ele que aquilo não
é brinquedo.
Tampouco, não é interessante mostrarmos o
verdadeiro significado daquele objeto.
É sim muito importante deixar a criança expor
seus sentimentos, permitindo que ela nos mostre quais são os
significados que transfere ao seu mais novo objeto entendido como
brinquedo.
Quando ela fizer assim, devemos nos mostrar entusiasmados com o que tem
importância a ela, de modo que ela tenha orgulho de si
própria.
Precisamos deixá-la assumir as rédeas da
própria brincadeira, pois, segundo Marcellino (1990),
“é só do prazer que surge a disciplina
e a vontade de aprender”.
As brincadeiras e os jogos tornam-se grandes aliados ao educador no
processo de ensino-aprendizagem.
Isso ocorre porque a criança sente um prazer maior em
aprender brincando, ela, às vezes, nem percebe o que acabou
de aprender.
Ao brincar e jogar, o envolvimento da criança faz com que
sejam expostos seus sentimentos e emoções.
Quando as observamos no lúdico, identificamos como elas
organizam suas relações emocionais.
É fundamental pedirmos que a criança
faça um desenho numa folha de papel sobre o que
está sentindo no momento.
Por meio do desenho, elas poderão recontar o que
estão vivenciando, se são agredidas, se recebem
carinho dos pais, entre outras tantas situações.
Na maioria das vezes, a criança transmite o que sente quando
está brincando.
Exemplo disso é quando ela está brincando com a
boneca, transferindo àquele momento tudo o que acontece no
seu dia a dia.
Isso se comprova quando uma criança deixa a boneca de
castigo, batendo ou gritando com o brinquedo.
Nessas ocasiões, ela passa a transmitir toda a sua raiva,
invertendo o seu papel em relação a algum
contexto.
Por isso, é indispensável estarmos atentos a
esses detalhes, de modo que possamos, de alguma maneira, saber lidar
com as frustrações de nossos alunos.
A brincadeira ou o ato de brincar precisa ser levado a
sério, pois são essenciais na vida de uma
criança.
Lucilene
Portes Cursa
o
4º Semestre de Pedagogia (Faculdade Anhanguera Educacional,
Taubaté, São Paulo) e é Instrutora
Técnica do Programa Informática Educacional.