Planeta Educação

Diário de Classe

 

Brincar é Aprender
Lucilene Portes

Brincar é muito mais que só diversão.

É, na verdade, uma linguagem infantil que mantém uma conexão fundamental com aquilo que é o “não brincar”.

Vygotsky (1989) afirma “que a influência do brinquedo para o desenvolvimento da criança é muito grande”.

Por isso, deve-se propiciar às crianças momentos lúdicos, os quais podem acontecer mesclados às atividades mais intelectualizadas.

É por intermédio do brincar que a criança relaciona-se com o mundo, com as pessoas que estão em seu redor e com si mesma.

Por meio das brincadeiras, ela expõe o que sabe, mas também aprende muito em relação ao ambiente em que está inserida.

A criança sabe muito bem transformar o seu mundo numa grande e fascinante fantasia.

Ela consegue transformar um simples cabo de vassoura num grande cavalinho e em tantas outras inimagináveis possibilidades.

Enquanto que para um adulto isso talvez não tenha a menor importância, a porta do mundo de sonhos e fantasias é aberta aos olhos de uma criança.

Em seus pensamentos, tudo o que ela imaginar irá acontecer, pois transforma em realidade tudo aquilo que julgamos irreal.

Segundo Piaget, o brincar (para a criança) é uma forma de assimilar o real e adaptar-se ao mundo social dos adultos, permitindo, assim, suprir suas necessidades afetivas e cognitivas.

Para ele, a criança cria símbolos lúdicos na brincadeira “do faz de conta”, pois desenvolve uma linguagem própria para reviver momentos que julgam interessantes.

Por isso, precisamos ter a total consciência do quanto o lúdico é importante no aprendizado infantil, pois ele facilita as linguagens verbais e não verbais.

O educador que dá asas a uma criança no ato de brincar também deve ajudá-la a colocar suas ideias em prática.

Assim, o próprio aluno irá adaptar suas brincadeiras de uma maneira muito mais pessoal e significativa a ele.

Quando um aluno pegar algum objeto para brincar, não é conveniente dizermos a ele que aquilo não é brinquedo.

Tampouco, não é interessante mostrarmos o verdadeiro significado daquele objeto.

É sim muito importante deixar a criança expor seus sentimentos, permitindo que ela nos mostre quais são os significados que transfere ao seu mais novo objeto entendido como brinquedo.

Quando ela fizer assim, devemos nos mostrar entusiasmados com o que tem importância a ela, de modo que ela tenha orgulho de si própria.

Precisamos deixá-la assumir as rédeas da própria brincadeira, pois, segundo Marcellino (1990), “é só do prazer que surge a disciplina e a vontade de aprender”.

As brincadeiras e os jogos tornam-se grandes aliados ao educador no processo de ensino-aprendizagem.

Isso ocorre porque a criança sente um prazer maior em aprender brincando, ela, às vezes, nem percebe o que acabou de aprender.

Ao brincar e jogar, o envolvimento da criança faz com que sejam expostos seus sentimentos e emoções.

Quando as observamos no lúdico, identificamos como elas organizam suas relações emocionais.

É fundamental pedirmos que a criança faça um desenho numa folha de papel sobre o que está sentindo no momento.

Por meio do desenho, elas poderão recontar o que estão vivenciando, se são agredidas, se recebem carinho dos pais, entre outras tantas situações.

Na maioria das vezes, a criança transmite o que sente quando está brincando.

Exemplo disso é quando ela está brincando com a boneca, transferindo àquele momento tudo o que acontece no seu dia a dia.

Isso se comprova quando uma criança deixa a boneca de castigo, batendo ou gritando com o brinquedo.

Nessas ocasiões, ela passa a transmitir toda a sua raiva, invertendo o seu papel em relação a algum contexto.

Por isso, é indispensável estarmos atentos a esses detalhes, de modo que possamos, de alguma maneira, saber lidar com as frustrações de nossos alunos.

A brincadeira ou o ato de brincar precisa ser levado a sério, pois são essenciais na vida de uma criança.

Lucilene Portes Cursa o 4º Semestre de Pedagogia (Faculdade Anhanguera Educacional, Taubaté, São Paulo) e é Instrutora Técnica do Programa Informática Educacional.

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