A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

O Grande Mercado da Violência - 01/10/2012
Um Gigante a ser Vencido

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Jogos violentos, novelas repletas de ódio e assassinatos, tensão e revolta nos telejornais, revistas faturando milhões com matérias sangrentas.

O Grande Mercado da Violência parece render cada vez mais.

Nós e, infelizmente, nossas crianças temos sido alimentados pela ânsia de um desejo incontrolável de vermos a violência acontecendo.

Claro que não desejamos que nada de mal aconteça conosco e nem com aqueles que amamos, mas quando se refere à vida de alguém mais distante, distanciam-se também o nosso coração e o bom-senso.

É incrível o impacto negativo que esse mercado causa em nós, a ponto de não fazemos o menor caso em dar audiência à dor que alguém esteja passando.

Não é fechar os olhos ao que acontece. Muito diferente disso, é dar um basta à fonte impiedosa que alimenta nossos desejos mais cruéis, os quais não deveriam ser alimentados.

Ora, alimentamos o que queremos bem, aquilo que queremos ver prosperar, se fortalecer.

Contudo, é facilmente observável que, na realidade, o inverso a boas práticas acontece a todo o momento, alimentando um gigante que não é e não será fácil de ser vencido.

Quanto mais violenta for uma novela, maior é o seu potencial de audiência. Quanto mais sangue houver na capa de uma revista, maior será sua tiragem para a venda.

Os jornais (impressos e online) não deixam por menos. São, a cada dia, estampadas as mais cruéis notícias de violência, de modo a alcançar bons resultados na venda.

Os reality shows são apenas mais uma prova do desejo incontrolável que nós, de um modo geral, temos em ver violência.

Há até quem diga que em vários deles os organizadores já definem os “papéis” que deverão ser desempenhados pelos participantes, pois a audiência está na contradição, na intolerância, na luta entre o “bem” e o mal.

Há uma mistura inquietante de aplausos, empolgação e desejo de ver sangue escorrendo na face de um adversário num jogo qualquer de um videogame.

Se nós, professores e pais, não alertarmos os nossos jovens alunos quanto à manipulação do Grande Mercado da Violência, estaremos colaborando com ele, pois a omissão é tão maléfica quanto a esses setores da sociedade que aplaudem os lucros que advêm da violência desmedida.

Por um acaso, nós temos contribuído com os lucros da Violência? Temos, afinal, dado nossa audiência àquilo que alimenta o ódio na vida das pessoas?

Essas perguntas são incômodas, mas tão necessárias à nossa sociedade atual quanto àquela que estamos construindo junto aos nossos filhos e alunos.

Já passou da hora de darmos um basta nisso tudo, já chega de contribuir com um mundo tão cruel e violento.

Está mais do que na hora de pensarmos em meios mais eficazes de ajudar a criança a alimentar-se de algo mais saudável, sem qualquer efeito colateral.

Caso contrário, vamos perpetuar um ciclo de dor e ódio que continuará culminando em cenas irreais de violência que passa da ficção à vida real sem que, ao menos, percebamos.

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