Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br
O Grande Mercado da Violência
Um Gigante a ser Vencido
Jogos violentos, novelas repletas de ódio e assassinatos,
tensão e revolta nos telejornais, revistas faturando
milhões com matérias sangrentas.
O Grande Mercado da Violência parece render cada vez mais.
Nós e, infelizmente, nossas crianças temos sido
alimentados pela ânsia de um desejo incontrolável
de vermos a violência acontecendo.
Claro que não desejamos que nada de mal aconteça
conosco e nem com aqueles que amamos, mas quando se refere à
vida de alguém mais distante, distanciam-se
também o nosso coração e o bom-senso.
É incrível o impacto negativo que esse mercado
causa em nós, a ponto de não fazemos o menor caso
em dar audiência à dor que alguém
esteja passando.
Não é fechar os olhos ao que acontece. Muito
diferente disso, é dar um basta à fonte impiedosa
que alimenta nossos desejos mais cruéis, os quais
não deveriam ser alimentados.
Ora, alimentamos o que queremos bem, aquilo que queremos ver prosperar,
se fortalecer.
Contudo, é facilmente observável que, na
realidade, o inverso a boas práticas acontece a todo o
momento, alimentando um gigante que não é e
não será fácil de ser vencido.
Quanto mais violenta for uma novela, maior é o seu potencial
de audiência. Quanto mais sangue houver na capa de uma
revista, maior será sua tiragem para a venda.
Os jornais (impressos e online) não deixam por menos.
São, a cada dia, estampadas as mais cruéis
notícias de violência, de modo a
alcançar bons resultados na venda.
Os reality shows são apenas mais uma prova do desejo
incontrolável que nós, de um modo geral, temos em
ver violência.
Há até quem diga que em vários deles
os organizadores já definem os
“papéis” que deverão ser
desempenhados pelos participantes, pois a audiência
está na contradição, na
intolerância, na luta entre o “bem” e o
mal.
Há uma mistura inquietante de aplausos,
empolgação e desejo de ver sangue escorrendo na
face de um adversário num jogo qualquer de um videogame.
Se nós, professores e pais, não alertarmos os
nossos jovens alunos quanto à
manipulação do Grande Mercado da
Violência, estaremos colaborando com ele, pois a
omissão é tão maléfica
quanto a esses setores da sociedade que aplaudem os lucros que
advêm da violência desmedida.
Por um acaso, nós temos contribuído com os lucros
da Violência? Temos, afinal, dado nossa audiência
àquilo que alimenta o ódio na vida das pessoas?
Essas perguntas são incômodas, mas tão
necessárias à nossa sociedade atual quanto
àquela que estamos construindo junto aos nossos filhos e
alunos.
Já passou da hora de darmos um basta nisso tudo,
já chega de contribuir com um mundo tão cruel e
violento.
Está mais do que na hora de pensarmos em meios mais eficazes
de ajudar a criança a alimentar-se de algo mais
saudável, sem qualquer efeito colateral.
Caso contrário, vamos
perpetuar um ciclo de dor e
ódio que continuará culminando em cenas irreais
de violência que passa da ficção
à vida real sem que, ao menos, percebamos.