Cinema na Educação
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Karatê Kid - 27/08/2012
Possibilidades Pedagógicas e Reflexões na Sala de Aula

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É fato que muitos de nós, professores, temos sérias resistências para apresentarmos filmes com temáticas de lutas e combates em sala de aula.

É louvável pensamentos assim, pois, de fato, a escola precisa mesmo empenhar-se em ir contra ao que mais é visto no mundo hoje: a violência.

Contudo, há filmes que, mesmo sob a ideia de combates como é o caso do Karatê Kid, lançado em 2010, com Jachie Chan e Jaden Smith, podem ser perfeitamente abordados em aulas de diversas disciplinas, sem que haja qualquer incentivo à violência.

Isso se deve, entre tantos outros aspectos que o filme nos apresenta, pelo fato de a narrativa acontecer com Dre Parker (Jaden Smith), um menino de 12 anos que se vê obrigado a se mudar de Detroit, nos EUA, para Pequim, na China, devido à carreira de sua mãe, interpretada por Taraji P. Henson.

O fato de a mudança acontecer por razões alheias às vontades de Dre já é uma grande possibilidade de abordagem que o professor encontra para conscientizar seus alunos sobre as várias vezes que a vida nos obriga a deixar nossa zona de conforto.

Ao deixá-la, novos horizontes nos são apresentados, colocando-nos novamente diante de escolhas que, certamente, contarão muito para os rumos que desejarmos dar para a história da nossa vida que estivermos escrevendo.
Ao mudar-se e encontrar-se entre vilões e mocinhos, o jovem Dre Parker (Jaden Smith) se vê em apertos com os “valentões” que usavam seus conhecimentos de Karatê para intimidar qualquer pessoa que, simplesmente, não gostassem.

Em uma de suas fugas, Dre conta, finalmente, com a ajuda de Mr. Han (Jachie Chan), o qual precisa utilizar também seus conhecimentos da arte do Karatê para proteger a integridade física do garoto e, evidentemente, a própria pele, dado que os dois estavam em grande desvantagem numérica.

Segue-se, assim, uma série de “pancadarias” entre o zelador Han e os, até então, meninos vilões do filme que, além de estarem em maior número, contavam também, em relação ao menino Dre, com condições físicas bem mais favoráveis.

Apesar das “agressões” que, graças às intervenções de Han, não atingem Dre, esse episódio revela ao professor mais uma oportunidade para trabalhar na escola, pois Mr. Han não agride os meninos “valentões”. Não, até mesmo pelo fato de serem, mesmo na condição de uma espécie de vilões na trama, também meninos.

Mr. Han utiliza-se de técnicas da luta para redirecionar as agressões para os próprios integrantes do grupo que oprimia o novato Dre, o que se seguiu até que eles estivessem vencidos pelo cansaço e pela “humilhação” de serem contidos por alguém que, maliciosamente, apelidaram de “vovô”.

Entre outras possibilidades, esse episódio permite que o professor mostre aos alunos uma regra da vida muito importante, ou seja, a lei da seara e da semeadura, na qual a própria vida se encarrega de devolver os frutos cujas sementes estão sendo plantadas por todas as pessoas diariamente.

Todos esses pontos são muito bem-vindos em nossas aulas, mas o filme não se esgota e permite que o professor também aborde questões sobre a importância da disciplina e do comprometimento para alcançar resultados desejáveis.

Além de tudo isso, Karatê Kid deixa claro como era a pressão e a influência que os meninos do “mal” sofriam de um líder com ideias muito impróprias para o uso de técnicas de ataque e defesa.

Ainda jovens e imaturos, permitiram-se envolver com os ideais que ressaltavam a violência como forma de prazer ao oprimir o mais fraco ou qualquer pessoa que se encontra em alguma situação de desvantagem, agindo de modo muito semelhante ao líder.

Essa é, inclusive, mais uma grande oportunidade que se abre ao professor que deseja abordar os “líderes” que seus jovens alunos estão se permitindo ter.

Como “líderes”, o professor pode apontar as companhias; as tramas de narrativas de filmes, novelas e até mesmo algumas literaturas; os jogos violentos e inadequados, enfim, são inúmeras as possibilidades que contribuem com as mais diversas ações de professores e, consequentemente, com a melhoria nos relacionamentos em sala de aula.

Antes de terminar, um ponto que precisa ser esclarecido é o fato de que as técnicas do Karatê não precisarem ser ressaltadas na sala de aula.

Em vez disso, em qualquer disciplina, é mais louvável que o professor contribua com a ampliação do olhar de seus alunos acerca de diversas questões que envolvem a trama de um filme.

Inúmeras vezes, o filme utiliza-se de um ponto central, no caso do filme em questão o próprio Karatê, mas em volta desse ponto estão sendo defendidos vários conceitos que precisam ser apresentados aos alunos.

Caso não sejam desvendadas, as opiniões dos cineastas envolvidos serão absorvidas pelas nossas crianças e jovens sem nenhum filtro, sem que eles sejam capazes de formarem uma barreira do tipo “até aqui é a opinião do filme, a partir daqui começa a minha”.

Uma das maneiras de fazer isso é, então, tirar o foco de algo evidente do filme, ou seja, em vez de falar de Karatê em filme de Karatê, o professor passa a questionar seus alunos e a perguntar quais opiniões e conceitos são defendidos por aquela obra fílmica.

Isso é contribuir com a formação integral dos alunos, isso é formar protagonistas em vez de coadjuvantes.

Ficha Técnica
Lançamento- 27 de agosto de 2010 (2h20min).
Dirigido- por Harald Zwart.
Com- Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson mais.
Gênero- Artes Marciais, Ação, Drama, Família.
Nacionalidade- China, EUA.
Fonte da Ficha Técnica: Adoro Cinema.

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