Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br
Karatê Kid
Possibilidades Pedagógicas e Reflexões na Sala de Aula
É fato que muitos de nós, professores, temos
sérias resistências para apresentarmos filmes com
temáticas de lutas e combates em sala de aula.
É louvável pensamentos assim, pois, de fato, a
escola precisa mesmo empenhar-se em ir contra ao que mais é
visto no mundo hoje: a violência.
Contudo, há filmes que, mesmo sob a ideia de combates como
é o caso do Karatê Kid, lançado em
2010, com Jachie Chan e Jaden Smith, podem ser perfeitamente abordados
em aulas de diversas disciplinas, sem que haja qualquer incentivo
à violência.
Isso se deve, entre tantos outros aspectos que o filme nos apresenta,
pelo fato de a narrativa acontecer com Dre Parker (Jaden Smith), um
menino de 12 anos que se vê obrigado a se mudar de Detroit,
nos EUA, para Pequim, na China, devido à carreira de sua
mãe, interpretada por Taraji P. Henson.
O fato de a mudança acontecer por razões alheias
às vontades de Dre já é uma grande
possibilidade de abordagem que o professor encontra para conscientizar
seus alunos sobre as várias vezes que a vida nos obriga a
deixar nossa zona de conforto.
Ao deixá-la, novos horizontes nos são
apresentados, colocando-nos novamente diante de escolhas que,
certamente, contarão muito para os rumos que desejarmos dar
para a história da nossa vida que estivermos escrevendo.
Ao mudar-se e encontrar-se entre vilões e mocinhos, o jovem
Dre Parker (Jaden Smith) se vê em apertos com os
“valentões” que usavam seus
conhecimentos de Karatê para intimidar qualquer pessoa que,
simplesmente, não gostassem.
Em uma de suas fugas, Dre conta, finalmente, com a ajuda de Mr. Han
(Jachie Chan), o qual precisa utilizar também seus
conhecimentos da arte do Karatê para proteger a integridade
física do garoto e, evidentemente, a própria
pele, dado que os dois estavam em grande desvantagem
numérica.
Segue-se, assim, uma série de
“pancadarias” entre o zelador Han e os,
até então, meninos vilões do filme
que, além de estarem em maior número, contavam
também, em relação ao menino Dre, com
condições físicas bem mais
favoráveis.
Apesar das “agressões” que,
graças às intervenções de
Han, não atingem Dre, esse episódio revela ao
professor mais uma oportunidade para trabalhar na escola, pois Mr. Han
não agride os meninos
“valentões”. Não,
até mesmo pelo fato de serem, mesmo na
condição de uma espécie de
vilões na trama, também meninos.
Mr. Han utiliza-se de técnicas da luta para redirecionar as
agressões para os próprios integrantes do grupo
que oprimia o novato Dre, o que se seguiu até que eles
estivessem vencidos pelo cansaço e pela
“humilhação” de serem
contidos por alguém que, maliciosamente, apelidaram de
“vovô”.
Entre outras possibilidades, esse episódio permite que o
professor mostre aos alunos uma regra da vida muito importante, ou
seja, a lei da seara e da semeadura, na qual a própria vida
se encarrega de devolver os frutos cujas sementes estão
sendo plantadas por todas as pessoas diariamente.
Todos esses pontos são muito bem-vindos em nossas aulas, mas
o filme não se esgota e permite que o professor
também aborde questões sobre a
importância da disciplina e do comprometimento para
alcançar resultados desejáveis.
Além de tudo isso, Karatê Kid deixa claro como era
a pressão e a influência que os meninos do
“mal” sofriam de um líder com ideias
muito impróprias para o uso de técnicas de ataque
e defesa.
Ainda jovens e imaturos, permitiram-se envolver com os ideais que
ressaltavam a violência como forma de prazer ao oprimir o
mais fraco ou qualquer pessoa que se encontra em alguma
situação de desvantagem, agindo de modo muito
semelhante ao líder.
Essa é, inclusive, mais uma grande oportunidade que se abre
ao professor que deseja abordar os
“líderes” que seus jovens alunos
estão se permitindo ter.
Como “líderes”, o professor pode apontar
as companhias; as tramas de narrativas de filmes, novelas e
até mesmo algumas literaturas; os jogos violentos e
inadequados, enfim, são inúmeras as
possibilidades que contribuem com as mais diversas
ações de professores e, consequentemente, com a
melhoria nos relacionamentos em sala de aula.
Antes de terminar, um ponto que precisa ser esclarecido é o
fato de que as técnicas do Karatê não
precisarem ser ressaltadas na sala de aula.
Em vez disso, em qualquer disciplina, é mais
louvável que o professor contribua com a
ampliação do olhar de seus alunos acerca de
diversas questões que envolvem a trama de um filme.
Inúmeras vezes, o filme utiliza-se de um ponto central, no
caso do filme em questão o próprio
Karatê, mas em volta desse ponto estão sendo
defendidos vários conceitos que precisam ser apresentados
aos alunos.
Caso não sejam desvendadas, as opiniões dos
cineastas envolvidos serão absorvidas pelas nossas
crianças e jovens sem nenhum filtro, sem que eles sejam
capazes de formarem uma barreira do tipo “até aqui
é a opinião do filme, a partir daqui
começa a minha”.
Uma das maneiras de fazer isso é, então, tirar o
foco de algo evidente do filme, ou seja, em vez de falar de
Karatê em filme de Karatê, o professor passa a
questionar seus alunos e a perguntar quais opiniões e
conceitos são defendidos por aquela obra fílmica.
Isso é contribuir com a formação
integral dos alunos, isso é formar protagonistas em vez de
coadjuvantes.
Ficha
Técnica
Lançamento-
27 de agosto de 2010 (2h20min).
Dirigido- por Harald Zwart.
Com- Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson mais.
Gênero- Artes Marciais, Ação, Drama,
Família.
Nacionalidade- China, EUA.
Fonte
da Ficha
Técnica: Adoro
Cinema.