A
FUVEST (Fundação Universitária para o
Vestibular) divulgou no início do mês de agosto o
manual do candidato para o vestibular 2012 da USP (Universidade de
São Paulo) e da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Apesar de o manual não trazer novidades em
relação à prova de
redação, é sempre bom estar atento aos
critérios de correção que a FUVEST
divulga. Eles são simples e podem até parecer
óbvios, mas a realidade mostra que nem sempre são
tão evidentes assim.
Quanto ao primeiro critério da
avaliação, por exemplo, diz a FUVEST que quer
saber se o candidato se ateve ao tema proposto e fez, de fato, uma
dissertação. Parece mentira, mas, talvez pela
afobação, muitos candidatos acabam não
entendendo o que lhes é pedido na proposta.
É fundamental lê-la com toda a
atenção e, melhor ainda, fazer um breve resumo do
mote apresentado em cerca de cinco linhas. Além de garantir
que o candidato entendeu a proposta, essa síntese
já é um esboço do primeiro
parágrafo que deve ser escrito. Afinal, na
introdução do texto, o aluno deve expor, com suas
palavras, o tema sobre o qual vai falar.
Ao exigir uma dissertação, o avaliador quer
saber, essencialmente, se o vestibulando é capaz de
argumentar. Isso significa apresentar uma opinião acerca de
qualquer assunto, bem como as razões que a fundamentam.
Os alunos, em geral, fazem afirmações, mas
não apresentam as razões que têm para
acreditar no que dizem e para convencer o leitor do seu ponto de vista.
Eu comparo que fazer uma dissertação é
como chegar para o pai e dizer: “Eu preciso de um
carro”. Ora, o pai não vai se convencer da
necessidade do filho se ele não apresentar bons motivos que
a justifiquem.
Quando falamos em argumentação, já
estamos entrando no segundo critério da
correção, que é o da estrutura da
dissertação. Nesse item, a FUVEST logo se refere
a dois elementos essenciais de uma dissertação,
que são a coesão textual e a coerência.
Ora, a coesão é justamente a conexão
que o candidato estabelece entre suas ideias para argumentar.
São muitos os elementos linguísticos que tornam
um texto coeso, mas, em princípio, eles devem funcionar como
os sinais matemáticos das quatro
operações. Quando você escreve 1+1=2,
você conectou os três algarismos e escreveu uma
sentença matemática. Se você tirar os
sinais dessa sentença, ela, a rigor, não
significa nada: 1 1 2.
Ao redigir uma dissertação, o aluno tem de estar
atento aos “sinais” linguísticos que
vão relacionar suas ideias. Vamos a um exemplo simples,
citando o filósofo francês René
Descartes. Se você pegar duas palavras como
“Penso” e “existo”,
você não está argumentando. O que vai
criar a argumentação é o elemento de
conexão entre as duas ideias: Penso. LOGO, existo.
O terceiro critério é a expressão.
Nesse item, vale a pena lembrar que, antes de tudo, o aluno deve ser
claro e evitar a confusão. Para isso, é melhor
fazer frases curtas. Assim evitam-se problemas de má
conexão ou desconexão entre os termos dessas
frases.
Além disso, usar um vocabulário que ele
conheça, pois muitos tropeçam quando, na
tentativa de impressionar os avaliadores, falam – ou, nesse
caso, escrevem – difícil. Se os candidatos podem
ter certeza de uma coisa é a de que o vocabulário
dos avaliadores da FUVEST, em sua maioria gente formada em Letras pela
própria USP, costuma ser bem mais rico do que o de alunos do
final do Ensino Médio.
Antonio
Carlos Olivieri é
professor de língua portuguesa, jornalista e criador da
Página 3 Pedagogia &
Comunicação, especializada em desenvolver
conteúdo para sites educacionais, e do site
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