A Educação Especial e a Inclusiva Podem Caminhar Juntas - 28/10/2010
Professor Emílio Figueira
CompartilharUma
coisa não podemos negar: A internet é uma das
melhores e maiores aliadas da Educação Inclusiva.
Ela permitiu que esse conceito educacional se propagasse rapidamente
pelo mundo, fazendo circular documentos, relatos, opiniões,
ideias, conceitos, fóruns de discussões. Permitiu
o nascimento de milhares de sites, blogs e
publicações online em torno da
temática. Eu também tenho o meu blog e foi por
meio dele que, recentemente, recebi esta mensagem de uma mãe:
“Estou na Capital da Paraíba. Tenho uma criança especial, com 6 anos de idade, e é exatamente isto que está acontecendo. Antes ela tinha atendimento especializado na APAE e por conta desta política, fomos obrigados a matricular em uma escola da rede pública municipal. Apesar dos esforços e boa intenção dos educadores, eles não tem qualquer preparo e/ou apoio da secretaria de educação para aperfeiçoamento e melhor desenvolvimento da criança. Muito pelo contrário, notamos que essa situação tem sido prejudicial. Uma vez que a criança está regredindo. Visto que não é estimulada adequadamente”.
Esse tipo de comentário confesso que me deixa triste e, somando a ele, existem tantos outros que recebo. Peço licença ao leitor para comentar algumas informações que me tem chegado: o modo errôneo que a Inclusão Escolar vem sendo propagada em algumas escolas municipais e estaduais do nosso país.
Existem várias pessoas sem preparo técnico-pedagógico fazendo da inclusão escolar um “oba-oba”! O que quase ninguém tem coragem de dizer é que, atrás desse atual modelo de Inclusão com sérias intenções e ações efetivas, há também uma forte intenção política por parte de alguns oportunistas, infelizmente.
Governos das diferentes esferas têm “estimulado” e “forçado” a Inclusão apoiados em sérias leis, visando com isso diminuir seus gastos com a Educação Especial. Despeja-se, assim, as crianças com algum tipo de deficiência em classes comuns sem nenhum preparo das partes envolvidas, gerando prejuízos e maus comentários à filosofia da Inclusão Escolar.
Não podemos esquecer que muitas dessas crianças
com necessidades educacionais especiais, principalmente das creches ou
escolas de educação infantil, podem ser
beneficiadas com uma estimulação
precoce –
prestação de serviços educativos,
terapêuticos e sociais. Quanto mais cedo se iniciar a
intervenção, maior será o potencial de
desenvolvimento da criança.
Essa estimulação essencial – como também é chamada – proporciona apoio e assistência à família nos momentos mais críticos, trazendo benefícios para todas as crianças com atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor: crianças com deficiências múltiplas, com síndrome de Down, com sequelas motoras, com paralisia cerebral, com autismo e até mesmo com deficiência auditiva ou visual podem melhorar muito seu desempenho, ampliando a sua capacidade de interação com o mundo.
Certamente serei criticado por defender esse ponto de vista. Vejo muito radicalismo nos discursos dos defensores mais exaltados. Muitos pais – talvez desejando não passar por maiores constrangimentos por ter filhos com necessidades educacionais especiais em escolas especiais – querem mantê-los a qualquer custo no ensino regular, não importando se haverá estrutura para isso ou não. Muitos não procuram as terapias e atividades complementares ao desenvolvimento deles e afirmo isto baseado em muitos casos que já atendi e acompanhei!
Por outro lado, há profissionais e professores que entram na discussão sobre Inclusão Escolar já com uma mentalidade definida, nem ao menos procuram conhecer as bases históricas e a construção da Educação Especial iniciada no Brasil em 1854 com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio de Janeiro.
Seu reconhecimento inicial foi que crianças com necessidades especiais poderiam receber educação, mas isso só poderia ocorrer inicialmente por meio de uma política educacional que para os dias atuais sabemos ser segregadora – o que não era em outros momentos históricos.
Por longas décadas, a Educação Especial deu muito bem conta do recado, do mesmo modo que dentro do ensino especial temos profissionais de diversas áreas muito estudados, altamente preparados, muitos com amplos anos de experiências e serviços prestados com competência e resultados obtidos com sucesso. Em discursos radicais, estamos desvalorizando o trabalho e a memória deles e da Educação Especial. Aliás, sem perceber, estamos excluindo-os!
Muitos defendem que só uma transformação geral no ensino melhoraria a qualidade e a adoção de princípios democráticos. Haveria a garantia do ingresso incondicional e a permanência de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares.
Assim, o discurso da Inclusão Escolar incondicional concebido de forma radical por diversos movimentos responsabiliza a escola e a sociedade como um todo para educar adequadamente toda a diversidade humana. Isso obriga o sistema educacional a se reformular por completo e o resultado serão melhorias para todos.
Mesmo achando muito positivo essa postura, permaneço ideologicamente em outra corrente de pensamento que defende a Inclusão Escolar de forma paulatina numa convivência entre o ensino regular com o ensino especializado paralelamente até atingimos um sistema educacional em que teremos de fato uma “Educação para Todos!”.
Vários autores compartilham esta posição comigo dizendo que a solução não estaria em eliminar todos os meios e serviços auxiliares da Educação Especial. Isto sim seria discriminatório e prejudicial às pessoas com necessidades especiais que precisam desses serviços como garantia de acesso aos modelos de escolaridade comum.
Com o tempo, esses alunos terão possibilidades cada vez mais amplas às situações escolares regulares, cada vez com menor necessidade de apoio especial. Sua permanência na escola e entre os colegas favorecerá o seu desenvolvimento, comunicação, autonomia e aprendizagem e com efeitos emocionais positivos. Também acredito na Educação pelo afeto, influenciando indiretamente, ajudando as crianças na superação de suas dificuldades, ativando e conduzindo à via direta do desenvolvimento.
Posso dizer isto com conhecimento de causa. Por ter paralisia cerebral, passei os primeiros onze anos da nossa vida dentro de uma Escola de Educação Especial, numa época em que o isolamento era ainda mais latente.
Paralelo à educação, precisava de terapias, treinamentos de atividades da vida diária, estimulações físicas, motoras, fonoaudiólogas e psicológicas, dentre outras, sendo assistido por profissionais especialistas em diversas áreas. E hoje afirmo que tudo foi válido, pois quando eu fui transferido para uma escola de ensino regular, estava realmente preparado para uma nova etapa.
Veja bem: não que eu esteja defendendo ou afirmando que crianças com deficiência tenham que passar antes por uma escola especial, mesmo porque eu vivi e fui educado em outro momento histórico do qual estamos hoje. O que quero aqui é trazer para o nosso bate-papo um equívoco cometido pela política da Inclusão Escolar: ignorar os benefícios também oferecidos pela Educação Especial para a Inclusão e aproveitá-los em um trabalho via mão dupla de transição. E, nesta construção histórica, caminharemos para um futuro em que as Escolas de Educação Especial não tenham mais motivos para existir!
* Palestra ministrada nas Minas Gerais, a convite da Associação
Pestalozzi de São João Nepomuceno
que promoveu a Semana das Pessoas com Necessidades Especiais durante os
dias 21 a 27 de agosto. O evento apresentou uma diversificada
programação, tendo como ponto principal o
‘Simpósio sobre Inclusão", destinado
aos profissionais de educação.
** Professor Emílio Figueira - Psicólogo pela USC, pós-graduado em Educação Inclusiva, três especializações pela USP, atua há vinte anos como pesquisador-científico em instituições universitárias em duas linhas de pesquisas: Psicologia e Deficiência e Psicologia da Arte. Têm 85 artigos científicos e 24 livros individuais publicados no Brasil e exterior. Doutorado em Psicanálise e extensão universitária em Docência do Ensino à Distancia. Site pessoal: www.emiliofigueira.com.br
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6 COMENTÁRIOS1 maryse schouella - São Paulo
Bom dia,
Gostaria de obter o email do Emilio Figueira, Psicologo, Psicanalista, Jornalista e congratularló pelo seu sucesso, escreve a mãe de uma criança deficiente mental.
Grata pela consideração,
Maryse Schouella, Poéta 1412013
14/01/2013 08:03:25
2 Ana Albuquerque - Cabo Frio/RJ
Boa tarde Mariza, Estou fazendo Pós graduação em Educação Inclusiva e trabalho em uma creche que existe uma situação muito parecida com a de seu filho. Infelizmente existe um despreparo muito grande dos professores, por isso é mais fácil fazer de contas que não vejo nada. Talves seria bom realizar uma consulta com um psicólogo, pois só um profissional poderá diagnosticálo. Quem sabe com um diagnóstico preciso nas mãos você possa de fato lutar pela verdadeira inclusão de seu filho. Espero te ajudado, querendo entrar em contato para maiores esclarecimentos, o meu email é albuquea@oi.com.br. Abraços Ana.
20/08/2012 17:34:20
3 Miriam Oliveira da Silva - Armação dos BuziosRJ
Tenho uma filha, que foi adotada com 04 anos de idade, com vários exames que fizemos, diagnosticamos Hiperatividade + Retardamento Leve. Esta na escola,e tratada com psicologa, fono, Psiquiatria. Foi encaminhada para ir para ficar no horário da manha na APAE, para melhorar seu desempenho, na psicomotricidade e outros, ja que repete muito as coisas, quando fala.Agora que esta conseguindo pegar as letras e os numeros. O que vcs acham de ela ir para APAE muitos me falam que ela iria aprender gestos diferentes o qual ela não tem. Por favor me oriente se vai ser bom.
10/06/2012 19:37:55
4 Eva Simplicio - BH
Sou estudante de pedagogia e trabalho como auxiliar de apoio a inclusaõ.A única dificuldade que eu encontro é a falta de material de apoio na escola.Por exemplo:computador adequado, tesoura etc.A aluna precisa de um aranha mola para apreensão do lápis, um firmador de punho.Há dois anos que tento conseguir isso.Nem local para comprar encontro.A aluna tem atraso neuropisicomotor.
Vou opinar uma visaõ que tenho sobre a inclusão.O auxiliar de apoio deve ter iniciativa, interesse e gostar do que faz. È assim que faço não sou a professora dela mas busco conhecimento para ajudala.Quando fui contratada pela escola regular , eu não tinha nem uma esperiência com deficiencias, apenas estudante de pedagogia, mas,por gostar e ter paciencia com criança e ser a minha vocasão cheguei com muito interese apesar de ter ouvido que era apenas para socializar aquela criança por isso ela estava ali incluida.Mas, resiste e fui em busca de conhecimentos em cima de sua deficiencia e consegui preparar atividades fora do contexto do que era proposto pela professora da turma regular.Mas antes mostro a professora as atividades e ela aprova, nunca pasei por cima da professora e nem da cordenaçãopedagogica.Hoje recebo elogios de toda parte até dos pais que me agradesem sempre, acham que estou ate fazendo favor mas, não é isso é apenas o meu trabalho que abrasei com amor e dedicasão.
01/05/2012 12:49:02
5 maria auxiliadora da silva onety - manausam
Prof Emílio
Tenho uma filha ,hoje com 20 anos, com deficit intelectual. Moramos em ManausAM. Ela frequentou escola desde os cinco
anos. Só que o tempo passou e ela não conseguiu avançar na sua escolarização.Conhece letras e sílabas,mas não consegue ler. Pense numa mãe que luta desde o nascimento com essa filha,já fiz quase tudo,mas acredito que muito ainda terei que fazer,e uma delas é pedir sua orientação.Aqui com essa idade e sem ter conseguido ser alfabetizada,não encontro mais escola para ela e nem um local onde se trabalhe a profissionalização.
Especificando o caso dela.Minha filha é a minha segunda gestação,sendo que a primeira tive que interromper a gravidez, porque foi detectado,aos sete meses de gravidez que ela tinha anecrania.Fiz todos os acompanhamentos possíveis nessa primeira gravidez,quanto nessa segunda,mas as coisas não acontecem,muitas vezes,como planejamos. Ai nasceu essa minha filha Carolina. Então, como já havia tido um problema anterior,os cuidados foram redobrados. Quando ela estava com 2 anos decidi levála a um ortopedista porque não andava,era molinha e após avaliação,o médico encaminhou ao neurologista, e, este pediu a TC. O resultado:agenesia do corpo caloso + hipertelorismo.Já fui ao Sarah Kubtschek,em Brasília,há pelo menos duas vezes quando ela era bem pequena,só que encaminharam minha filha pra escolinha do Sarah. Como não morava lá não pude fazer um tratamento mais eficaz, e voltei pra minha cidade. Acredito que ela poderia estar bem melhor,se tivéssemos em um outro centro mais desenvolvido,como ainda acredito,hoje.
Enfim, peço sua orientação no sentido de o que devo fazer para desenvolvêla ,ainda, hoje, pois sinto que algo tem de ser feito . Estou até disposta a sair daqui da minha cidade,porque sinceramente não encontro nada que a meu ver atenda as necessidades dela e minhas expectativas. Digo isso porque acredito que minha filha esteja numa situação limítrofe, entre a pessoa especial e a dita normal. Me refiro ao aspecto de escolarização,porque sempre tive a indicação de profissionais de colocála em escola de ensino regular, só que na minha avaliação, ela não evoluiu muito, e , hoje, isso acarretou uma série de transtornos. Dentre eles: está fora do ambiente escolar,coisa que ela sempre gostou de ir. Como não tem uma rotina estabelecida fica em casa e vive stressada e me stressando também.Sinceramente falando me encontro numa situação em que não sei mais o que fazer. Por isso peço sua ajuda e orientação.
Obrigada antecipadamente
Abraços
MARIA AUXILIADORA DA SILVA ONETY
COND VILLA LOBOS BLOCO 1 Apto 202
Manaus Amazonas
Fone 92369464 32322846
27/02/2012 11:40:07
6 Mariza ELizabeth Acuña Muñoz - jacarei
tenho um filho de 7 anos que esta na escola como inclusão pois tem atraso no desenvolvimento mas nada diagnosticado ou compravado de doença!Tenho enfretado um problema enorme pois acho que a escola não esta preparada pára receber a inclusão pois os professores não sabem lidar com a situação e acredito eu que para ajudar uma criança os professrores tem que se especializar!!!Tenho recebido muita cobrança da parte da escola por um diagnostico e por tratamento ,mas não vejo que a escola se empenha a ajudar a criança com dificuldade !!! Luto por uma mudança e gostaria muito de saber se alguem pode me dizer se na inclusão é obrigado a ter um professor com educação especial!!Desde ja Obrigada!!
09/05/2011 13:50:54
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