Carpe Diem
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Gosto quando te calas - 27/08/2010
O poder do silêncio

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“Gosto quando te calas porque estás como ausente, e me ouves desde longe, e minha voz não te alcança.” Pablo Neruda – De veinte poemas de amor y una canción desesperada.

Fazer silêncio pode se tornar uma grande resposta a muito do que estamos vivendo. Em dias de grande tumulto como os nossos, em que a gritaria tem-nos ensurdecido, é agradável buscarmos o significado do silêncio, da ausência da voz.

O silêncio pode-nos servir como uma grande prova de carinho, de amor e de atenção. Quando fazemos silêncio, temos a oportunidade de dar mais atenção à fala do outro, daquela pessoa que sofre por não ser ouvida, por não ser compreendida dentro de sua maneira de ver a vida, de ver o mundo, de amar e de sentir-se amada, querida, aceita.

No poema de Pablo Neruda, o silêncio não é impedimento para ser ouvido, nem mesmo de longe, nem mesmo quando “minha voz não te alcança”. Talvez, ser ouvido para ele era de uma significância muito superior ao que nós hoje podemos entender.

Ser ouvido mesmo quando há silêncio é, assim, um mistério que cada um de nós somos convidados a desvendar diariamente nos mais diferentes momentos.

Ao que tudo nos indica, atribuir novos sentidos às palavras é uma das características de quem ama o outro, ama a vida, ama a si mesmo.

As definições secas das palavras presentes num dicionário qualquer podem tornar-se grandes barreiras para expressarmos o que realmente queremos dizer, aquilo que estamos sentindo, estamos vivendo ou sonhando em um dia viver.

Assim como o poeta consegue transformar palavras do nosso uso cotidiano em palavras repletas de poesias, tal como a lapidação de um diamante em seu estado mais bruto, dando formas nunca antes imaginadas, também podemos usar o silêncio para mostrar ao outro nossa preocupação com os seus interesses, com seus conflitos, com suas dores e com os seus sonhos mais insanos.

Aliás, o que mais pode ser o amor, a paz e a verdadeira preocupação com o outro senão insanidade num mundo cheio de pessoas que só pensam em si mesmas? Pessoas estas que gritam a ponto de se ensurdecer diante do choro e do sorriso de outro alguém.

 É, as mais belas poesias são escritas em meio a um profundo silêncio, o pode nos envolver e mandar embora a solidão que o abandono e que o barulho são capazes de fazer existir em nossos mais diversos relacionamentos.

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2 COMENTÁRIOS

1 miguel arnaldo - tete
o ke silencio
02/08/2012 17:21:55


2 Alessandra da Silva - São Gonçalo
Gostei do ARTIGO, precisava ouvir esse silêncio que tanto estava de incomodando.
21/09/2010 15:26:01


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