A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Individualismo e Solidão - 20/04/2010
Tendências da vida moderna

'

Falar de individualismo é falar também de egoísmo, tendência que é cada vez mais presente em dias de modernidade e de perda de bons valores que, por algum motivo, não estão sendo repassados aos nossos filhos e alunos. É cada vez mais comum vermos adolescentes, jovens e alguns adultos desrespeitando o idoso, a gestante, o deficiente físico ou quaisquer pessoas que, momentaneamente ou não, estão numa condição em que precisam de cooperação mútua e de compreensão.

Para se ter ideia de como as coisas estão ultimamente, certa vez uma criança na faixa etária de 6 anos, uniformizada para ir à escola, entrou num ônibus lotado de pessoas que diariamente o utilizam para se encaminhar aos seus trabalhos. Esta criança, na sua ingenuidade e devido ao pouco espaço disponível dentro do transporte público, encostou-se, despreocupadamente, à porta do ônibus em intenso movimento, ficando exposta aos riscos que tal imprudência submete qualquer um que ali se aventurar. Muitos a viram, mas somente uma pessoa após algum momento de inquietação diante da situação, manifestou-se em favor da criança cedendo-lhe lugar e a alertando dos perigos acerca de tal prática. Entre as muitas pessoas que a viram e que não reagiram, estavam mães, pais, avós, irmãos, primos...

Numa outra oportunidade, uma gestante, depois de um dia de muito trabalho, chamou um táxi para encaminhar-se à sua casa, mas fora surpreendida por um adolescente que, vendo o táxi, saiu apressadamente em direção deste adentrando-o, sem considerar que o transporte não fora solicitado por ele e, como se não bastasse, desconsiderando a gestante que ali estava presente. Com o injusto passageiro dentro de seu veículo, o motorista viu-se obrigado a solicitar outro transporte à gestante e a seguir viagem.

Situações assim acontecem com mais frequência do que possivelmente imaginamos, mas nem por isso podemos tomar as formas de tais agravos. Não, render-se a uma situação ruim é colaborar e aceitá-la mesmo com as degradantes características que certamente possui.

Com as nossas intervenções, nós, pais e professores, podemos e devemos direcionar esforços para dar novos rumos e moldes à vida de nossos alunos e da sociedade da qual somos parte, de maneira que situações como as listadas acima não se perpetuem.

Acontecimentos como tais só existem porque o individualismo excessivo tem sido constante em nossos dias. Ao ver alguma situação acontecendo com o outro, conceitos e perguntas do tipo “isso tem alguma coisa a ver comigo?”, “é com alguém da minha família?”, “isso pode me ajudar ou prejudicar em algo?” assolam a cabeça de parte significativa das pessoas atualmente. É o egoísmo que está reinando, pois se para tais perguntas a resposta for “não”, na maioria dos casos a pessoa que presencia algo acontecendo ao outro não oferecerá nenhum tipo de auxílio, preocupação ou gentileza.

A sensação que nos advém é que as pessoas estão fechadas em seus próprios mundos, olhando cada uma por si e ninguém por ninguém. Mundos individualistas, nos quais não há a preocupação com a mutualidade, promovem um coração tal como uma pedra, inerte e sem manifestar nenhum sentimento bom a alguém que não lhe diz respeito e, ao que se parece, o bem-estar de quase ninguém diz respeito às pessoas trancafiadas em seus próprios mundos. A questão é que Deus nos criou para sermos sociáveis e, por isso, precisamos saber cativar a amizade e o amor entre todas as pessoas.

Com tudo isso se tem a insensibilidade, a qual assusta e inibe quaisquer desenvolvimentos de vínculos duradouros, ou seja, o futuro de pessoas individualistas e egoístas é, certamente, um futuro de intensa solidão, uma vez que em casos assim o eu não dá espaço para o nós, o qual é componente indispensável para vivermos felizes.

Certamente, não é desejo de nenhum de nós, educadores, sabermos que nossos jovens estão caminhando em rumo à solidão e, por isso, precisamos acreditar que ainda há tempo para mudanças, acreditar que nossas ações, pedagógicas ou em casa com nossos filhos, têm poder de influenciá-los.

Com influência quero dizer que precisamos cativá-los primeiramente com a nossa forma de viver para depois persuadi-los à mudança de atitude e conceitos egocêntricos. Desta forma, é necessário ensinarmos pelo nosso exemplo, mostrando-os que o lado do amor, do companheirismo e do comprometimento com o bem mútuo é imensamente mais conveniente e adequado do que o lado do egoísmo que leva à solidão e ao isolamento.

Assim sendo, poderemos ter esperanças de uma vida melhor e, desde que não nos conformamos com os enganos do presente, o futuro certamente nos fará valer de tudo aquilo que estamos semeando nas cabeças e nossos corações de nossos alunos, filhos e de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, são pessoas tais como nós mesmos, que precisam ser assistidas com carinho, compreensão e amor.

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas
COMPARTILHE

DeliciusDelicius     DiggDigg     FacebookFacebook     GoogleGoogle     LinkedInLinkedIn     MySpaceMySpace     TwitterTwitter     Windows LiveWindows Live

AVALIE O ARTIGO





INDIQUE ESTE ARTIGO PARA UM AMIGO










6 COMENTÁRIOS

1 jocieli santos - sao gotardo
otimo texto existem evidencias que as pessoas concordam e outras que nao tem dificuldades no dia a dia dos jovens mas temos que intendelos é assim mesmo nossos jovens de hoje mais é duru ver que a realidade deles nao é nada muito bom para a gente ver pessoas concordam as vezes com opinioes que ate deus duvida mas respeitamos todas as opinioes nas escolas as vezes ajuda mas na maioria nao e é assim nosso mundo de hoje
19/10/2011 19:58:00


2 amanda danyele silva lima - queimadas_pb
HOJE em dia os jovens esato sendo egoista.CMO fazer para a cabar com isso?
08/10/2011 16:41:24


3 alberto - rio claro
é isso ai erika,infelismente dentro das escolas tambem vemos isto com frequencia e o pior são os professores os protagonistas.um abraço. alberto
18/05/2011 16:04:25


4 Thaís -
Érika, é muito bom saber que ainda existem pessoas que acreditam que a melhor maneira de ensinar é dando exemplo. As vezes muitos de nós, professores, nos esquecemos de que somos os exemplos a serem seguidos, e acabamos sendo influênciados pelos nossos alunos, aqueles egoístas que tentamos educar sem ter com eles um pingo de empatia, e é aí que nos confrontamos. Nós devemos ser a influência, e mostrálos que a melhor maneira de não se tornarem solitários, e de viver num mundo melhor, é aprendendo a olhar pelo outro, pois só assim, o outro poderá olhar por ele.
23/04/2010 20:14:37


5 Emílio Figueira - Sao Paulo
Érika, é duro ter que admitir, mas tudo que você fala nesse artigo é verdade. Esse individualismo também é tema do meu próximo livro onde digo que as pessoas estão alienadas em si mesmas e não reparam o seu próximo. Chego a pensar que tudo isso ocorre porque nosso sociedade perdeu valores morais e éticos. Parabéns pelo seu editorial!
20/04/2010 20:43:54


6 Mari - São José dos Campos
Querida Érika, lindo texto! Infelizmente nos deparamos com muitos acontecimentos descritos por você, o que me assusta é que algumas pessoas acham essas atitudes normais. E seu texto serve para refletirmos sobre nossas ações...
20/04/2010 11:34:29


ENVIE SEU COMENTÁRIO

Preencha todos os dados abaixo e clique em Enviar comentário.



(seu e-mail não será divulgado)


Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.