A Hora do Pesadelo - 30/03/2010
Parte I
Confesso que gosto muito do que faço (ser Diretor de Escola e Professor)... Confesso, também, que estou deixando de ter prazer naquilo que faço... Tornou-se comum na rotina escolar de um Diretor de Escola a lembrança por seus superiores de suas obrigações e dos comprometimentos legais que o “não cumprimento” de uma ordem acarretará (em toda solicitação de um serviço sempre há a lembrança de que o não cumprimento no prazo legal o diretor responderá por isso).
Nesses anos de experiência, como professor e especialista em educação (Supervisor de Ensino, Diretor de Escola, Vice-Diretor, Orientador-Pedagógico, Orientador de Componente Curricular), aprendi a lidar com essas pressões, as quais costumo chamar de “pedagogia política do erro programado”.
Os governantes (e os superiores hierárquicos) aplicam essa “pedagogia do erro”... Eles apostam que você (Diretor) vai errar, verdadeiramente torcem por você errar.
Isso
pode ser corroborado pelo volume de pedidos, pelas inúmeras
atribuições de última hora, pelas
“competências” delegadas garganta abaixo
e a seco.
O termo parceria sempre é utilizado para tentar amenizar
algo que não pode ser amenizado, afinal, se algo der errado,
é o Diretor de Escola que vai responder legalmente. Os
parceiros do Diretor de Escola jamais assumem nada.
A parceria fica restrita a apenas dois elementos: um elemento físico (que é o Diretor de Escola) e um elemento divino (que é Deus), pois na hora da distribuição de responsabilidades é cada um por si e Deus por todos. A parceria só fica nas palavras e, palavras, voam ao vento...
Nós, Diretores de Escolas, temos que ser “babás”, “vigias”, “contadores”, “mestre de obras”, “psicólogos”, “agentes da lei”, “feirantes”, “estoquistas”, “arquivistas”, “porteiros”, ahhhhhhh, e réus... Afinal, todos os males da sociedade, todo resultado de políticas errôneas e ações politiqueiras explodem na escola, na mão do Diretor de Escola.
Esse
filme é antigo e composto de muitas sequências,
ainda estamos na primeira parte de muitas outras que virão.
Professor Marcelo Luis dos Santos Antonio - Diretor de Escola,
Biólogo, Especialista em Gestão Escolar pela
UNICAMP.
1 jud - lobato
o texto é muito bom, mas tenho certeza que ainda há muitas mazelas escondidas em seu conteúdo. mazelas referentes à educação brasileira, que te muito de sujo e quase nada de sério. não sou diretora, nem o pretendo ser, muito pelo contrário, tenho muito dó dos diretores, que têm que engolir goela abaixo, verdadeiros absurdos impostos pelo sistema. e depois, vem o governo federal, gastar milhões com propaganda, pra valorizar o professor... eu me pregunto se é propagandinha com atores muito bem pagos da Globo que vai salvar a educação ? brasileira... ora, até nisso os mandantes são amadores...
10/05/2011 16:19:04
2 SILMARA TEIXEIRA - Nova Aliança SP
O texto traz, de maneira sucinta, os nossos dramas como Diretores de Escola. No estado de São Paulo tudi isto se soma à questão dos parcos salários.
05/06/2010 13:56:34
3 Lucas Augusto Monteiro de Castro - Belo Horizonte MG
O texto é simplesmente ótimo! O colega Marcelo conseguiu colocar as idéias de forma muito clara! As razões relacionadas ao texto mostram dois aspectos importantes: o primeiro se refere ao clientelismo assistencialista e político, onde o Estado mantém alunos através das eleitorais bolsas família e das progressões continuadas que reduzem os custos unitários o segundo por via de algumas escolas particulares, onde o aluno é, antes de tudo, cliente e freguês, representando a curva de demanda da empresa escolar. Então, como bem disse o colega, o jogo de empurra dos erros é feito para os gestores ecolares e professores. Como nos lembra o senador Cristovam Buarque: precisamos buscar no Brasil uma cultura de educação!
16/04/2010 08:13:40
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