Ensino de Línguas
Rômulo de Andrade Faria Tradutor e revisor técnico, foi consultor de línguas do programa Línguas Estrangeiras do Planeta Educação. Graduado em Letras – Português/Inglês – pela Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes – SP. Possui mais de 10 anos de experiência como professor de Inglês. Articulista das colunas de Ensino de Línguas, Cinema na Escola e Educação Inclusiva.

Falar inglês deve ser motivo de orgulho - 03/03/2010
Contexto social faz toda a diferença

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Todos os dias, tenho o costume de – logo pela manhã – acessar sites de notícias para me manter informado sobre o que está acontecendo no mundo. Infelizmente, assim como jornais impressos ou televisivos, os sites de notícias também têm o costume de dar preferência por notícias trágicas (pois dão mais audiência).

Porém, ontem pela manhã tive uma ótima surpresa enquanto navegava pelo site do UOL, quando me deparei com o título “Orgulho de falar bem inglês”. Sem pensar duas vezes, cliquei no link e fui direcionado para o blog do correspondente da Folha de São Paulo na China, Raul Juste Lores, no qual ele comenta sobre um programa da TV estatal chinesa que apresenta um concurso que valoriza quem fala bem a língua inglesa.

Tal situação, num primeiro momento, chama-nos a atenção pelo fato de ser um país comunista interessado em aprender o idioma capitalista, ou o “idioma do imperialismo” como é citado por Lores. Porém, além dos diferentes sistemas econômicos, está em questão – também – a briga entre os dois adversários pelo domínio do idioma universal, já que vivemos um momento em que só se fala sobre a ascensão do Mandarim como o idioma do futuro.

Mesmo tendo a possibilidade de vir um dia a ser falante nativo da língua predominante no mundo, os chineses ainda respeitam e admiram a língua inglesa e arrumam uma forma de estudá-la (com ou sem o auxílio de um professor).

No entanto, ao traçarmos um paralelo da situação dos chineses com a realidade e o contexto social brasileiro, o resultado não poderia ser mais triste. Na China, pessoas levam apostilas para os seus trabalhos e estudam a cada minuto disponível, enquanto no Brasil as pessoas preferem não repetir tal atitude para não ser repreendidas por seus superiores.

Há 11 anos, em 1999, o professor Zhang Lianzhog, do Ministério da Educação da China, disse que 200 milhões de alunos estavam estudando inglês para “entender outras culturas, abrir a cabeça, ultrapassar as barreiras da comunicação e aumentar a força intelectual do país”, com o objetivo principal de preparar a população para a abertura da China ao mercado internacional.

Enquanto isso, 11 anos depois – em 2010 – no país em que tudo o que vem dos EUA é considerado melhor ou mais atraente, a língua inglesa ainda encontra-se deslocada nas escolas públicas, principalmente por não ter influência nos resultados do IDEB. Nossa esperança é que, com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 (duas poucas coisas que atraem o interesse dos brasileiros), a circulação de estrangeiros no país e a necessidade da língua inglesa façam o idioma universal ser mais valorizado em terras tupiniquins.

A questão é: Acordaremos antes ou depois da Copa? Se acordarmos, já estaremos no lucro.

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9 COMENTÁRIOS

1 Henrique - Porto Alegre
Tenho 38 anos e vivi até hoje muito bem sem me meter com esse dialeto alienígena. Minhas funções profissionais não dependem desse treco e não me interesso pela cultura estadunidense, assim como não preciso interagir com estrangeiros e jamais irei viajar pra outras nações. Neste contexto aprender tal dialeto seria uma total perda de tempo e desperdício de dinheiro. Claro que me deparei com um problema recentemente ao ingressar na faculdade onde curso uma cadeira de inglês instrumental, que acabei contornando com o uso de trabalhos que vão garantir uma nota suficiente para ser aprovado. Detesto esse dialeto irritante.
08/08/2013 10:53:19


2 Rômulo Faria - São José dos Campos
Complementando o artigo, segue o link para uma notícia publicada na última 6a feira no site do MEC: http://migre.me/qrdW Ensino de idioma entre Brasil e Estados Unidos é fortalecido
22/03/2010 17:55:29


3 Erica - Caçapava
As pessoas ainda tem um certo preconceito com o ensino de uma Língua estrangeira. Ficam preocupados com a super valorização da língua mãe e se esquecem do resto do mundo. É importante sim a Língua mãe e estudála para fazer uso dela para dentro da sociedade em que vivemos, porém é só abrir a janela e um mundo inteiro está ao nosso redor, que não fala uma só Língua. É fato que a Língua Inglesa é usada por muitos países e não estudála , é como fechar a janela e ficar num quarto isolado, sem contato com a vida lá fora. Parabéns pelo artigo!!!!!!!!!!
15/03/2010 10:28:28


4 Camila León - São José dos Campos SP
Muito interessante a sua reflexão a respeito da importância de se aprender inglês nas escolas públicas brasileiras. Concordo com a sua opinião, mesmo considerando os outros olhares baseados em contextos diferentes. Como já sabemos, o aprendizado de uma segunda língua desde a infância só traz benefícios para o estudante, então, não vejo o porque de não iniciarmos este proposta desde já. Abraços
08/03/2010 08:59:36


5 Rodrigo Ruivo - São Paulo / Osasco
Beleza Rômulo? Meu nome é Rodrigo e sou estudante de Letras do Centro Universitário FIEO UNIFIEO Em relação ao seu artigo, o que me chama atenção é que os próprios estudantes de Letras possuem resistência quando o assunto é a disciplina de Inglês. É muito comum, pelo menos para mim, escutar expressões do tipo ...ai eu odeio Inglês, “...você é doido gostar de Inglês” ou ...eu prefiro Português. É uma pena, pois perdemos ótimos profissionais de ensino, oportunidades profissionais, mudanças no cenário educacional, enfim, uma nova postura perante o mundo. Eu só sei que já estou no lucro jejejeje Parabéns pelo seu artigo. Take care!
08/03/2010 01:55:49


6 Vanessa Malhone - São José dos Campos S.P
Rômulo, muito bom o artigo!!! Nos leva a grandes reflexões!!! Parabéns!!!
05/03/2010 15:04:11


7 Lorena Bristow - São José dos Campos
Rômulo, Sabemos que a capacidade de comunicação, seja ela por domínio da linguagem falada, escrita ou corporal, sempre nos trás conseqüências positivas, mas infelizmente estudos apontam que apenas 55 das pessoas que nascem no Brasil dominam a língua suficientemente bem. Diante dessa informação, concordo com a opinião da Mariana, sobre a priorização do domínio da língua portuguesa em relação à língua Inglesa. Porem acredito que o domínio do nosso idioma pode ser classificado por nós brasileiros como uma OBRIGAÇÃO. E sim, com certeza, falar inglês deve ser motivo de orgulho, já que quase metade dos brasileiros não dominam o seu próprio idioma.
04/03/2010 17:46:06


8 Mariana - Juazeiro
Não acredito que falar inglês seja motivo para termos orgulho. Orgulho eu teria se falasse e dominasse bem a minha língua. É inegável a importância do Inglês com copa/olímpiadas ou não, mas essa consciência só despertará, sobretudo nas escolas públicas, quando a necessidade vier até a porta, como os Chineses.
03/03/2010 17:48:22


9 Vanessa Brites Genesio - São José dos Campos SP
Rômulo, adorei seu artigo! Parabéns! E infelizmente, a jornada de mudança é longa para o Brasil, já que o investimento em educação é tão baixo e não priorizado. Mas como pedagoga e professora de idiomas, tenho esperança que este cenário mude para melhor o quanto antes, e que possamos acordar antes que seja tarde.
03/03/2010 09:30:17


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