Ensino de Línguas
Falar inglês deve ser motivo de orgulho
Contexto social faz toda a diferença
Todos os dias, tenho o costume de – logo pela manhã – acessar sites de notícias para me manter informado sobre o que está acontecendo no mundo. Infelizmente, assim como jornais impressos ou televisivos, os sites de notícias também têm o costume de dar preferência por notícias trágicas (pois dão mais audiência).
Porém, ontem pela manhã tive uma ótima surpresa enquanto navegava pelo site do UOL, quando me deparei com o título “Orgulho de falar bem inglês”. Sem pensar duas vezes, cliquei no link e fui direcionado para o blog do correspondente da Folha de São Paulo na China, Raul Juste Lores, no qual ele comenta sobre um programa da TV estatal chinesa que apresenta um concurso que valoriza quem fala bem a língua inglesa.
Tal situação, num primeiro momento, chama-nos a atenção pelo fato de ser um país comunista interessado em aprender o idioma capitalista, ou o “idioma do imperialismo” como é citado por Lores. Porém, além dos diferentes sistemas econômicos, está em questão – também – a briga entre os dois adversários pelo domínio do idioma universal, já que vivemos um momento em que só se fala sobre a ascensão do Mandarim como o idioma do futuro.
Mesmo tendo a possibilidade de vir um dia a ser falante nativo da língua predominante no mundo, os chineses ainda respeitam e admiram a língua inglesa e arrumam uma forma de estudá-la (com ou sem o auxílio de um professor).
No entanto, ao traçarmos um paralelo da situação dos chineses com a realidade e o contexto social brasileiro, o resultado não poderia ser mais triste. Na China, pessoas levam apostilas para os seus trabalhos e estudam a cada minuto disponível, enquanto no Brasil as pessoas preferem não repetir tal atitude para não ser repreendidas por seus superiores.
Há 11 anos, em 1999, o professor Zhang Lianzhog, do Ministério da Educação da China, disse que 200 milhões de alunos estavam estudando inglês para “entender outras culturas, abrir a cabeça, ultrapassar as barreiras da comunicação e aumentar a força intelectual do país”, com o objetivo principal de preparar a população para a abertura da China ao mercado internacional.
Enquanto isso, 11 anos depois – em 2010 – no país em que tudo o que vem dos EUA é considerado melhor ou mais atraente, a língua inglesa ainda encontra-se deslocada nas escolas públicas, principalmente por não ter influência nos resultados do IDEB. Nossa esperança é que, com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 (duas poucas coisas que atraem o interesse dos brasileiros), a circulação de estrangeiros no país e a necessidade da língua inglesa façam o idioma universal ser mais valorizado em terras tupiniquins.
A questão é: Acordaremos antes ou depois da Copa? Se acordarmos, já estaremos no lucro.