Cinema na Educação
 

2012: Utopia ou Realidade? - 08/02/2010
Michelle Cristine Laudilio de Souza

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Lembro-me que quando era criança, uma incerteza atormentava o desejo de realizar meus sonhos. Isso porque todos os meus sonhos para se tornarem realidade era necessário mais idade. E pedi que o tempo passasse logo, era um risco. Não por que eu ficaria mais velha, ou fosse obrigada a assumir a tal responsabilidade, mas porque tinha medo do ano 2000.

Desde os 07 anos, as pessoas comentavam que o fim do mundo seria no ano 2000. Fogo, meteoro, pedras, raios, trovões, na verdade não importava o que causaria o fim ou a causa dele. Poucos queriam saber sobre as causas, o que se sabia é que o mundo iria acabar e nada e nem ninguém seria capaz de escapar desse destino cruel traçado para uma coletividade.

Confesso que esse destino incerto fez com que eu pensasse que o meu sonho de ser uma grande professora, não passasse de uma utopia. Eu nunca conseguiria ensinar as pessoas, pois não existiriam pessoas, quer dizer, eu também não existiria. Era como se tudo que eu fizesse para ser “alguém na vida”, não tivesse mais sentido quando chegasse o ano 2000. 

E o pior é que nada me dizia o que eu poderia fazer para tornar a suposta realidade em apenas conto da carochinha.

Passaram-se 14 anos... passou o ano 2000. E olha só, estamos especificamente no ano 2010, ano que realizei meu sonho de criança...Formei-me, e o mundo não acabou como me disseram. Ainda estou viva e acredito que você que está lendo também, só não sei se estaremos daqui a 02 anos, pois se cogita mais uma nova data para o fim do mundo.

Recentemente foi lançado o filme 2012. Agora, temos dois mil e doze motivos implícitos e explícitos para os que se emocionam, refletem ou até mesmo se encantam com os extraordinários efeitos especiais. O filme nos deixa diante de mais um enigma dentre muitos outros que ainda não conseguimos responder. Afinal, o mundo acabará em 2012?

Apresentando uma profecia da cultura Maia, que defende que a terra, como conhecemos, terá um fim no ano de 2012, o filme mostra como cientificamente o mundo acabaria e junto com ele as pré-ações humanas para manter-se vivo em meio ao caos.

Isso implica pensarmos que daqui a 02 anos todos os sonhos que idealizamos não passariam de simples sonhos. Não sei se conseguirei ser uma grande jornalista (por formação), se trabalharei para algum jornal, se serei repórter, apresentadora, editora, enfim, daqui a dois anos tudo poderá acontecer, inclusive nada. 

Então, o que fazer? Esperar o fim do mundo para perceber que um par de sapatos da Nike, uma calça da coca-cola, uma casa no bairro nobre da cidade, um carro do ano, uma roupa da moda ou de grife, status social ou qualquer outra coisa que nos faz sentir-se acima de alguém, não passa de um estado momentâneo que não engrandece nem nos livrará da última fase do ciclo da vida: a morte?

O filme representa também as reações mundiais para um problema mundial. Ter dinheiro e comprar um lugar na Arca da vida por milhões de euros não deu a vida a quem obteve a ‘sorte’ de fazer parte das classes favorecidas da sociedade. Ser negro ou branco, rico ou pobre, influente ou marginalizado; budista, católico, protestante ou crer em qualquer crença não nos livrará da morte.

Assistindo ao filme, perguntei-me se seria tão emocionante aqueles efeitos especiais na realidade, se conseguiríamos escapar através da arca e parar na África, sãos e salvos para contar às outras gerações que o mundo não acabou, como no ano 2000...Porém, uma coisa eu tenho certeza: se ele não acabar em 2012, acabará o mais rápido que imaginamos. Basta ligarmos a televisão e verificarmos as modificações naturais.

O mundo está se acabando aos pouquinhos. Esquentando aqui, acolá; enchente ali, outrora aqui. Muitos dizem que é a fúria da natureza. A Tsunami, o furacão Katrina, a tragédia em Nova Orleans são apenas reflexos que ela existe ou, ainda, representa a revolta injusta dela com os pobres seres humanos que só querem viver bem (será qual o melhor conceito de viver bem, o das civilizações antigas ou contemporâneas?). Injusto são seres ‘racionais’ esquecerem que a natureza não se revolta, apenas chora, vendo seu fim, dia após dia.

Entretanto, como pensar na natureza se o que queremos mesmo é conforto, não importando como. Seres humanos não aguentam mais andar léguas e léguas, temos carro, moto... Trabalhamos o dia inteiro, dedicamos-nos, perdemos noites de sono... Será que não temos o direito de ir de carro até a padaria da esquina? É conferência em Estocolmo, protocolo de Kyoto e agora Copenhague. 

Para quê tantos encontros que não resolvem nada, nos quais os países ricos só querem continuar mais ricos? Somos felizes assim: convivendo com todos os problemas climáticos, desmatamento, devastações, quem foi que disse que a vida é um mar de rosas? Não suportamos todos essas reuniões que querem limitar os avanços da humanidade e a felicidade cada vez mais sedentária de nós, seres ávidos por conforto.

Será que não temos o direito de tomar um banho quente de duração de 1 hora? Dormir com a televisão ligada? Ora, pagamos nossa energia, trabalhamos para isso... Danem-se as próximas gerações! Não estarei vivo mesmo em 2050... Querem ter vida boa, ralem, trabalhem, recriem o mundo! Só queremos aproveitar as inovações tecnológicas, os últimos lançamentos de carro, celular, enfim, gostamos das turbinas industriais, CO2 significa progresso, vida boa...

Então, pergunto: até quando acharemos que aproveitaremos as ilusões progressistas do CO2 e daqueles que em excesso prejudicam a mãe natureza? Confesso que acreditei que quando fomos abalados com grandes “tragédias” naturais, a exemplo de tantas em 2009 - queimadas na Califórnia, chuvas fortíssimas no Piauí (no Piauí?), enxurradas no Sul e tantas outras - pensei que pelo menos metade da população mundial se conscientizaria. Pura ingenuidade. 

Basta olharmos para o que está acontecendo novamente no Sul, em São Paulo. Inúmeras pessoas perdendo casas, familiares, vizinhos, amigos e alguns até a vida. E não é por que está chovendo demais, é simplesmente por ERRO humano. Afinal, de quem são os sacos plásticos, entulhos, enfim, a sujeira que impede que as águas escoem pelos bueiros? 

Falta de higiene e educação, seres impiedosos que clamam justiça, reclamam dos céus, mas não têm a sensibilidade de jogar o lixo no lixo. Criminosos, egocêntricos que querem viver muito bem, sem se preocupar com aquela que nos permite viver, a natureza.

Quando faremos nossa parte? Quando agiremos em prol da natureza? A permanência ou obtenção da vida depende de atitudes. Atitudes reflexivas, críticas, coletivas. Pensar no outro é um grande passo. Pensar na natureza é pensar em existência na terra. Pensar em si, é pensar em nada. 

Espero que um dia, todos pensem em ‘nós’ porque, ao contrário do filme 2012, quando o mundo vier acabar não teremos atores principais que sobrevirão e chegarão ao Cabo da Boa Esperança, lamentando-se por não terem pensado no futuro e nas novas gerações.

Michelle Cristine Laudilio de Souza - Formada em Letras Inglês e suas literaturas; Estudante de Comunicação Social - Jornalismo em multimeios - na UNEB em Juazeiro- Bahia.

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas
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23 COMENTÁRIOS

1 Júlio Manuel - São Paulo
Acredito que o mundo sempre mudou independentemente de haver alguma civilização espertona para dizer o que vai acontecer, acho que o que pode acontecer agora é alguma mudança no comportamento do planeta, digo o planeta Terra não as civilizações que nele habitam, o que seria uma consequência elas mudarem junto. Agora Terra se abrindo, o Sol explodir, não creio que possa acontecer assim tão de repente, afinal são eventos de grandíssimo porte que não acontecem com hora marcada
03/12/2012 15:30:07


2 Angela Gomes Canuto - GoiâniaGO
Olá, Michelle.. Muito bom o seu artigo, você conseguiu relacionar o filme com a nossa realidade e nas entre linhas nos deu um puxão de orelha, precisamos acordar para a realidade antes que seja tarde demais.... Parabéns!!!!!!!!!!!1
02/10/2012 15:31:02


3 Walter Santos - Belém Pará
Parabens Michelle pelo seu trabalho. preciso de um favor seu necessito o email ou número de celular para falar com a Joktânia Corrêa de Sousa q apresentou um trabalho com vc, o trabalho se chama: Memorial do documentário: “Letras Inglês FFPP, reconstruindo nossa história”. se vc puder me ajudar ficarei mt agradecido vc pode me mandar por email. waltersantos@hotmail.com. obrigado.
21/11/2010 01:01:04


4 Michelle Laudilio - JuazeiroBa
Olá, Jailton de Sousa Xavier! Só agora vi seu comentário! É uma honra ser utilizada como fonte.Acredito que todos aqueles que escrevem, de certa forma, gostaria de ser base em determinado assunto.Além disso, o texto tem mais é que circular o nosso país, porque mais que uma reflexão individual, o texto foi produzido na intenção de conscientizar aqueles que o lêem.
12/07/2010 07:30:50


5 Jailton de Sousa Xavier - Areia BrancaRN
Olá Michelle Sou professor da rede pública estadual e desenvolvo um projeto Cinema nas escolas e no dia 12/05/10quarta amanhã o filme em cartaz é exatamente 2012. Após a exibição do filme são feitos trabalhos pedagógicos com os alunos sobre o filme que é exibido. Li seu artigo e, cientificamente citando as fontes, vou utilizálo com os alunosas na condição de referencial bibliográfico, ok? Parabéns pelo texto. Att. JSX.
11/05/2010 23:23:45


6  Jânio Fábio - Juazeiro
Muito bom artigo, Michelle. compartilho com as suas impressões. Você conseguiu e com muito primor conciliar as informações reais com elementos da sua subjetividade e , de certo modo, da nossa também. ah, michelle, foi tão emocionante. Você tem futuro, quer dizer, isso se o mundo não acabar em 2012. Parabéns
23/02/2010 14:49:52


7 Paulo Castro - São José dos Campos
Percebi sua angustia ao ver todo aquela cena do filme, acredito que as telas nos impressiona mas se tudo aquilo fosse verdade , é apenas produção cinematografica de efeitos epeciais computadorizados, ao humanidade realmente está fadada no fim . concordo com vc sobre preservarmos a natureza e perpertuar a vida do planeta para futuras geraçẽs, o homem é natureza e se perdeu no momento de achar que melhor pra mim e se não é bom para os outros o problema é dele , ai já viu todos pensam ne sentido egocentrico e vira uma bola de neve incontrolada e quem sobre é o meio ambiente que procura se equilibrar ,mas gera desequilibrio ambiental e formas esses dilúvios, causando desconforto ao homem mas é fato da ação e reação do homem e não a furia da natureza. O homem tem que se descobrir o sentindo do eu par um EU DIVINO imagem e semelhança do CRIADOR e fundirse NELE para viver como verdadeiro pacificador em tudo e todos. o fim se vem ou nao , isso sabemos que um dia voltaremos para o DIVINO CRIADOR e viver UNO com ele . assim nem um dilúvio não temerei e nem sofrerei pois a nossa morada não é aqui e sim com UNO SER de amor profundo de nossa existência verdadeiras . vamos viver de modo natural em harmonia com a natureza e principalmente a sua própria natureza ESSÊNCIA do SER DIVINO IGUAL A DEUS. Parabêns!.
22/02/2010 09:56:52


8 Edna Maria Alencar de Sá - Petrolina PE
Michelle, Parabéns pela produção do texto. Sempre percebi o seu interesse, a sua desenvoltura em sala de aula. Espero que nas suas leituras e releituras possa aprofundar as suas idéias, originando novas publicações. Muito sucesso! Um abraço, Edna
20/02/2010 22:08:11


9 Profª. Antonise Coelho - Petrolina PE
Querida Michelle, Estabelecer comparações entre sua infância e as angústias da modernidades me fez recordar também que tive preocupações similares. Elabore outras reflexões, pois será a melhor maneira de aprofundar seus conhecimentos, amadurecer. A escrita permite uma aprendizagem inusitada. Quando a revelamos, estamos expondo nossas marcas, nossas dores e alegrias. Parabéns. A humanidade precisa aprender a cuidar melhor do nosso planeta.
18/02/2010 22:58:37


10 Joao Barbosa - Juazeiro
Parabéns pelo texto Michele. Ele está muito bom e traz uma reflexao importante sobre a natureza. Continue escrevendo e usando as letras como arma para defesa de um mundo melhor.
17/02/2010 11:54:04


11 Luiz Alberto Rodrigues - Juazeiro Bahia
Lendo seu email, sabendo o quanto você é jovem, vejo que este mundo não está ainda totalmente perdido.Sabe? Esta semana assistindo aos jogos das olímpiadas de inverno e fazendo uma comparação com o nosso nefasto carnaval, tive a confirmação do porquê do desenvolvimento de tantos países, social e economicamente, enquanto nós marcamos passos e vemos a nossa sociedade mergulhar no vulgar e na violência. Parabéns, sinto orgulho de ser seu colega. Luiz Alberto
17/02/2010 10:49:01


12 Jhennifer Cavassola - Sorrisso MT
Maravilha de texto primo! PARABÉNS! Até hoje, lembro daquela vez, da época de colegial nossa, que falaram que o mundo acabaria no dia tal de setembro, dai teve o 11, que foi um crime feito pelo homem rss. Mas é verdade, pra que exagerar tanto? Acho que todo mundo da pra se contentar com pouco. Mas o que seria pouco? E quem tem não tem agua, nem luz nenhuma? E os lixos, porque jogalos na rua se há 1 metro de distancia tem uma lixeira. São tantos erros cometidos por nós seres humanos, tantos... Quanto ao filme, a gostei, porém por causa do trailer, esperei mais dele, pois mostrou cenas fortes e parecia que seria um filme de muita ação, mostrando o medo e desespero, e no entanto foi mais um documentário. Costumo dizer que se eu não tivesse visto o trailer, teria amado o filme, aquele trailer não ornou. Beijos prima, amei o texto! PARABÉNS!
16/02/2010 07:01:46


13 lícia Maria - Salvador
Não encontro palavras para definir o que senti lendo o seu tão bem elaborado texto feito com amor, com a alma. Este texto toca de verdade o coração e a conciencia de quem o ler com a devida atenção que ele merece.Parabens Michele, vindo de voce não me surpreende. So posso te desejar todo o sucesso e felicidade do mundo. bjs.
14/02/2010 13:31:31


14 Ariadne Helena - Petrolina PE
O texto nos faz refletir quão irresponsável o ser humano foi e está sendo durantes todos esses anos. Espero que ainda haja salvação para essa espécie de seres tão irracionais. Muito lindo o texto. Parabens Michelle.
13/02/2010 13:09:34


15 Adilson Guirra - Antonio Gonçalves
Parabéns Michelle o seu texto é uma obra de arte a cerca de tantas coisas ruins que nos cercam, adorei a forma como relata seu medo de infancia do mundo acabar sem você ter conquistado seus sonhos, medo esse que com certeza aterrorizou muitos de nós e hoje aterroriza mais ainda e como você diz não por causa de uma profecia, mas sim por causa da realidade, de um povo racional adorei você ter colocado o racional entre aspas que culpa a natureza, os céus e até mesmo Deus por coisas que nós cometemos... a vontade é de escrever outro texto parabenisando o seu, porem acabaria repetindo maioria de suas palavras, então... meus parabéns você tocou fundo na minha conciência e no meu coração!
13/02/2010 12:31:10


16 Lú Kelly - Juazeiro
Muito bom seu texto, nos faz refletir sobre nossa influência no curso da natureza!!!Parabéns Michelle, vc sempre me surpreende com seus textos!!!!
13/02/2010 11:59:18


17 Sarah - Juazeiro
Muito Bom!
13/02/2010 01:16:29


18 Jadnaelson - Juazeiro
Quantas ideias boas.O texto foi construído de forma tão interessante,ele nos surpreende.As reflexões acerca da questão ambiental também foi muito bem embasada.Parabéns Michelle Laudilio
13/02/2010 00:39:04


19 Nelson - Juazeiro
Muito bom! Um crítica reflexiva, para a qual todo habitante do nosso planeta, precisa ser despertado. Senão será como voce disse: lamentaremos por não ter pensado no futuro e nas nossas futuras gerações.
12/02/2010 10:57:27


20 Rose - Juazeiro
Verdade!Até quando resolveremos fazer a nossa parte...Se cada um fizesse como o Beijaflor, talvez não mudaríamos o mundo totalmente, mas grande parte dele.
10/02/2010 10:18:13


21 Neto Rocha - Petrolina
Parabéns pelo texto preciso, inspirador e fluentemente critico.Uma boa analise sobre os principais problemas enfrentados pelo homem moderno.Texto digno de aplausos por prender a atenção do leitor e abordar temas atuais.
09/02/2010 00:25:05


22 Mirelle - Salvador
Bom texto!
08/02/2010 22:45:04


23 Alex Silva dos Santos -
Texto excepcional e de extrema veracidade. Eu o li tendo a felicidade da constatação que mais pessoas pensam da mesma forma que eu referente às mudanças climáticas e a influência do homem nesse fato. Por mais que muitos progressistas queiram desmentir isso. Será que o homem só consegue existir se tiver que destruir? Será que teremos que ser comparados a vírus ou alguma espécie de câncer? Algo que sai destruindo o corpo no qual vive. Um parasita?! Pena que a cada dia isso fica mais confirmado. Queria que essa matéria não tivesse fundamento algum, mas tem. Pena!
08/02/2010 22:19:27


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