Sobre o Caso Uniban - 09/11/2009
Falso Moralismo e Contextualização
Manchete de jornais e de programas na televisão há alguns dias, o caso da aluna da Uniban, que foi à aula usando um vestido colante e curto demais, ganha repercussão ainda maior depois da notificação da expulsão da referida estudante pela universidade. A situação ganhou enorme repercussão por conta do assédio moral de alunos e até mesmo de funcionários e professores sobre a aluna por conta de seus trajes inadequados ao espaço educacional. Assédio que virou apupo público, com direito a registro através de imagens que mostraram ao país todo, não apenas o erro individual, mas principalmente o erro coletivo e o institucional...
Não há qualquer sombra de dúvida que o vestido era inadequado ao espaço universitário, à sala de aula, à concentração de colegas e aos funcionários... Mas, certamente, a reação foi desmedida e desproporcional, além de demonstrar como ainda impera o falso moralismo entre muitas pessoas...
Se a aluna estivesse indo a uma “balada”, ou se fosse à porta da universidade apenas para encontrar-se com amigos e encaminhar-se a algum “barzinho”, tudo passaria despercebido. Na realidade, se alguém, ou mesmo um grupo pequeno de pessoas, não estivesse a postos para ‘levantar a lebre’ do traje colante e curto em demasia, é possível que hoje a situação na instituição continuasse dentro de uma aparente normalidade...
Há hipóteses a respeito do fato, por exemplo, a de que a jovem tenha de alguma forma adicional, resolvido chamar a atenção geral, não apenas pelo uso dos trajes inadequados, mas também com algum comportamento que a colocasse ainda em maior evidência, a ponto de provocar a ira coletiva, o assédio moral...
Podemos pensar, também, que as pessoas que iniciaram o apupo coletivo e incitaram a maioria ali presente a participar, tenham alguma diferença com a agredida... Mas, como provar tanto uma como outra possibilidade?
Agora, de qualquer forma, a participação de funcionários e professores, conforme registrado na grande mídia, na mobilização geral contra a garota é inaceitável e atenta contra a imagem da instituição.
Aos funcionários e professores caberia (e assim sempre será) o importantíssimo papel de mediadores da situação, ou seja, das pessoas maduras que devem, a despeito de sua opinião favorável ou desfavorável aos trajes da aluna neste caso, evitar que a situação viesse a ganhar os contornos lamentáveis e a repercussão enorme que está tendo...
Neste sentido, vale sempre lembrar que qualquer instituição educacional deve ter sempre em mente o compromisso de formar integralmente seus alunos – da educação infantil à universidade – o que infere, inclusive, a questão da contextualização do indivíduo aos espaços em que circula. Pode parecer óbvio aos olhos de todos que ninguém deve ir à universidade com vestidos curtos e colantes ou com bermuda e camiseta regata, mas muitas vezes é preciso deixar isto bastante claro aos olhos de todas as pessoas que por ali circulam, em especial, aos estudantes.
Tal tipo de moderação e instrução, por mais básicas e elementares que pareçam ser num mundo como o atual, em que tudo parece ser possível e permitido, é de essencial importância. Deve fazer parte, inclusive, daquilo que é conhecido pelos educadores como contrato pedagógico firmado com os alunos – que pode ser tanto o documento oficial da instituição assinado pelos estudantes e por seus representantes legais (os pais, na maioria dos casos) quando entram na escola, quanto àquilo que é acordado entre os professores e os alunos no que tange aos objetivos, metas, regras e bases de convívio esperadas para as matérias ou disciplinas cursadas.
Agora, o que assistimos nas imagens do assédio moral à estudante da Uniban incorreu naquilo que é conhecido há séculos como falso moralismo, isto é igualmente indubitável. Vale até lembrar a memorável canção de Paulinho da Viola, cujo título é “Falso Moralista”, que nos remete à célebre máxima cristã, “quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”...
Roupas justas, microssaias, decotes ‘generosos’, camisetas que permitam ver os músculos e o peitoral de garotos malhados, calças ou bermudas que procuram dar ênfase aos dotes masculinos e outras variações do jeito jovem de vestir e “seduzir” nos dias de hoje, não são exclusividade da jovem discriminada na Uniban. Certamente há outras pessoas como ela na própria universidade na qual o fato ocorreu, assim como em inúmeras escolas e faculdades brasileiras e estrangeiras...
Como o papel da escola é educar, o que se esperava da instituição é que orientasse desde o princípio os seus alunos quanto à forma como deveriam não apenas se vestirem, mas também se comportarem (tendo em vista o futuro profissional e pessoal dos alunos) em ambientes diferenciados, como o acadêmico, preparatório para o amanhã, para o mercado de trabalho, para a vida em sociedade...
Ao invés disto, a universidade se complica ainda mais ao anunciar em jornais e outros meios de comunicação, a expulsão da aluna, que de agredida e apupada, vítima de assédio moral, ainda que errada quanto aos trajes inadequados que utiliza nas instalações da escola, tornou-se, aos olhos da comunidade educacional em que estava inserida, a grande responsável e única culpada por tudo...
O MEC já declarou que irá notificar e buscar explicações da Uniban, mas o prejuízo já foi causado. Grupos que defendem os direitos das mulheres já estão se manifestando através da internet e dos jornais, demonstrando sua enorme insatisfação com o que declaram ser uma enorme injustiça. A ação da Uniban está sendo qualificada como discriminatória e ofensiva aos direitos individuais. Especialistas em educação e direito, em depoimentos nos jornais, consideraram muito grave a ação da universidade, opinando que em casos como este, e levando-se em consideração que a aluna não era reincidente, o máximo a fazer seria adverti-la (pena aplicada a alguns estudantes envolvidos no assédio moral, que demonstraria, ainda, que se utiliza “dois pesos, duas medidas”) ou suspendê-la das aulas por alguns dias.
De qualquer modo, creio que a continuidade da estudante na Uniban seria desde já impossível, mas a sua desistência consciente e espontânea, e não a expulsão, seria o caminho natural neste caso. O que não pode acontecer é a prevalência de um modo de pensar tão arcaico, preconceituoso e discriminatório como o que deu origem ao assédio moral e, tampouco, que tão falso moralismo tenha espaço no ambiente acadêmico e educacional...
1 Helio Corderio - NatalRN
Tento em vista o caso que aconteceu com a estudante com trajes inadequado para assistir aula em uma univesidade, em primeiro lugar se a instituiçao tem suas normas caberia algum funcionario ou docente comunicar a direçao da uiniversidade e ser chamada sem constrangela e explicar que a mesma nao poderia assistir aulas com o referido traje. Pois vivemos num pais que algumas pessoas so tem atitude de violencia vamos parar com os atos de violencia e vever a paz, nao se trata de apologia da estudante ficar famosa ou nao, ocupando a justiça para casos insignificante que poderia ser resolvido tentro da propria institruiçao.
18/11/2009 09:15:25
2 Lislene - Santos
Postura a aluna não teve, o mais importante para ela foi chamar atenção e ficar famosa com alguns advogados a sua volta!!!
E a faculdade ora essa...tentando contornar a confusão fez foi a moça ficar famosa com essa expulsão!!
12/11/2009 13:00:42
3 Josy - SANTOS
Achei isso que fizeram com a menina um absurdo
ela deve ter se sentido muito mal [
11/11/2009 09:50:57
4 Cristiane Gonçalves - Caçapava
Toda essa repercussão devese ao fato da postura inadequada desta aluna. Quantas pessoas vão a faculdade, como se estivesse indo a uma balada? E quantas vezes repercutiu de tal maneira? Independente da roupa que usava, ela poderia estar com uma calça jeans e blusa e ter acontecido a mesma coisa. O que deixa claro é que ela queria de alguma forma chamar a atenção. Fica posando de boa moça, onde a culpada dessa confusão toda foi ela mesma. E afinal conseguiu o que queria. Decepcionante também a postura da faculdade. Que não contornou a situação e conseguiu piorar mais ainda. Vamos usar usar o bom senso!!!!
11/11/2009 06:47:23
5 Keilla Tailice - Cubatão
Quando soube deste ocorrido fiquei indignada. Primeiro pela falta de respeito ou “imaturidade” da aluna, temos que conviver com a diferença, mas não gostaria, por exemplo, que meu pai fizesse parte da turma dela, ou até mesmo lecionar para esse tipo público, pois somos mulheres e sabemos como é incomodo e difícil sentarmos e ficar por horas de saia, que dirá uma com um palmo das partes, nós professores não estudamos tanto para ficar vendo vestimentas intimas de alunos. Porém achei um crime o protesto dos alunos e expulsão feita pela Universidade, pois como você mesmo citou, ela sofreu assédio moral e discriminação e isso é gravíssimo.
Espero que essa situação seja sanada o mais rápido possível.
Um grande abraço,
10/11/2009 15:00:21
6 Geralda Aparecida Gonçalves Moura - ARAÇAÍMG
DE FATO ,A ALUNA DEVERIA TER SE PREOCUPADO UM POUCO MAIS COM SUA ROUPA POIS ,DEVEMOS SABER QUAL POSTURA,PARA SE VESTIR DIANTE DAS SITUAÇOÊS.MAS A ESCOLA DEVERIASE PREOCUPAR NÃO PERMITINDO QUE ESTES PORMENORES ACONTECESSEM,POIS NÃO PODEMOS SAIR AGREDINDO TUDO QUE ACHAMOS ERRADO NA VIDA.OS ESTUDANTES QUE FISSERAM TODO ESTE BARULHO DEVEM SER PUNIDOS,POIS NÃO ESTÃO PREPARADOS E NÃO SERÃO BONS PROFISSIONAIS.
10/11/2009 13:56:21
7 Delamare - Guaratinguetá SP
Li seu precioso artigo e fiquei mais esclarecido sobre o caso. Mas, acho que a estudante errou em querer atrair olhares em um lugar impróprio para isso. Uniban é uma universidade de respeito. Ninguém vai lá para se exibir e sim para aprender. Gostei muito do seu conteúdo. Parabéns doutor João Luiz!
10/11/2009 08:15:50
8 Lucas Leal dos Santos - Caçapava
O erro não foi a roupa ser curta ou provocante, mas sim a vestimenta inadequada. É evidente no artigo que nem sequer camisetas regatas são adequadas ao ambiente escolar. A providência seria pedir a retirada do aluno em questão, ou providenciar de forma emergencial uma veste adequada. Ela errou ao abusar do liberalismo que a falta de aviso a deu e isso nem precisa ser dito, o foco deveria estar na reação humana causada pelo fato, o falso moralismo, e o vexame ainda pior que deram os estudantes ao ofendêla de várias maneiras possíveis.
09/11/2009 12:16:22
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