Sabemos que a linguagem desempenha várias funções e são denominadas: referencial (informar o receptor), conativa (convencer o receptor a fazer/praticar algo), emotiva (expressão de sentimentos, sensações e opiniões), metalinguística (a linguagem explicando ela própria, como em dicionários), fática (quando o emissor busca saber se o receptor está recebendo/entendendo a comunicação) e poética (quando as palavras são escolhidas para fazerem algum tipo de musicalidade).

Estes nomes são, basicamente, maneiras que temos para desempenhar alguma ação expressiva (oral ou não), cada qual com uma determinada intenção, todas tendo o outro (receptor) como objetivo, pois quem faz uso da linguagem, o faz tendo subtendido que alguém estará, em algum momento, decodificando o que está sendo expresso.

O ideal é, muito mais que saber as nomenclaturas, fazer o conhecimento de mundo chegar, verdadeiramente, ao aluno, de forma que este consiga identificar as verdadeiras intenções das mensagens e adotar uma postura crítica ante a elas.

Conheço pessoas que param instantaneamente qualquer atividade ao ouvirem a música de abertura do Jornal Nacional, por exemplo. Temos de considerar que o número de informações é muito grande.

Há pouco tempo, houve providências, por parte de órgãos responsáveis, para impedir que pessoas colocassem placas de propagandas em alguns pontos de uma determinada cidade, uma vez que tais placas estavam obstruindo a visão de motoristas e causando aquilo que conhecemos como “poluição visual”.

Assisti a um caso de um rapaz que fora detido pela polícia ambiental, pois chegou ao cúmulo de cortar uma árvore, pois esta estava impedindo a visão de propagandas no muro de uma avenida, como se a natureza tivesse que adaptar-se a nós e não nós a ela.

Por esses motivos e por muito mais, é importante o aluno/cidadão saber identificar as verdadeiras intenções propagandísticas.

Há várias formas de conduzir o aluno a um conhecimento assim e, uma delas, apresento a seguir por meio de um material coletado do Blog “Diário de uma professorinha” (http://diariodeumaprofessorinha.blogspot.com/), em que há, ao que tudo indica na íntegra, a “A História da Chapeuzinho Vermelho sob o ponto de vista da imprensa e algumas notáveis personalidades”:

JORNAL NACIONAL - William Bonner: Boa-noite. Uma menina foi devorada por um Lobo na noite de ontem… Fátima Bernardes: … mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia.

PROGRAMA DA HEBE - Hebe Camargo: Que gracinha, gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?

BRASIL URGENTE - Datena: Aonde é que a gente vai parar? Cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia para a casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva… Um lobo, um lobo safado. Põe na tela! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não.

REVISTA VEJA - Lula sabia das intenções do lobo.

REVISTA CLÁUDIA - Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.

FOLHA DE SÃO PAULO – Legenda da foto: Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador. Na matéria, Box com um zoólogo explicando os hábitos dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO - Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

AGORA - Sangue e tragédia na casa da vovó.

JORNAL SUPERNOTÍCIAS - Lobo mastiga as tripas da Chapeuzinho e lenhador destrói tripas do lobo para retirar a garota (foto ao lado da barriga do lobo com as tripas pra fora).

GUGU - DOMINGO LEGAL - Nós vamos ajudar este Lobo a voltar para sua casa, afinal, ele vive um pesadelo aqui.. Que entrem nossos amigos que irão ajudar o Lobo.

SÔNIA ABRAHÃO
-Tony? Tony, você está aí?
- Sim, aqui, no IML ao lado do corpo da pobre avó, vou tentar ouvir a netinha que chora muito.
-“Tá” bom, Tony, olha, antes vamos para um intervalo…
-Tony, a netinha está aí com você?
-Sim, Sônia!
- Então, “tá” gente, vamos ouvir a netinha, que coisa triste, fala Tony:
- Você é conhecida como Chapeuzinho Vermelho, está triste por perder sua avó totalmente mutilada como estamos vendo agora? O que você sente: dor, raiva, alegria, tristeza? O que ela significava para você? Um leitinho à noite antes de dormir, as historinhas, a mão quente pegando a sua mão e, agora, aqui, sem mãos, ou melhor, quase, só falta a cabecinha dela para você poder dar um beijinho, esta foto em Mongaguá, foi com ela que você tirou em seu aniversário, que lembranças te trazem esta única recordação?

- Tony, só um minutinho, vamos a um outro merchan falar sobre ...
- Tony, nossos convidados querem fazer uma pergunta à pobre Chapeuzinho Vermelho, mas antes vamos a um intervalo e já voltamos…
- Tony, você ainda está aí com a Chapeuzinho?
- Estou, Sônia!
- Parece que houve uma reviravolta neste caso... Diretor, posso mostrar? É um exame de DNA que conseguimos, provando que Chapeuzinho Vermelho é realmente filha de um importante cantor de pagode, podemos mostrar? Bom, enquanto nosso diretor decide, vamos falar de Natureba Creme...
- Posso falar quem é o pai da Chapeuzinho, diretor? Posso! Bom, não dá mais tempo, amanhã estaremos de volta…

MÁRCIA GOLDSCHIMT - Mexeu com a Chapeuzinho, mexeu comigo, afinal, temos aqui uma revelação: o Lobo, bom... o lobo é… depois dos comerciais eu falo.

SILVIO SANTOS - Mas, mas, é o lobo ou não é? Posso falar? Posso falar? É o lobo ou não é? Mas, mas, vem cá seu lobo, vem cá!

Como o material é extenso, aconselho aos interessados em tê-lo na íntegra, buscar diretamente no Blog citado acima (http://diariodeumaprofessorinha.blogspot.com/), só tendo cuidado com algumas falas não adequadas ao trabalho em sala de aula.