Assaltaram a Gramática
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

O uso da gramática na linguagem escrita - 20/11/2008
Diferenças entre a linguagem escrita e a linguagem oral

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A gramática da Língua Portuguesa é repleta de regras e exceções e, por isso, muitos a veem sob uma perspectiva negativa, a tendo algumas vezes, como supérflua ou desnecessária.

Toda esta perspectiva pessimista é resultado da tentativa de fazer da linguagem oral idêntica à língua escrita, pois estas são diferentes a tal ponto de o significado para a palavra gramática ser “arte em escrever”, e não em falar.

A linguagem oral é viva e como tudo o que é vivo, sofre mudanças naturais durante os anos, já a gramática é praticamente estática, ou seja, dificilmente sofre alterações. Tanto é que o Novo Acordo Ortográfico previsto para entrar em vigor em 2009, é oriundo do ano de 1990, daí dá para se perceber como é difícil mudar alguma coisa na gramática, ao passo que a linguagem oral sempre está em constantes mudanças.

É compreensível que aspectos negativos sobre regras que intencionam padronizar a linguagem escrita sejam identificados na ótica da maioria dos falantes, pois sob tal perspectiva não há necessidade de regras consideradas “cultas” para se estabelecer comunicação, ou seja, no momento de nos fazer entendidos.

As regras da linguagem escrita são necessárias porque quando escrevemos, subtende-se que o destinatário não está próximo a nós e, conseqüentemente, não está vendo os diversos recursos que nos auxiliam no momento de dialogarmos oralmente, como as expressões faciais, diversas tonalidades dos sons que emitimos para diferentes situações, expressões gestuais, entre tantos outros recursos.

Daí a necessidade de pontuarmos corretamente as pausas, interrogações e exclamações, assim como fica visível a necessidade de aplicarmos sinais de acentuações gráficos para que o leitor de determinada mensagem saiba qual sílaba deve ser pronunciada com mais ou menos força.

Como a Língua Portuguesa é analítica, ou seja, dependendo da ordem das palavras muda-se o significado da oração, justifica-se a necessidade de estudarmos a Análise Sintática, que é o estudo das palavras numa oração.

Por isso, não podemos simplesmente dispor as palavras na frase em qualquer ordem, como fazemos no latim que é uma língua sintética, ou seja, uma língua caracterizada pelas terminações, que permitem às palavras uma mobilidade na forma de escrevê-las.

Tantas regras deixam uma enorme sensação de desconforto, pois muitos não têm tempo hábil para se aplicar devidamente a elas. E como atualmente estamos diante do muito abordado “Novo Acordo Ortográfico”, faz-se necessário esclarecer que este Acordo é ortográfico, ou seja, nada altera em nossa comunicação oral.

Sendo assim, em caráter exemplificativo, digo que mesmo com a abolição do trema em palavras como “tranquilo”, continuaremos pronunciando tal como já o fazemos, pois nada muda na linguagem oral.

Portanto, não se preocupe, continuaremos pronunciando as palavras tal como na já fazemos, apenas seremos regidos por novas regras de ortografia.

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2 COMENTÁRIOS

1 Renata - Lençóis Paulista
Texto que vale a pena comentar. O importante é que, como foi comentado, na linguagem oral, nada mudou. Quando escrevemos, podemos pensar antes, na fala, muitas vezes dizemos coisas e nem lembramos que o Novo Acordo Ortográfico existe.
01/06/2009 09:04:06


2 José Carlos Camargo - PetrolinaPE
Cara professora Erika Parabéns pelo seu texto. É bastante esclarecedor e, certamente, contribuirá para que muitas pessoas acabem e interessando mais pela nossa língua.
20/03/2009 06:14:36


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