Assaltaram a Gramática
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Quando é necessário repetir - 06/11/2008
Estudo da anáfora

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Várias vezes nos vemos diante de textos gráficos, tais como poemas, sonetos e músicas, os quais exibem, sem maiores preocupações, frases com palavras e expressões repetidas.

Isto ocorre porque há momentos que, para reforçar ou reafirmar a idéia que intencionamos passar, fazemos uso desse recurso.

Contudo, é necessário pontuar que a cautela é fundamental para o uso de repetições, pois senão teremos uma produção textual cansativa, enfadonha.

No que diz respeito à oralidade, esteticamente falando, dificilmente nos veremos em situações que as possíveis repetições de palavras sejam bem-recebidas.

Além disso, temos inúmeras unidades sonoras que nos auxiliam eficientemente no momento de narrarmos algum fato ou expressarmos nossos sentimentos sem necessitar da repetição de palavras ou termos.

Pois bem, para nos referir ao uso do recurso de repetição intencional de palavras e/ou termos, dizemos que estamos nos utilizando de uma figura de construção, a saber, a anáfora.

Segundo o Dicionário Digital Aulete, anáfora é a figura de linguagem que consiste em repetir, intencionalmente, uma ou mais palavras no início de frases ou versos consecutivos.

Observe o último trecho da música “Relicário”, cantada por Nando Reis:

“O que você está dizendo? O que você está fazendo? Por que está fazendo assim? Está fazendo assim?”

Agora, atente também para “All Star”, música também cantada por Nando Reis.

“Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu. Seu All star azul combina com o meu, preto, de cano alto. Se o homem já pisou na Lua, como eu ainda não tenho seu endereço. O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato”.

Percebe-se que neste trecho não foi necessário a repetição da expressão “All Star” depois do pronome possessivo “meu”, uma vez que as características que o seguem remetem nossos pensamentos à idéia que foi expressa anteriormente.

Sendo assim, concluímos que a anáfora não é apenas a repetição de termos, mas também o “processo sintático pelo qual uma palavra remete a outra(s) anteriormente referidas” (Aulete – Dicionário Digital).

Então, o que você acha de usar esse recurso em seus textos, enfatizando uma ideia e brincando com as expressões e palavras?

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