Um toque na Língua - 12/06/2008
Mais aulas do Professor Edu
"A competência para grafar corretamente as palavras está diretamente ligada ao contato íntimo com essas mesmas palavras. Isso significa que a freqüência do uso é que acaba trazendo a memorização da grafia correta. Além disso, deve-se criar o hábito de esclarecer as dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário. Trata-se de um processo constante, que produz resultados a longo prazo." (Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante, Gramática da Língua Portuguesa).
PROCURE LER TAMBÉM EM BRAILLE, ELE O AJUDARÁ A FIXAR MELHOR A GRAFIA DAS PALAVRAS.
"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O Professor, assim, não morre jamais..." - Rubem Alves.
"É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a Humanidade." - Allan Kardec
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MAIS AULAS DO PROFESSOR EDU
UM TOQUE NA LÍNGUA – Lição 09 (6 de junho de 2008)
Entrando em sala de aula, o Professor Edu é logo interpelado por alguns alunos, que, de imediato, perceberam seu semblante mais jovial e fagueiro do que normalmente já se apresenta. E entre gracejos e ironias bem-humoradas, questionadores do motivo daquele estado tão prazenteiro, O Professor Edu apressa-se a passar a notícia que o deixara daquele jeito.
- Calma, turma! Não, não ganhei na Mega-Sena; nem uma viagem num transatlântico ao redor do mundo; nem meu Vasco da Gama foi campeão; e tampouco o Flamengo foi rebaixado para a segunda divisão! O motivo deste meu ar de satisfação, logo de manhã cedo, é que ouvi uma notícia muito boa pelo rádio, enquanto tomava café.
- E que notícia muito boa é essa, Mestre? A gente, ultimamente, só tem ouvido notícias ruins sobre crimes de toda espécie, corrupção por todo lado; por todo o mundo têm acontecido mais e mais furacões, ciclones, enchentes, terremotos... até no Brasil agora tem terremoto, é mole!?
- É verdade, Norminha! Apesar de minha profissão exigir que eu me mantenha sempre atualizado, confesso a vocês que muitas vezes eu passo um fim de semana inteiro sem ouvir um noticiário sequer. Não leio jornal algum e muito menos o televisor eu ligo. Para me reabastecer com energias mais positivas, procuro ler um romance mais leve, ou algum livro bem edificante; ouvir músicas mais alegres, ou relaxantes; ou mesmo assistir a uma comédia romântica no DVD. Mas a causadora de todo este meu bom-humor matinal foi a notícia de que a personagem Mônica, aquela mesma das revistas de quadrinhos, que eu adorava ler quando era garoto, foi nomeada a nova embaixadora do turismo brasileiro.
- Ah, Mestre. Eu também adoro as revistinhas da Turma da Mônica. E por que a Mônica foi escolhida embaixadora do turismo?
- Porque acreditam, Janete, que podem promover o Brasil por meio da alegria da Turma da Mônica em mais de 40 países, onde os personagens são conhecidos, em mais de 22 idiomas.
Pensam também que principalmente as crianças de outros países vão querer conhecer o Brasil, terra da Mônica, e com isso irá aumentar o turismo dentro do País. E aumentando o turismo, decerto aumentará o número de empregos, e mais empregos significarão mais renda também.
- Puxa, Professor, acho que isso vai ser uma boa para nosso país, não vai?
- Luana, se todo o trabalho que envolve essa idéia for realmente levado a sério, creio que terá tudo para favorecer o turismo brasileiro, sim. E tenho muita esperança de que realmente vai dar certo, porque à frente dele está o próprio criador da Turma da Mônica, o Maurício de Sousa, que no dia em que sua principal personagem recebeu o título de embaixadora do turismo brasileiro, disse que vai lançar livrinhos com a Turma da Mônica visitando as várias regiões do Brasil, para incentivar o turismo interno e estimular as pessoas a conhecerem o país.
- Que pena não existirem revistas de quadrinhos em braille para cegos,
Professor Edu. Gostaria tanto de ler eu mesmo essas historinhas. Já andaram me contando algumas, mas ouvir contadas por outra pessoa nem sempre é a mesma coisa...
- Olha, Zé Luís, elas não existem em braille, mas já podem ser lidas no formato digital.
- Ué, como assim, Professor?...
- É que um amigo meu, lá de Salvador, um baiano muito porreta, teve a genial idéia de transcrever para o formato digital e adaptar as descrições para deficientes visuais algumas histórias em quadrinhos, que ficaram bem legais. Você gostaria de experimentar lê-las neste formato para ver se lhe agrada?
- Puxa, Mestre, claro que sim! Como posso receber essas historinhas?
- Me envie um e-mail depois que eu lhe repasso o endereço eletrônico deste meu amigo, que se chama Luís Campos, a fim de você mesmo entrar em contato com ele e solicitar as tais historinhas. Diga a ele que você é meu aluno, pois tenho plena certeza de que será muito bem atendido. Combinado?
- Combinado, Mestre. Valeu mesmo!
- Bem, pessoal, Turma da Mônica e histórias em quadrinhos à parte, vamos continuar agora a nossa aula dos diferentes empregos da palavra "porque". Veremos hoje o "porque" escrito junto, que deve ser empregado nas respostas que apresentam uma explicação. Este "porque" equivale a "pois", "porquanto", "uma vez que", "pelo fato de que". Guardem estes exemplos: "Comprem logo as entradas para o jogo de domingo, porque o estádio vai ficar lotado"; "Ela não gostou do livro, porque era difícil de ler"; "O ônibus chegou atrasado, porque havia muito trânsito naquela hora"; "O espetáculo foi adiado, porque choveu muito"; "Fi-lo porque o quis".
- Ei, Professor, esta última frase me lembrou aquela que o presidente Jânio Vargas falou uma vez: "Fi-lo, porque qui-lo", quando inaugurou Brasília, e que era considerado o "Pai dos Pobres" e abria sempre seus discursos com a famosa frase "Brasileiros e brasileiras, trabalhadores do meu Brasil", não é mesmo?
- Opa, Epa, Opa! Que confusão de presidentes você acabou de fazer aí, meu rapaz!
- Como assim, Mestre? Eu falei alguma besteira?...
- Uma besteira só, não, seu mané. Você falou uma salada mista de besteiras e asneiras! Também, quem mandou ficar matando as aulas de História do Brasil... Puts, meus sensíveis ouvidinhos estão doendo até agora com tanta...
- Calminha aí, Lucas! Deixa eu desfazer esta confusão presidencial rapidinho para o Ederbal.
- Tá bom, Mestre. Também com um nome desses, a gente não poderia exigir um Einstein na turma, né? Ahahah...
- Sem comentários, Lucas! Bem, vamos então às explicações, Ederbal. Em primeiro lugar, quem pronunciou esta famosa frase "fi-lo, porque qui-lo" foi o presidente Jânio Quadros, que não chegou a cumprir todo seu mandato, renunciando a ele em 25 de agosto de 1961, poucos meses depois de ter assumido. Jânio, além de político profissional, era também professor de Português, e muito provavelmente deve ter feito essa construção frasal para dar um efeito mais debochado em sua resposta, já que a construção gramatical mais adequada é a que falei anteriormente, ou seja, "fi-lo, porque o quis". Nós ainda veremos esta questão da colocação pronominal em aulas futuras com mais detalhes.
- E quais foram as outras besteiras que falei sobre os presidentes, Professor Edu?
- Na verdade, Ederbal, você andou misturando as frases e ditos característicos de alguns presidentes brasileiros. Por exemplo, quem era intitulado o Pai dos Pobres foi o presidente Getúlio Vargas, uma forma de marketing político criada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda de seu governo e que conseguiu implantar na população brasileira o culto à personalidade do presidente, durante o chamado Estado Novo. Em seu governo, os direitos dos trabalhadores passaram a ser amparados pela lei; e quando se dirigia a eles em seus discursos, Getúlio costumava iniciá-los com a famosa saudação: "Trabalhadores do meu Brasil!".
- E quem começava os seus discursos dizendo "Brasileiros e brasileiras" era o presidente José Sarney, não é isso, Professor Edu?
- Isso mesmo, Zé Luís. E para terminar estes breves esclarecimentos históricos, quero lhe dizer, Ederbal, que Brasília foi inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek, em 21 de abril de 1960.
- Puxa, Mestre, que mico eu paguei, hein?
- Mico!? Você pagou foi um bando de gorilas, cara!!!
- Ei, Lucas, eu gostaria de saber o porquê de tanta implicância comigo?
- E eu gostaria que o Lucas me dissesse como se escreve esse "porquê" da pergunta do Ederbal?
- bem, Mestre... Deixa eu pensar só uns minutinhos... Hummm...
- Olha, turma, como não temos muito tempo para esperar o Doutor Sabe Tudo pensar em sua resposta, vou lhes explicar que a palavra "porquê", com acento e escrita junta, atuando como substantivo, substitui as palavras "motivo", "razão", "causa" e "pergunta". Anotem estes exemplos: "Ninguém, até hoje, entendeu muito bem o porquê (o motivo) da renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República"; "Todos aguardavam explicações sobre os porquês (as razões, as causas) da implicância de Lucas com o Ederbal"; "Ela é uma pessoa cheia de porquês (de perguntas)". Neste caso do emprego do "porquê", pessoal, é importante guardar que não estão implícitas as palavras "motivo, razão, causa e pergunta", pois o "porquê", simplesmente, aparece no lugar de cada uma delas.
- Professor Edu, quando será o nosso próximo Dia do Tira-Dúvidas lá na pracinha?
- Semana que vem, Luana. E até lá, estudem bem estes casos de emprego dos porquês, já que será matéria de prova também. Um ótimo fim de semana a todos e até o nosso encontro lá na praça! "Na mesma praça, no mesmo banco, com as mesmas flores e no mesmo jardim; tudo é igual, mas não estou triste, porque eu tenho vocês perto de mim!!!"
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UM TOQUE NA LÍNGUA - Lição10 (10 de junho de 2008)
De volta à praça, onde há pouco mais de um mês e meio fora instituído pelo Professor Edu e seus alunos o Dia do Tira-Dúvidas, todos se reúnem novamente para uma nova série de perguntas e indagações sobre diversos pontos da Língua Portuguesa. Zeca, um dos primeiros alunos a chegar e, notadamente, um dos mais entusiasmados com a criação daquele dia especial, dirige-se rapidamente ao Professor Edu, a fim de revelar-lhe o seu contentamento por voltarem àquele ambiente alegre e informal.
- Bom dia, Mestre! Tudo bem com o Senhor? Olha, eu tava ansioso pra que este dia chegasse logo, porque achei muito legal a nossa primeira experiência de tirar as nossas dúvidas fora da sala de aula. Não sei porquê, mas aqui na pracinha o clima é bem melhor, e a gente fica muito mais à vontade para perguntar ao Senhor o que quisermos. Isso realmente veio de encontro ao um desejo que sempre tive de aprender o português de uma forma mais simples e descontraída...
- Bom dia, Zeca! Mas afinal, você é contra ou a favor do nosso encontro aqui na pracinha para realizarmos o Dia do Tira-Dúvidas?!...
- Ora, Professor Edu, é claro que sou a favor! O que levou o Senhor a pensar o contrário?
- Zeca, meu rapaz, eu entendi perfeitamente que você teve a intenção de dizer que era favorável ao Dia do Tira-Dúvidas. Isto está claríssimo no brilho de seus olhos e na inflexão animada de sua voz. No entanto, fiz-lhe a pergunta, em tom de espanto e dúvida, pois queria aproveitar uma expressão que usou de forma inadequada para começarmos logo os nossos toques de hoje.
- Ah! Que susto, Mestre! Pensei que tava passando uma idéia errada pro Senhor e, de repente, também pra turma... Mas qual foi a expressão que usei de forma inadequada?
- É que você falou, em determinado momento, que a idéia da criação do Dia do Tira-Dúvidas veio "de encontro a" um desejo que você sempre teve de aprender o português de uma forma mais simples e descontraída. A expressão "de encontro a", em verdade, equivale a se dizer que é contra algo. Já se usarmos "ao encontro de", estaremos afirmando que somos favoráveis a um fato ou a uma idéia. Por exemplo: se você falasse isso para uma pessoa que não conhece muito bem suas idéias, seu temperamento, enfim, não conhece muito bem seu modo de ser e reagir, como eu conheço, esta pessoa poderia realmente pensar que você estava contra estes nossos descontraídos encontros aqui na pracinha, no caso, é claro, de esta pessoa também saber a diferença de sentidos dessas expressões. Entendeu, Zeca?
- Entendi, sim, Mestre. Puxa! Sabe que, para mim, estas duas expressões significavam a mesma coisa!?
- E para mim também, Professor Edu! Aliás, por falar em expressões... Aproveito para tirar com o Senhor uma dúvida que tenho sobre outras duas expressões: quando a gente deve usar "à medida que" e "na medida em que"?
- Boa pergunta, Janete. Essa é uma outra dúvida muito comum entre as pessoas. Veja bem: A expressão "à medida que" deve ser empregada quando significar "à proporção que". Por exemplo: "Naquela fábrica, ao lado da escola, senhas eram distribuídas aos candidatos a vagas de emprego à medida que, isto é, à proporção que eles entravam na fila de inscrição".
- Aí, Mestre! Que tal mais este exemplo: "À medida que as minas foram chegando aqui na pracinha, a atmosfera foi ficando muito mais perfumada, e o cenário, bem mais florido!".
- Hummm, Luquinhas! Tá apaixonado por alguém, é?... Será que é por mim?...
- Fala sério, mina! Já lhe disse várias vezes que você não faz meu tipo... Aliás, nem sei se você faz o tipo de algum cara! Ahahah...
- Que isso, Lucas! A Janete é um amor de garota. E até acho que vocês dois formam um casal bem interessante...
- Que isso digo eu, Mestre! Tá de brincadeira comigo?! O Senhor já reparou na distância que separa as estruturas moleculares dos nossos corpos, quero dizer, do meu e do dela? Eu sou saradézimo, enquanto a Janete... Bem, não preciso nem dizer... é só dar uma sacada na figura...
- Ah! Meu queridinho. Sei que você fala essas coisas só para disfarçar, porque no fundo, no fundo, você não tira os olhos de cima de mim!
- Puts! Galera, ninguém merece isso!
- Ok, gente! Olhares de amor à parte, vamos prosseguir com o nosso Tira-Dúvidas. Eu estava explicando que a expressão "à medida que" deve ser empregada quando tiver o sentido de "à proporção que", certo!? Bem, já a outra expressão "na medida em que", deve ser usada quando significar "no momento, no instante em que". Por exemplo: "No momento, ou no instante, em que o Lucas e a Janete deixarem de implicar tanto um com o outro, irão perceber que poderão ser excelentes amigos, ou quem sabe...".
- Tá bom, meu bom Mestre! Esqueçamos o "quem sabe" e fiquemos só com o
possível..., o provável..., o meio remoto "excelentes amigos"... Mas agora sou eu que tenho outra dúvida para o Senhor.
- Então, diga lá, meu rapaz!
- Quando é que a gente usa a expressão "acerca de", com o "a" junto à palavra "cerca", e "a cerca de", com ele separado dela?
- Olha, Lucas, quando significar "perto de, a uma distância de, aproximadamente, nas proximidades de...", devemos escrever "a cerca de" separado. Por exemplo: quando digo a você que minha casa fica a cerca de vinte quilômetros de nosso colégio, este "a cerca" deve ser escrito separadamente. E devemos escrever "acerca de", tudo junto, quando este termo for uma locução prepositiva e tiver o sentido de "sobre, a respeito de...". Por exemplo: "Você até o momento não disse coisa alguma acerca da derrota do seu Mengão para o meu Vasco da Gama nesse último fim de semana".
- Xiiii, Mestre! Precisava me lembrar dessa tragédia logo agora? Isso pode prejudicar toda a aprendizagem dos toques que o Senhor está nos dando, hoje, aqui na pracinha... Vamos esquecer isso, falou?!
- Ok, Lucas! Vamos deixar o seu glorioso Mengão pra lá, e voltemos ao nosso Tira-Dúvidas. Quero aproveitar ainda este tópico para esclarecer a todos vocês que ainda existe a expressão "há cerca de", com a significação de "existe, faz aproximadamente...", sendo o "há", desta vez, uma forma do verbo haver. Guardem os seguintes exemplos: "Há cerca de cem candidatos para cada vaga no concurso que a Prefeitura do Rio vai realizar na próxima semana"; "Não vejo o ex-diretor de nossa escola há cerca de cinco anos”.
- Puxa, Professor Edu! Esse toque foi legal mesmo!
- E ainda faço mais uma observação, Janete: A expressão "cerca de", quando indicar uma quantidade aproximada, deve ser acompanhada de um número arredondado, nunca de um número preciso. Desse modo, faz sentido dizermos "Cerca de trezentos alunos estavam na palestra que o escritor Rui Castro fez ontem em nossa escola". No entanto, se soubéssemos o número exato, dispensaríamos o "cerca de" e diríamos: "Na palestra do escritor Rui Castro, havia 321 alunos." Guardaram?
- Guardamos, Professor! Escuta, a partir de amanhã começam as provas de todas as disciplinas. Por que não continuamos a nos reunir aqui na pracinha, pra o Senhor prosseguir com esses seus valiosos toques pra nos ajudar a entender melhor os pontos que vão cair na sua prova?
- Olha, Janete, por mim tudo bem. Eu acho muito gostoso este contato com meus alunos ao ar livre, neste clima mais solto e sem um compromisso tão rígido com o tempo. Basta agora saber se o restante do grupo também concorda com sua proposta.
- Legal, Mestre. Também gostei dessa idéia da Janete. Deixa comigo que depois vou procurar saber quem vem aos nossos Tira-Dúvidas e mando um torpedo pro seu celular, dizendo isso, falou? Fique no aguardo de uma resposta minha. Aliás, Professor Edu, antes de o Senhor ir embora, me diga se o certo é falar "no aguardo de", ou "ao aguardo de" uma resposta?
- Meu caro Zeca. Em verdade, as pessoas ficam "à espera", e não "na espera" de alguém ou de alguma coisa. Assim, o correto será dizer que eu ficarei "ao aguardo de sua resposta". Certinho?! Um abraço a todos e até o nosso próximo encontro. Tchau!
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