Assaltaram a Gramática
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Figuras de Pensamentos - 02/04/2008
Antítese, Apóstrofe, Eufemismo, Gradação, Ironia...

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Diariamente nos deparamos com situações, em que se faz conveniente ou interessante, utilizarmos recursos para a obtenção de resultados mais convincentes, atrativos ou solidários.


As figuras de pensamentos são modalidades essenciais para tais finalidades, pois é por meio dela que suavizamos uma má notícia, causamos inquietações em outrem, provocamos risos em alguns e até mesmo enfatizamos mensagens que tornam por sua vez, muito mais claras no entendimento daqueles a quem são endereçadas.

Nessa ocasião, compreenderemos cinco recursos lingüísticos que nos viabilizam métodos para despertarmos em outrem, determinadas reações que a atual situação permite.

Com a intenção de fornecer ao leitor um conhecimento ainda mais profundo e eficiente, para cada figura de pensamento aqui apresentada, há exemplos extraídos de alguns estilos de época, como é o caso do Barroco e do Trovadorismo.

Antítese: É a figura mais utilizada no Barroco, estilo de época conhecido como arte do conflito, em que também há presença de paradoxos, por apresentar oposições nas idéias expressas.

“Nasce o Sol e não dura mais que um dia; Depois da Luz se segue à noite escura; Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas e alegria”. Inconstância das coisas do mundo! – Gregório de Mattos.

Sendo antítese, as palavras “luz e noite escura” e “tristezas e alegrias”.

Apóstrofe: É quando interrompemos uma idéia, fazendo referência a seres reais ou não. Foi muito utilizada também no já citado Barroco, mas dessa vez nos sermões do padre Antônio Vieira.

“... E será bem, supremo Senhor e Governador do universo, que às sagradas quinas de Portugal, e às armas e chagas de Cristo, sucedam as heréticas listas de Holanda, rebeldes a seu rei e a Deus?...” Trecho do Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as da Holanda – Pe. Antônio Viera.

Sendo apóstrofe, “Supremo senhor e governador”.

Eufemismo: É sempre utilizada para amenizar ou suavizar idéias que causam algum tipo de desagrado ou desconforto.

“Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar, vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim... Descolorirá”. Vinicius de Moraes – Aquarela.

Sendo que “Descolorir significa perder a vitalidade ou morrer”.

Gradação: É um conjunto de idéias semelhantes ou não, numa escala progressiva, concedendo maior intensidade na expressão.

“Pisadas, espezinhadas, ameaçadas. Desprotegidas e exploradas. Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito. Necessárias fisiologicamente. Indestrutíveis. Sobreviventes.” Cora Coralina - Mulher da Vida.

Sendo as primeiras cinco palavras, exemplos de gradação.

Ironia: É utilizada para expressar idéias ou pensamentos com sentidos contrários, depreciando algo ou alguém. Foi muito utilizada no Trovadorismo, mais precisamente nas cantigas de escárnios.

“Ai, dona feia, foste-vos queixar que nunca vos louvo em meu cantar; mas agora quero fazer um cantar em que vos louvares de qualquer modo; e vede como quero vos louvar; dona feia, velha e maluca”! Joan Garcia de Guilhade – Dona Fea.

Sendo que a ironia está visível quando deixa a entender, em um primeiro momento, que se externarão elogios, mas surpreende com palavras grosseiras.

Referências:
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/trovadorismo/trovadorismo.php
http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

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3 COMENTÁRIOS

1 Leandro Jota - Belo Horizonte
Jesus te ama! rever seus conceitos, para ter uma vida vitoriosa. Deus é fiel!
04/05/2011 17:16:22


2 Roberto Marques Maia - RJ RJ
Olá Vera Lúcia por coincidência MAIA! Coincidência ou PARENTE? De um jeito ou de outro: Muito Prazer! A propósito o APÓSTROFE é uma interpelação a um ouvinte em meio de uma narrativa. Na narrativa literária, a apóstrofe é uma figura de pensamento, por meio do qual o autor imagina o leitor, como ouvinte, diante de si ex.: Upa! Cá estamos.Custoute, não, leitor amigo? Assis, Histórias, 275
17/03/2010 17:57:58


3 Vera Lúcia Ribeiro Pereira Maia - Siqueira Campos
Não entendi o comentário sobre apóstrofe. O exemplo me pareceu um vocativo.
17/08/2008 21:25:26


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