Crianças contam como foram impactadas pela chegada de infraestrutura e conexão em escola de Viamão, no Rio Grande do Sul
“Minha mãe não sabia muito bem o que era um computador. Quando levei o tablet que ganhei na escola para casa, ela se apavorou quando viu. Depois, gostou bastante de mexer.” Assim como a mãe, a estudante Heloísa da Costa, 10, nunca tinha usado um computador. Moradora de uma área rural em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), ela acessou a internet pela primeira vez na escola municipal de ensino fundamental Zeferino Lopes de Castro.
Há dois anos, a instituição que Heloísa estuda começou a participar do programa Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo, onde todos os alunos receberam um tablet, do 1o ao 3o ano, e um netbook, do 4o ano 9o ano. “Quando eu entrei no colégio, só tinha aula normal. Depois começou a modernizar”, diz a menina, que já substituiu o tablet pelo netbook quando passou para o 4o ano.
No começo, ela lembra que foi um pouco difícil se acostumar a usar os equipamentos. Porém, logo pegou o jeito, tanto que até ensinou para os pais. “Depois que a gente aprendeu, começou a gostar mais”, conta. Para fazer um projeto sobre energia do corpo humano, Heloísa está pesquisando na internet. Como ela não tem conexão em casa, salva tudo o que precisa em um editor de texto e leva para ler ou estudar fora da escola.
Antes de receberem equipamentos, os alunos da escola Zeferino Lopes de Castro faziam os trabalhos à mão. “Eu precisava ir na biblioteca e pegava os livros sobre os assuntos do trabalho. Era um pouco mais difícil porque às vezes não tinha tudo no livro. Com a internet ficou mais fácil”, recorda a aluna Letícia Regina Silva, 14, do 9o ano.
Quando os tablets e netbooks chegaram na escola, Letícia estava no 7o ano. “A tecnologia mudou totalmente porque é um modo diferente de estudar. Não precisa ficar o dia todo com cinco períodos de português ou matemática.”
Ela conta que no começo os seus pais foram um pouco resistentes com as mudanças que aconteceram na escola. “O meu pai e a minha mãe não têm muito contato com computador e internet porque eles não são dessa geração tecnológica. Eles achavam que não iria dar certo, mas quando eu chegava em casa falando sobre o que eu tinha aprendido, eles foram vendo que dava.”
‘A tecnologia mudou totalmente porque é um modo diferente de estudar. Não precisa ficar o dia todo com cinco períodos de português ou matemática’
Segundo a Letícia, agora é possível ter mais tempo para aprender sobre os temas que ela tem interesse. Junto com a chegada dos equipamentos e a internet, a escola passou por uma reformulação do currículo, incluindo períodos voltados para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares. Como ela quer ser veterinária, o tema do seu último projeto na escola foi gados de corte. “Eu gosto muito de animais e tenho bastante convívio com eles porque moro em uma zona rural”, justifica.
“Com o projeto a gente não fica só na aula de matemática, português ou ciências. A gente vai aprender pesquisando”, diz Wesley da Silva, 10. Aluno do 5o ano, ele está fazendo um projeto sobre corrente elétrica. No desenvolvimento do trabalho, ele e o seu grupo já fizeram um site para explicar o tema, mapa conceitual e até mesmo um protótipo ilustrando a passagem de corrente elétrica.
Como os períodos de projetos da escola são desenvolvidos de forma multisseriada, no grupo de Wesley trabalham cinco alunos, sendo que dois são de séries diferentes da sua. “Tem um aluno do sexto e outro do oitavo ano. Antes a gente tinha que fazer só com pessoas da nossa série. Agora é mais legal porque um ajuda o outro”, opina.
Wesley lembra que era mais difícil sem a internet. “Eu tirava algumas notas ruins porque eu não conseguia gravar tudo o que precisava falar para apresentar o meu trabalho.” Ele diz que precisava copiar tudo o que estava nos livros para o seu caderno e se faltasse alguma informação não tinha como buscar. Agora pode levar o seu netbook para estudar em casa.
Para Letícia, o uso de tecnologia na escola também mudou a relação com os professores. “Eu acho que eles estão mais próximos do que antes”, explica a menina. Segundo ela, nas aulas eles também podem usar vídeos e jogos, conseguindo se aprofundar mais na matéria. “Antes a escola cansava mais e não tinha tanto divertimento como tem agora”, avalia.
Fonte: Porvir
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