Professor promove discussões do cotidiano, como o uso do cinto de segurança, para mostrar como a física é aplicada à realidade
Eu trabalho como professor de física há 14 anos. Na tentativa de fazer aulas diferentes, buscando uma aprendizagem mais significativa, usei o trânsito como gancho para ensinar as leis de Newton aos meus alunos do 9o ano do Colégio Marista de Goiânia, em Goiás. Com base na lei da inércia, promovi uma discussão com eles sobre o uso do cinto de segurança.
A forma como trabalhamos a física por muitos anos traz uma ideia de que ela é um conjunto de fórmulas, leis e regras para decorar, onde o aluno não consegue enxergar a aplicabilidade desses conceitos. Porém, a física é aplicada. Ela não foi desenvolvida fora de contexto. Ao invés de passar regras, usei o cotidiano para mostrar a física. Se o aluno consegue perceber essa relação, a matéria passa a ter mais sentido para ele.
Fiz um planejamento e trabalhei segurança no trânsito em uma sequência de três aulas. Passei para os alunos algumas estatísticas sobre a evolução da tecnologia nos últimos 15 anos. Ao mesmo tempo, mostrei para eles que o número de acidentes de trânsito não apresentou redução. Isso gerou um debate: melhoramos as estradas e temos novos equipamentos de segurança, mas o número de mortes não diminuiu. Talvez o problema seja a conscientização e a educação para o trânsito.
Usei reportagens online, vídeos do YouTube, dados e tabelas do Detran para falar sobre o tema. Queria que os alunos saíssem do senso comum e pudessem participar de uma discussão mais elaborada sobre o uso do cinto de segurança. Perguntei para eles sobre a importância desse equipamento e mostrei um vídeo de um teste de colisão com e sem o cinto.
Na aula seguinte, pedi para os alunos opinarem sobre qual era a relação desse equipamento de segurança com a física. Comecei a falar sobre a primeira lei de Newton e apresentei o conceito da inércia. O objetivo era que eles usassem o cinto, não pela multa ou pela lei, mas por terem enxergado a aplicação prática com os conceitos que aprenderam na física.
Quando encerramos a discussão, na terceira aula, fomos para o pátio da escola e fizemos demonstrações sobre a forma correta de usar o cinto de segurança, a inclinação adequada do banco e a posição do encosto. Não tem como avaliar se os alunos estão usando o cinto da forma correta no dia a dia, mas o assunto já começou a faze parte do dia a dia deles e ganhou um significado. Eu percebi que o interesse deles durante as aulas aumentou.
Fonte: Porvir
# Matemática também se aprende brincando