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De olho na agenda pós-2015, Qian Tang diz que países BRICS podem ser a "voz do mundo em desenvolvimento" - 06/03/2015 15:20:08

O subdiretor-geral de Educação da UNESCO, Qian Tang, disse ontem (03/03/2015) que o significado político da cooperação dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), na área do ensino, é ainda maior no momento em que a comunidade internacional discute novas metas de educação para o período 2016-2030. Para Tang, os países BRICS podem ser a “voz do mundo em desenvolvimento”.

O subdiretor-geral, acompanhado pelo Representante da UNESCO no Brasil, Lucien Muñoz, reuniu-se com vice-ministros de Educação dos cinco países, no segundo dia do II Encontro de Ministros da Educação do BRICS e da UNESCO, em Brasília. “Para a UNESCO, os países BRICS são uma influência global crescente. Não só na economia, mas em todas as frentes. O grupo BRICS pode ser a voz do mundo em desenvolvimento”, afirmou Tang.

O Encontro durou dois dias. No primeiro (02/03), restrito aos países do bloco, os ministros de Educação assinaram a Carta de Brasília, com recomendações e conclusões. O segundo, organizado pela UNESCO, foi discutido o funcionamento da cooperação.

A chamada agenda pós-2015 está em negociação, com o objetivo de dar continuidade ao esforço internacional em torno dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) e das metas de Educação para Todos, cujos prazos terminam em 2015. Uma das propostas prevê a universalização do ensino fundamental e médio até 2030, o que divide opiniões, por ser algo considerado ainda demasiadamente ambicioso em diversos países.

A agenda pós-2015 estará no centro dos debates do Fórum Mundial de Educação 2015, que será organizado pela UNESCO, em maio, em Incheon, na Coreia do Sul. “Vai ser o mais importante evento da educação nas próximas duas ou três décadas”, disse Tang.

O texto final, com as novas metas pós-2015 e a definição dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - que incluirão outras áreas, além da educação -, será votado em setembro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos.

Em Brasília, Tang apresentou aos vice-ministros as principais recomendações do relatório “BRICS: construir a educação para o futuro – prioridades para o desenvolvimento nacional e a cooperação internacional”, elaborado pela UNESCO, com apoio de especialistas dos cinco países. O documento sugere a troca de experiências e a cooperação em áreas como a melhoria da qualidade e equidade dos sistemas educacionais; a busca de excelência na educação superior; e o auxílio a outros países em desenvolvimento, notadamente na África. Uma das recomendações é intensificar o intercâmbio de estudantes e professores entre os países do bloco.

Segundo Tang, um dos caminhos para que a parceria multilateral avance é a adoção de ações concretas, como o reconhecimento recíproco de diplomas universitários. “Os países BRICS poderiam promover um encontro de especialistas sobre o tema”, sugeriu Tang.

Ficou acertado que cada país do bloco nomeará uma pessoa de contato para articular a cooperação conjunta. Elas atuarão em sintonia com os respectivos embaixadores das missões diplomáticas junto à UNESCO. “O resultado foi positivo, pois as discussões ampliaram as oportunidades de cooperação entre os países. A reunião reforçou o papel da UNESCO na coordenação da agenda global de educação”, disse o Representante da UNESCO no Brasil, Lucien Muñoz.

O vice-ministro de Educação da China, Du Yubo, defendeu a cooperação: “Precisamos tomar medidas práticas. Vamos intensificar o intercâmbio (de estudantes e professores).”

O diretor-assistente do Departamento Internacional do Ministério de Educação e Ciência da Rússia, Igor Ganshin, lembrou que a UNESCO tem muito a ajudar. “Prever demandas de profissionais qualificados, o que pode ser feito pela UNESCO, permitiria formar pessoal para necessidades futuras e não só para a economia de hoje”, disse Ganshin.

O secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC) do Brasil, Luiz Claudio Costa, afirmou que os países BRICS já avançaram muito, mas ainda têm desafios a superar. “O Brasil tem muito a aprender com a experiência de vocês. Precisamos fazer com que as nossas diferenças nos ajudem a superar as nossas desigualdades”, disse o secretário-executivo.

Costa defendeu a criação de centros de idioma que ministrem as línguas dos países do grupo, como forma de aumentar o intercâmbio de estudantes. Afinal, a falta de domínio de um segundo idioma é uma barreira para alunos brasileiros que planejam estudar fora. “Gostaria muito de ter uma instituição de línguas dos BRICS. Um centro que vai nos auxiliar no intercâmbio. Talvez uma das dificuldades que nós tenhamos hoje seja a da língua”, disse Costa.

Leia a íntegra do Relatório “BRICS: construir a educação para o futuro” .

Fonte: ASCOM Unesco


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