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Prêmio reconhece práticas inovadoras de professores - 16/12/2014 15:28:47

Iniciativa da Microsoft leva projetos de quiz interativo, jogos digitais e jornal on-line ao Fórum Global de Educadores

Por Vinícius de Oliveira (Porvir)

Os projetos do quiz sobre o corpo humano, dos jogos inspirados por ópera e do jornal on-line que impulsionou o ensino de inglês renderam a três professores brasileiros o passaporte para o Fórum Global de Educadores, promovido pela Microsoft, em Redmond, nos Estados Unidos. Os dois primeiros são de educadores do colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo (SP), e o terceiro é de uma professora da rede municipal de ensino da cidade de Campo Bom (RS). Os professores brasileiros disputaram a indicação com 114 educadores de toda a América Latina.

No paulistano Porto Seguro, alunos do 2º ano viviam cheios de curiosidades sobre o corpo humano (por que a gente espirra? Por que o dente de leite cai?) e resolver essas dúvidas com a ajuda da tecnologia foi um percurso natural para as professoras Mariana Pedro, Claudia Madalozzo e Maria Fernanda Canovas. “O projeto durou quatro meses e começou trabalhando a percepção do que é o corpo humano, com ajuda de uma foto da escultura “O Pensador”, do [francês Auguste] Rodin. Depois, fomos ao laboratório de biologia, onde eles viram o protótipo de um esqueleto. Nas aulas de informática, usamos o [sensor de movimentos para videogame Xbox] Kinect para montarem o corpo humano e o aplicativo The Human Body para os alunos verem as funções de cada órgão”, conta Mariana. Já na sala de aula, a classe foi dividida em duplas e começou a montar o “Quiz do Corpo Humano”, nome com qual o projeto foi inscrito. “Eles fizeram toda a ilustração e a digitação dos slides antes de juntarmos tudo com a lousa interativa. Quando ficou pronto, colocamos todas as perguntas em um único quiz e hospedamos no ambiente virtual do colégio”.

Na mesma escola, foi premiada a atividade do professor Francisco Tupy conhecida como “Ópera tecnológica”, surgida na oficina de jogos que acontece em contraturno. Além dos jogos digitais, feitos em plataformas como Game Star Mechanic e Minecraft, alunos criaram jogos analógicos com cards e peças feitas na impressora 3D. Segundo o professor, em vez de mostrar como jogar, as aulas com alunos de diferentes idades (do fundamental 2 ao ensino médio) ensinam como funciona a criação dos jogos levando em conta (e desenvolvendo) suas características socioemocionais. “A ideia foi fazer com que eles conseguissem ver o que estavam fazendo de modo espontâneo. Trabalhei muito mais como um provocador da criatividade e da inovação, promovendo desafios e soluções”. E onde entra a ópera? A ideia do professor foi aproveitar a ligação da escola com a língua alemã, mas também passou por uma interpretação pessoal. “Nos valendo da ópera como metáfora, sabemos que cada um toca o seu instrumento em consonância com os demais. Essa foi a brincadeira: cada um, dentro de suas características pessoais, conseguiu desenvolver o trabalho, seja ensinando o outro a desenhar ou aceitando críticas”, diz.

Em Campo Bom, no interior do Rio Grande do Sul, a professora de inglês Marilene Bauer, do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Vargas, buscou inspiração no projeto do Jornal da Sala de Aula, que é distribuído nos colégios da região. Sua intenção era criar uma versão paralela, também impressa, só que na língua estrangeira e usando como mote os projetos desenvolvidos na escola. “Mostrei alguns artigos de jornais on-line em inglês para que eles vissem como eram as seções, os formatos de data e de temperatura”, diz a professora.

Para escrever os artigos, os alunos foram orientados a responder aos cinco W (Who, What, When, Where e Why, ou Quem?, O quê?, Quando?, Onde? e Por quê?) e tão logo eles começaram a buscar informações na internet, surgiu a ideia de criar o site PVNews . “Eles usaram o Present Continuous e o Simple Past para escrever os artigos, criaram jogos para as crianças menores e histórias em quadrinhos comparando gírias em português e inglês”, diz Marilene. Aos poucos, a sala de informática se transformou em uma pequena redação de jornal, com a turma dividida entre os que escreviam e fotografavam. “Eles sempre querem ir para a informática e dizem que não parece uma aula. Nas férias, pedem para continuar a fazer o jornal de casa e se sentem entusiasmados para produzir”, conta Marilene.

Apoio

Além do reconhecimento do trabalho inovador feito por professores em sala de aula, a Microsoft anunciou que, em 2015, duas escolas brasileiras farão parte de sua rede de 120 instituições que se destacam pelo uso de tecnologia para melhorar o ensino. O Colégio Estadual José Leite Lopes (Nave Rio de Janeiro) e o Colégio Sesi Internacional, de Curitiba, vão atuar próximos à empresa no desenvolvimento de didáticas capazes de transformar o ambiente de aprendizado.

O Nave Rio de Janeiro teve parceria renovada e permanece no programa por mais um ano. A escola alia ao currículo tradicional disciplinas de TI e comunicação que capacitam alunos para profissões no mercado digital. A partir do 2º ano do ensino médio, eles se especializam em narrativas para mídias digitais, multimídia ou programação de jogos. Segundo Fábio Campos, gestor de educação do projeto Oi Futuro, com a parceria, alunos e educadores conseguiram acesso às ferramentas para desenvolvedores DreamSpark, “o que estimulou bastante a produção de jogos para a plataforma mobile. Anteriormente nosso foco eram aplicações para desktop”.

Neste ano, de acordo com Campos, o objetivo do Nave é aumentar o número de professores que participam do programa de formação e também implementar Microsoft IT Academy, plataforma de certificação de alunos em programas como Word e Excel. “Ou seja, o aluno vai não apenas aprender a usar a ferramenta, mas também poderá levar um certificado para sua vida profissional”, afirma.

Novo integrante da rede, o Colégio Sesi Internacional é uma escola de ensino médio com 150 alunos (25 por turma), bilíngue (português e inglês) e de tempo integral com disciplinas obrigatórias e optativas. A tecnologia está presente no dia a dia dos alunos tanto na aula de robótica quanto no desenvolvimento de projetos de pesquisa. “Nós temos 50% das aulas em português e 50% em inglês, com um olhar não apenas para a língua como também o cultural. Aliado a isso, trabalhamos com os alunos competências de liderança, de colaboração em equipe e gestão de tempo e trabalhos”, diz João Eduardo Malheiros Pereira, coordenador do colégio.

A exemplo que já acontece no Rio de Janeiro, a partir de agora a escola de Curitiba a se torna uma unidade de referência (showcase school). “Faremos parte de um grupo seleto de escolas que fazem reuniões on-line para compartilhar metodologias. E teremos também atividades presenciais em que alunos se tornam protagonistas e poderão divulgar suas experiências como jovens embaixadores”, conta o representante do Sesi.

Fonte: Porvir


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