Se você é um educador que está em sala de aula ou na gestão de uma escola, deve estar sentindo na pele que a docência está em plena revolução: os alunos têm demandas que não são as mesmas e dominam várias habilidades que não são tão naturais para você; existe uma série de recursos tecnológicos à disposição, mas eles parecem todos muito complexos. A boa notícia é que você não está sozinho. A formação de docentes é um desafio no Brasil, claro, mas também em locais em que a qualidade é comprovadamente consistente, como no Canadá e na Finlândia. Prova disso é que o trabalho que vem sendo feito na província de Colúmbia Britânica, que reformulou todo o seu sistema de ensino começando pelos professores.
O ponto de partida da reformulação da educação pública da província, que atende a mais de 580 mil alunos, era privilegiado, admite Rod Allen, superintendente do Ministério de Educação de Colúmbia Britânica. “Temos uma história longa de professores de excelência e uma cultura de ensino muito forte”, diz o especialista, que, apesar do reiterado sucesso de suas escolas públicas em provas como o Pisa, tinha uma clara visão de que os processos de ensino e aprendizagem precisavam ser reformulados. Eles queriam usar mais tecnologia, ter uma abordagem mais personalizada e não perder o padrão de qualidade que já haviam conquistado.
Para isso, foram ouvir primeiro o que os professores tinham a dizer, entre desejos, angústias e pontos a desenvolver. Ouviram também as universidades que formam os professores da província. E, de ouvir aqui e ali, entenderam que era preciso estreitar o canal entre docentes e universidade para incluir a todos na conversa sobre a educação que queriam entregar para seus alunos.
Dias específicos para desenvolvimento profissional passaram a ser organizados para que renovassem suas práticas. Se os alunos tinham direito a uma educação personalizada, os professores também teriam: “Acreditamos que mentoria é um fator chave para apoiar o desenvolvimento profissional dos professores, tanto durante a formação quanto ao longo das carreiras”, afirma o documento que detalha o plano de reformulação da educação dali.
O apoio, no caso de Colúmbia Britânica, teria que ser bem cuidadoso porque, na província, cada distrito tem autonomia para escolher o que e como ensinar. O professor, em sala de aula, é o responsável por prover suas próprias estratégias, fazer escolhas pedagógicas e de ferramentas a serem usadas. Mas será que flexibilidade demais não é um problema? É, se o educador não tiver um suporte, afirma Allen. “Muitos professores se sentem empoderados com tanta flexibilidade. Mas também temos os que têm medo porque estamos pedindo para eles algo muito diferente. É nosso papel encontrar formas de apoiar esses professores.”
Tal suporte, além de oferecido pelo desenvolvimento profissional e pelas tutorias, também é feito pelos próprios pares – a exemplo do aprendizado entre pares que os educadores são encorajados a estimular entre seus alunos. Allen destaca a importância de os professores de Colúmbia Britânica se autoorganizarem em redes, a maioria delas no cara a cara, para discutirem questões particulares que estão vivendo. Esses momentos são complementados por redes digitais. “Cada distrito decide se e qual ferramenta vai usar. Mas nada substitui a interação pessoal”, diz o especialista.
Fonte:
Porvir
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