Em vez de estagiário, um braço direito. No lugar de um diploma, um portfólio formado por negócios fechados, produtos desenvolvidos e experiência de trabalho comprovada. Saem de cena as carteiras escolares para a entrada de mesas de trabalho bagunçadas. Se a ideia dos jovens Kane Sarhan e Shaila Ittycheria era virar o sistema tradicional de ensino superior de cabeça para baixo, a missão foi cumprida. Eles, na verdade, querem bem mais do que isso. Ao criarem o Enstitute, eles possibilitam a outros jovens americanos brilhantes – mas que não se veem numa faculdade ou não podem pagar por uma – uma alternativa no estilo “é fazendo que se aprende”.
A ideia central do Enstitute é reinventar a aprendizagem ao possibilitar que o ensino seja realizado integralmente dentro de empresas parceiras – desde startups até grandes corporações –, com pagamento de salários e foco em resultados. Somente em 2013, apenas um ano depois da implementação do piloto do programa, que não tem fins lucrativos e é bancado por doações, mais de 700 estudantes e cerca de 1.000 empresas se inscreveram para os processos de seleção.
Durante um ou dois anos, os alunos passam de segunda a sexta-feira no trabalho e atuam em funções-chave para o desenvolvimento de habilidades, especialmente nas áreas de tecnologia, negócios, design, marketing e mídias digitais. O trabalho é acompanhado pelos próprios fundadores das empresas ou por CEOs, que são chamados de mentores. Segundo o cofundador Kane Sarha, em entrevista ao site Porvir, pelo fato de o Enstitute trabalhar com uma grande variedade de empreendedores, cada relação entre aluno e mentor é diferente. “Quando se trata de companhias menores, mentores costumam trabalhar lado a lado com os alunos em suas empresas.
No caso das companhias maiores, CEOs delegam projetos aos quais os alunos vão se dedicar e as equipes que vão participar e acompanhar, mas, ao fim de cada semana, todas as atividades são reportadas a esse executivo de alto escalão”, explica o Sarha, de 26 anos, eleito recentemente pela revista Forbes como um dos 30 mais brilhantes jovens com menos de 30 anos que se destacam em 15 diferentes áreas de atuação.
A experiência desses jovens é complementada por um currículo teórico oferecido on-line e em eventos presenciais. Sahran explica que são seis horas por semana engajadas em cursos reunidos em uma plataforma desenvolvida pelo Enstitute, em que cada aluno cria seu plano individual de aprendizagem e estuda o que realmente lhe interessa. Os temas variam de finanças e programação de computadores até sociologia e história.
Para tentar uma vaga no programa, os interessados precisam ter de 18 a 24 anos, diploma de conclusão do ensino médio (ou equivalente) e cidadania norte-americana. Os melhores candidatos – frequentemente jovens ambiciosos e empreendedores – são selecionados em um processo criterioso e convidados a escolher as cidades e empresas em que têm interesse em trabalhar. A equipe do Enstitute faz o meio de campo com as companhias, que escolhem os candidatos que querem entrevistar.
Os empresários são encorajados a só selecionar interessados pelos quais realmente se apaixonarem, sem obrigação de aceitar qualquer um dos pré-selecionados. Quando a combinação perfeita é alcançada, as empresas se comprometem a dar um feedback mensal aos coordenadores do programa sobre a performance e o desenvolvimento dos alunos. Em contrapartida, elas usufruem de uma mão de obra talentosa e barata, por um período bem maior que a duração normal de um estágio, com possibilidade muito mais alta de contratação ao fim do programa.
Para Sarhan, o “aprender fazendo” é a melhor forma de jovens profissionais desenvolverem as habilidades e competências necessárias para serem bem-sucedidos nas carreiras de século 21. O objetivo a longo prazo, portanto, é fazer com que o programa seja aceito como uma alternativa à universidade. “Nos Estados Unidos, nós temos um sistema no estilo "um tamanho cabe em todo mundo". Todos recebem uma única chance na trajetória para o sucesso quando saem do ensino médio: ir para a faculdade. O problema é que isso não está funcionando. Um percentual preocupante de graduados nas universidades é formado por desempregados ou subempregados. Além disso, ao saírem da faculdade, eles têm em média uma dívida de US$ 29 mil. Soma-se a isso o fato de cerca de 70% dos empregadores acreditarem que esses recém-formados não estão preparados para o mercado de trabalho. Nós criamos o Enstitute para provar que podemos resolver esses problemas por meio de um modelo alternativo de educação superior.”
A tarefa é árdua não só pelo ceticismo de um parte dos constratantes mais tradicionais, para os quais um diploma universitário é pré-requisito indispensável para posições importantes de trabalho, mas também pela visão de que o ambiente universitário estimula não só o conhecimento, mas como o pensamento crítico – algo que o Enstitute acredita também fazer, mas aliado à resolução de problemas e com resultados mais palpáveis, em forma de produtos e projetos.
Conta a favor, porém, o fato de cada vez mais empresas se mostrarem interessadas em testar alternativas de ensino mais voltado ao desenvolvimento de habilidades técnicas. Sarhan afirma que cerca de 90% dos formados no programa do Enstitute recebem uma oferta de emprego. Há também aqueles que optam por abrir a sua própria empresa. “No mundo das startups, o que importa para os que contratam é a experiência do candidato e o que ele pode realizar, não onde ele fez a faculdade ou qual o seu diploma. Quando nossos alunos provam as suas competências por meio de seus portfólios de projetos e nas suas experiências de trabalho ao longo de dois anos, a empregabilidade deles aumenta nas indústrias mais inovadoras.”
Fonte:
Porvir
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