"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...”
Na tentativa de materializar o universo descrito por Antoine de Saint-Exupéry e tantos outros escritores, a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) realiza, desde 1998, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Para a olimpíada de 2014, as inscrições das escolas devem ser feitas através do site da OBA e estão abertas até o dia 31 de março. Podem participar alunos de todos os anos do ensino fundamental e do ensino médio das escolas cadastradas.
Victor Tassinari, de Iepê, cidade do interior de São Paulo com quase 7,5 mil habitantes, diz que sua visão de mundo mudou após a participação na OBA. “No começo, foi meio estranho, não conhecia muito do assunto, mas ela (a olimpíada) nos tira muitos mitos, abre a mente no modo de aprender, desperta a curiosidade, mostra o que realmente acontece”, disse.
O estudante foi medalhista da OBA quando estudava na Escola Estadual Antônio de Almeida Prado, participou de apresentações do show de física e astronomia, de peças de teatro, viajou para eventos, produziu conteúdos audiovisuais e teve oportunidades de se envolver em um assunto até então místico. Hoje, trabalha em uma rádio e está no segundo ano da faculdade de Sistemas para Internet, em Presidente Prudente (SP).
Para a professora Maria Salete Battilani, de ciências, química e física na escola de Iepê, é um orgulho. “Às vezes são alunos extremamente tímidos, com dificuldade de relacionamento e acabam participando das apresentações que fazemos e aprendendo a enfrentar o público. Então, mesmo que o aluno não siga na área da astronomia, você percebe que faz realmente uma mudança muito grande na vida dele”.
Para Rafael Engel Ducatti, também ex-aluno da professora Salete e medalhista da OBA, é mesmo um amadurecimento. “São experiências que acabamos levando para a vida. Somos de uma escola pública, de cidade pequena e fomos para Barra do Piraí (na Jornada de Foguetes), participando com escolas particulares, de capitais, é um mundo diferente. Tudo o que eu pude fazer enquanto estava no Ensino Médio eu fiz”. O estudante conta que a astronomia agora é um hobby e que faz cursinho para ingressar na faculdade de medicina.
No Rio de Janeiro, o estudante Enrick Magalhães também aproveitou bem as oportunidades no ensino médio. O ex-aluno do Colégio Pedro II, medalhista da OBA, conta que sempre participou de atividades extracurriculares, como o coral, o clube de artes e o de astronomia. Acabou preferindo as artes e hoje é aluno de desenho industrial, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“A própria escola fala para você aproveitar o máximo possível, que perder qualquer coisa é perder uma oportunidade fantástica. Eu gostaria muito de fazer física, mas sempre fui uma lástima em matemática. Eu era um intruso no meio deles”, brinca Enrick. “Para quem gosta de física, a astronomia é uma parte tão linda da história da ciência. Para quem não gosta, faz ver que a física não é tão ruim quanto parece”.
Para o professor João Batista Garcia Canalle, do Instituto de Física da Universidade Estadual do Rio, astrônomo e coordenador nacional da OBA, os alunos participantes entram em um ritmo mais acelerado de estudo e isso acaba se refletindo em outras atividades. “É como se ele se preparasse para uma maratona de 40 quilômetros e as provas da escola fossem uma corrida. Nenhuma ciência independe da outra e ele está se preparando para algo muito mais desafiador. Então, automaticamente, o aluno vai lá para cima em termos de notas”.
Fonte:
Agência Brasil
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