Em Taiwan, se os alunos não vão ao museu, o museu vai até eles. Um programa criado em 1999 leva exposições itinerantes para escolas de ensino fundamental de toda a ilha, que já foram vistas por 2,4 millhões de pessoas, entre estudantes, professores e outros membros das comunidades no entorno de escolas. O Immersed in Creativity é uma iniciativa da Fundação Quanta, do idealizador e dono da maior fabricante de laptops do mundo, Barry Lam. O engenheiro, que construiu sua fortuna rodeado por técnicos e especialistas em ciências exatas, é dono também de uma coleção de arte de mais de 1.000 obras e acredita que cultura e arte são determinantes para o desenvolvimento da criatividade.
“Para Lam, somente seres criativos são capazes de criar produtos tecnológicos que sejam inovadores e úteis para as pessoas”, explicou Lori Hsu, diretora executiva da fundação, em entrevista ao Porvir. A ideia de montar exposições temporárias nos colégios vem dessa filosofia. Embora a educação seja levada muito a sério em Taiwan, o foco do sistema de ensino ainda é muito baseado em memorização, em preparações para avaliações padronizadas, com ênfase em matemática e ciências. Incentivar as crianças a se comunicar, a desenvolver pensamento crítico e a resolver problemas são missões do Immersed in Creativity, projeto foi esteve entre os finalistas do Wise Awards deste ano, prêmio internacional que destaca ideias inovadoras em educação e que ocorre em Doha, no Qatar.
As exposições, em sua maioria formadas por 30 a 50 réplicas de obras famosas expostas em Taiwan e em outros países, além de outros materiais interativos, ficam em cada escola de duas a quatro semanas, mas os alunos se envolvem com elas de várias maneiras durante todo o semestre. Antes mesmo de serem montadas, assim que a fundação Quanta define o tema e o conteúdo de cada exposição (são criadas 12 por ano, que são levadas a 15 escolas), professores representantes de instituições de toda a ilha são chamados para seminários, em que são apresentados aos objetivos e conceitos das novas exposições. A partir dessas informações, as escolas devem então fazer propostas de como trabalhar os temas das mostras com seus alunos, envolvendo o maior número de professores e disciplinas.
“Elas devem elaborar um currículo para integrar a exposição à rotina escolar. Quanto mais professores se envolverem, melhor. A arte deve entrar nas aulas de línguas, matemática, ciências”, diz Lori. A escola que apresentar a melhor proposta na avaliação da fundação é a primeira a receber a exposição e fica responsável por repassar seu modelo de currículo a outras instituições. Segundo Lori, há interesse dos colégios em receber as exposições por vários motivos, como o financiamento repassado para criar uma decoração e um ambiente de aprendizagem diferentes e o treinamento oferecido a professores para desenvolver o programa.
“Nós fornecemos recursos para que eles abram os horizontes, levamos experts para as escolas para os professores aprenderem novas técnicas inovadoras de ensinar”, completa a diretora executiva da Quanta. Os alunos, além de terem a oportunidade de ter contato com materiais que normalmente não estão acostumados sem sair da escola, também têm a chance de se tornarem guias das exposições. Segundo Lori, o programa desenvolve criatividade, inovação e também a liderança em um grupo de alunos, que recebem treinamento especial para conduzirem os visitantes de toda a comunidade pelas mostras. Desde a o início do programa, 16 mil alunos já desempenharam esse papel em mais de 1.000 exposições realizadas pelo país.
Para o futuro, a fundação planeja levar as mostras a outros países, assim como ampliar os temas e conteúdos das atividades e incluir no programa técnicas inovadoras para serem usadas em sala de aula, como games, por exemplo. “Estados adaptando nossas exposições de acordo com o que os alunos e professores querem ver nelas. A inclusão de novos aplicativos é uma demanda de todos”, afirma Lori.
Fonte: Porvir
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