Quem já começou um negócio sabe que é muito fácil errar, especialmente quando se é marinheiro de primeira viagem. O empreendedor pode dar aquela escorregada porque não sabe que é preciso emitir nota fiscal desde o primeiro serviço ou produto ofertado, porque o acordo societário não ficou bem estabelecido entre ele e seu grande amigo (e sócio dali para frente), porque usa cheque da sua conta bancária pessoal para pagar alguma despesa da empresa. E por aí vai. A lista de erros mais frequentes de jovens empreendedores envolve noções de diversas áreas, mas as jurídicas costumam tirar o sono. Por isso, um laboratório recém-criado da Direito GV vai mesclar futuros advogados, administradores e economistas e colocá-los em contato direto com aceleradoras para ensiná-los na prática como funciona o universo das startups.
“Quando está começando, o empreendedor só pensa em desenvolver o melhor produto possível”, diz Alexandre da Silva, pesquisador da Direito GV e um dos responsáveis pelo laboratório. Com isso, ele acaba se esquecendo de aspectos importantes na criação de sua empresa – muitas vezes nem sabe que é importante. Em maio, Silva organizou o encontro “Desafios jurídicos para o desenvolvimento de novos negócios no Brasil” e constatou que os empreendedores têm dificuldade com questões relacionadas às leis e que havia uma demanda grande de advogados que entendam suas necessidades. “Muito dificilmente o advogado é visto como um parceiro do novo negócio. Normalmente ele é um mero prestador de serviço. Um dos objetivos do laboratório é mudar essa cultura”, afirma ele.
Já para estimular trocas e a inclusão de novos olhares à discussão sobre o desenvolvimento dos negócios, o laboratório começa contando com universitários de três faculdades distintas. Serão 10 vagas para alunos de direito e mais cinco a serem divididas entre estudantes de administração e economia. Com isso, os futuros advogados recebem uma formação específica para atuar no mercado de empresas nascentes e os administradores e economistas, normalmente os que mais tendem a empreender, não terão tanta dificuldade quando o assunto for direito.
As atividades do laboratório, que começam em agosto, acontecem a partir de visitas às instituições parceiras. “Queremos tirar nossos alunos da universidade para que eles conheçam o ecossistema das startups. Eles vão acompanhar o processo do começo da empresa até sua venda”, diz Silva. Participam as aceleradoras Start-up Farm, Aceleratech e Wayra, além da empresa Buscapé. Em cada uma das instituições parceiras os alunos passarão por um módulo do curso e, ao fim de cada etapa, deverão produzir um trabalho acadêmico solucionando problemas reais por que passaram empreendedores.
Na Start-up Farm, onde começa o programa, os alunos aprenderão os detalhes de como formar uma empresa e, como produto, deverão desenvolver um modelo societário. Em seguida, é a vez de visitar a Aceleratech, onde os alunos aprenderão sobre a organização e o saneamento de uma empresa e deverão produzir modelos de termo de uso e políticas de privacidade. Na terceira fase, estudarão o crescimento da empresa na Wayra e elaborar um modelo de acordo de acionista. Por último, participarão da simulação em que deverão convencer a empresa compradora, o Buscapé, que os problemas jurídicos da empresa a ser comprada não são relevantes.
“Estamos criando um espaço de experimentação. O direito ainda é muito ensinado a partir de manuais. Estamos propondo uma formação prática, mais condizente com o que os alunos enfrentarão na realidade”, afirma Silva. No futuro, diz ele, uma das intenções do laboratório é criar uma agenda positiva de medidas que possam ajudar as empresas a transpor as barreiras jurídicas.
Fonte: Porvir
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