Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Alisson defendeu no dia 27 de junho sua tese, intitulada “Ação de desferoxamina e deferiprona em eritrócitos de portadores de ß-talassemias submetidos à sobrecargaoxidativa de terc-butilhidroperóxido, in vitro”. O trabalho consistiu em um estudo sobre o processo oxidativo nos glóbulos vermelhos de pacientes portadores de um defeito genético.

A esposa de Alisson, Aline dos Santos, conta como era a rotina dele na época das aulas. “Ele assistia tudo fazendo leitura labial dos professores”. Alisson também recebia ajuda dos amigos, que entregavam para ele as anotações sobre a matéria. Ele só utilizou uma intérprete na defesa de seu trabalho, quando os professores presentes na banca não o compreendiam. “A apresentação da dissertação foi oral, e teve auxílio de uma intérprete apenas em alguns momentos da argüição”, diz Aline.

O Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais (Napne) da UFPR disponibilizou uma intérprete para o aluno. “Sempre que a coordenação do programa de pós solicitava o profissional, a intérprete ia até lá”, diz a coordenadora do Núcleo, Laura Seretta. “A nossa colaboração com o sucesso do Alisson foi apenas nos colocando à disposição dele”, afirma. “É uma satisfação muito grande ter um aluno surdo com o mestrado concluído – isso prova também o quanto nós, como universidade federal, estamos nos empenhando para garantir a inclusão”.

A esposa de Alisson também se mostra orgulhosa. “O título que ele recebeu é motivo de orgulho para todos nós que acompanhamos esse processo, e prova que todos podem ter sucesso na vida.