A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou semana passada mais dados do Pisa 2015 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes¹), com foco no "bem-estar" dos estudantes. O levantamento contou com a participação de 540 mil adolescentes, de 15 anos, de 72 países que que participaram da avaliação e responderam a um questionário, para saber se eles são felizes na escola ou se se dão bem com colegas, professores e com seus pais. O objetivo foi investigar se é possível estabelecer conexões entre a performance acadêmica e a qualidade dos relacionamentos que os jovens têm com pessoas dentro e fora do ambiente do ambiente escolar.
No Brasil, 17,5% disseram sofrer alguma das formas de bullying "algumas vezes por mês"; 7,8% disseram ser excluídos pelos colegas; 9,3%, ser alvo de piadas; 4,1%, serem ameaçados; 3,2%, empurrados e agredidos fisicamente. Um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas. Segundo o levantamento, os adolescentes relataram que sofrem agressões físicas ou psicológicas, que são alvos de piadas e boatos maldosos, que são excluídos propositalmente pelos colegas e que não são chamados para festas ou reuniões.
O tema também será abordado na Bett Educar 2017, principal evento que acontece no Brasil, de 10 a 13 de maio, sobre educação, tecnologia e inovação. Em seu Congresso pedagógico, que reunirá mais de 130 palestrantes nacionais e internacionais, e deve reunir no total mais de 17 mil participantes, a discussão sobre bullying e ciberbullying será apresentada a educadores brasileiros pela advogada Alessandra Borelli, autora da Primeira Coleção de Paradidáticos Educação para Cidadania Digita do Brasil e Coordenadora do Núcleo de Combate aos Crimes contra a Inocência da Comissão Especial de Direito Digital e Compliance OAB/SP.
Em sua palestra, a especialista vai falar sobre “Lei do Bullying (Lei 13185/15). Um ônus ou um bônus?”, onde explicará o que é a Lei do Bullying, quais suas exigências e desdobramentos, como são as decisões judiciais e dicas de como reconhecer o agressor, a vítima e a testemunha, bem como agir adequada e tempestivamente diante da situação, aplicando a justiça restaurativa e evitando a judicialização do conflito.
“E qual é o papel das famílias e das escolas na prevenção, mediação e resolução de conflitos desta natureza, sejam presenciais ou digitais?”, questiona Alessandra Borelli, que também coordenou a criação do Manual de Boas Práticas para Uso Seguro das Redes Sociais da OAB/SP e produziu uma cartilha didática e objetiva sobre o tema para professores, alunos, pais e demais atores educacionais envolvidos direta ou indiretamente com a comunidade escolar.
Cartilha Bullying e Ciberbullying: Clique aqui para baixar
Os adolescentes que se sentem parte de uma comunidade escolar e desfrutam de boas relações com seus pais e professores são mais propensos a ter um melhor desempenho acadêmico e relatam ser mais felizes com suas vidas, de acordo com a primeira avaliação PISA da OCDE de bem-estar dos alunos. Neste contexto, os professores desempenham um grande papel na criação das condições para o bem-estar de seus alunos na escola. E, mais uma vez, professores, escolas e pais podem fazer diferença para o bem-estar das crianças e adolescentes. “O bullying é menor nas escolas nas quais o tema é inserido naturalmente na rotina e proposta pedagógica e naquelas, também, onde se estabelece uma relação de parceria com as famílias que, aliás, precisam adotar o mesmo discurso que a escola de seus filhos”, diz a especialista Alessandra Borelli.
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